O desenvolvimento infantil começa desde o início da gestação e, existem alguns marcos principais neste processo, que são um ponto chave para se detectar se está havendo alguma alteração na criança.
Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta sexta-feira (19), a fisioterapeuta Karileise Fechi de Rezende, especialista em fisioterapia pediátrica e neonatal, comentou que “logo após o bebê nascer, existem alguns ‘reflexos primitivos’, que são os que manterão o bebê vivo (instinto). O principal marco ocorre por volta dos três meses, que é quando o bebê consegue elevar a cabeça”, explica a fisioterapeuta.
Uma fase muito importante é quando a criança desperta a curiosidade de conhecer aquilo que está ao seu redor. “Nessa fase ela começará a querer pegar as coisas e levar à boca. Esse também é um mecanismo de instinto, mas também é a fase que o bebê começa a conhecer o que está em volta dele”, afirma Karileise.
O estímulo à criança se faz muito importante durante essas fases. “Quanto mais rico for o ambiente de estímulos para a criança, como lugares coloridos, é muito importante durante essa fase. Sempre com a supervisão de um adulto”, destaca Rezende.
Aos seis meses é esperado que a criança já esteja rolando e que comece a sentar com apoio [quando a criança senta com as mãos tocando o chão entre as pernas].
Prematuridade
Qualquer criança nascida com tempo inferior a 37 semanas de gestação, é considerada prematura. “Hoje, com a tecnologia que temos, as crianças que nascem de 26 ou 27 semanas, que antigamente não era nem viável, estão conseguindo se desenvolver. Porém a gente não pode esperar que essa criança, que nasceu 12, 13 semanas antes, do que seria o ideal, se desenvolva como uma criança que nasceu com o tempo considerado normal”, aponta a fisioterapeuta.
É importante explicar que o processo de desenvolvimento dessas crianças é diferente, para que os profissionais e pais dessas crianças tenham esse conhecimento. “Essas crianças, provavelmente passarão alguns meses em uma UTI Neonatal, porque os órgãos ainda não estão completamente formados. Então é necessário que exista um acompanhamento para que essas crianças se desenvolvam”, explica.
Método Canguru
O Método Canguru é um tipo de assistência neonatal, baseada no contato pele a pele, precoce e progressivo, entre pai, mãe e bebê até se atingir a posição canguru. O método foi pensado inicialmente na Colômbia, em 1979, para diminuir a mortalidade neonatal no país. “Por mais que o bebê esteja utilizando a ventilação mecânica e esteja sob supervisão médica, aquele contato com a pele da mãe, interfere na criação de vínculo e isso ajuda no controle emocional e hormonal”, diz a fisioterapeuta.
Este método reduz o estresse do bebê e é muito importante para o desenvolvimento dele.
Violência contra a criança
A fisioterapeuta também fez um alerta quanto às consequências que a violência contra a criança podem causar. “A violência pode acontecer desde a gestação. Infelizmente existem casos que os parceiros agridem as esposas durante o período da gestação, e isso gera um impacto negativo para a criança”, explica Karileise. “Os tipos de violência psicológica também causam prejuízo para a formação e desenvolvimento daquela criança”, complementa.
A criança pode dar alguns sinais de alerta quando são vítimas de violência. “A criança muda. Muitas vezes ela poderia ser uma criança tranquila e acabar se tornando uma criança agressiva, porque ela não sabe demonstrar isso com palavras e acaba tendo essas atitudes”, aponta a fisioterapeuta ressaltando que cada criança reage de uma forma, quando a questão emocional é atingida. “Algumas crianças começam a comer de forma compulsiva ou a apresentar febre sem motivo”, completa.
Quando se busca um auxílio profissional precoce, nestes casos de violência, as sequelas deixadas podem ser minimizadas. “Desde que o bebê nasce, é importante o acompanhamento e orientação que damos às mães. A chance daquela criança ficar com alguma sequela diminui muito”, destaca Karileise.
Confira a entrevista completa: