A assistente social, yogaterapeuta e representante da campanha Maio Furta-Cor na cidade, Annelise Moya Texeira, comentou sobre a saúde mental materna e os traumas que as mães enfrentam durante e pós-parto, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quarta-feira (07).
Maternidade
Para a mulher poder exercer uma gestação e, consequentemente, a maternidade, ela necessita de algumas condições, que possibilitam que esse momento aconteça de forma adequada, segundo a assistente social. “Para uma mulher ter uma gestação e ter condições de exercer a sua maternidade, ela precisa ter condições objetivas e subjetivas”, afirma.
“As condições objetivas são os recursos materiais e de vida que favorecem essa mulher e ter uma gestação adequada, e pós-gestação que ela tenha condições de exercer a maternidade, ou seja, recursos mínimos saúde e de vida, acesso à saúde, recursos financeiros e uma rede de apoio que dê suporte a ela”, explica Annelise. “As condições subjetivas são recursos emocionais [estar estável emocionalmente e mentalmente], para que a mulher possa exercer a maternidade”, complementa.
Estes fatores foram pensados para avaliar como a mulher irá lidar com a maternidade e o período de pós-parto, que também é muito importante. “E pensando na questão do pós-parto, pensamos em como a mulher irá lidar com esse período [tendo esta rede de apoio]. Se ela não tiver essas questões objetivas, ela não conseguirá exercer [a maternidade] de forma saudável. E pensando nesses processos, a campanha surge como um levante para trazer visibilidade ao adoecimento da saúde mental materna”, destaca Annelise.
Campanha Furta-Cor
A Campanha Maio Futra-Cor aconteceu, em maio, e o movimento, que aconteceu simultaneamente em todo o Brasil e em outros 17 países, teve como objetivo conscientizar e sensibilizar toda a população sobre o incentivo ao cuidado e promoção da saúde mental materna.
“A campanha já acontece há três anos [em Ponta Grossa foi o primeiro ano]. Os índices relacionados à saúde mental materna estão assustando. A campanha trouxe alguns estudos que mostram, que 830 mulheres morrem diariamente, em decorrência de complicações do parto, 34 mulheres por hora [segundo a Organização Pan-Americana da Saúde]”, comenta a representante. “Mulheres com menores condições de acesso [objetivas e subjetivas] são afetadas três vezes mais”, complementa.
Outro estudo que demonstra a importância do tema é sobre o número de mulheres que perdem a vida após o parto. “A cada 100 mil nascimentos, 107 puérperas morrem entre os primeiros 42 dias após o parto”, destaca a assistente social.
Analisados estes estudos, a campanha surgiu como uma forma de promover este cuidado com a saúde mental materna. “Nosso objetivo é dar visibilidade a essa questão, para que a gente consiga operacionalizar e mobilizar políticas públicas. Nosso desejo é que um dia a campanha não seja mais necessária”, comenta.
Depressão pós-parto e importância da saúde mental
A depressão pós-parto é uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo após o parto. “A saúde mental é multifatorial, então possivelmente a mulher já demonstrava alguns sinais anteriormente, que se agravaram durante a gestação, e não foi investigado e tratado”, destaca Annelise.
A saúde mental é muito importante durante o período de gestação e pós-parto, porque é ela que dará condição para aquela mãe exercer a maternidade de forma que não a prejudique e nem prejudique o bebê. “Durante a gestação, a mulher é abrigo daquele ‘serzinho’ que está vindo, e no pós-parto, o corpo da mulher é fonte de alimento. Então tudo que a mulher vivenciar durante estes dois períodos, o bebê também vivenciará”, complementa.
Serviço
Caso a mulher sofra algum sintoma relacionado à depressão, ansiedade e afins, durante este período, ela deve buscar os serviços:
Para casos ‘mais tranquilos’, deve procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS);
Nos casos ‘extremos’, deve procurar o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II), localizado na Avenida Antônio Rodrigues Teixeira Júnior, 229 – Jardim Carvalho. Telefone: 3220-1015 Ramal: 4049 e 4536.
Casa Florescer
A yogaterapeuta atua na Casa Florescer, que se localiza na Rua Anita Garibaldi, 409 – Órfãs. O telefone para contato é: (42) 3236-1520. Ela também pode ser contatada pelo instagram.
Confira a entrevista completa: