Nesta quarta-feira, 25 de junho, Dia Mundial do Vitiligo, a dermatologista Ana Lucia Prestes alertou para a importância da conscientização sobre a doença, que atinge cerca de 0,5% da população mundial e ainda é alvo de preconceito. A médica participou do programa Manhã Total, da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) onde trouxe informações detalhadas sobre o vitiligo e reforçou que a condição não é contagiosa, embora muitos ainda tenham essa falsa impressão.
“O vitiligo é uma doença crônica e não contagiosa”, frisou Ana Lucia. Ela lamentou o estigma enfrentado por quem convive com as manchas brancas características da condição. “Os pacientes sofrem muito preconceito. Tem muitas pessoas que não querem chegar perto porque têm medo de pegar vitiligo”, relatou. Segundo a médica, esse afastamento pode gerar impactos psicológicos, agravando o sofrimento dos pacientes. “As pessoas sofrem psicologicamente com medo da impressão alheia e vergonha”, lamenta.
A doença pode acometer qualquer pessoa, independentemente da etnia, mas em peles mais escuras tende a ficar mais evidente. “O vitiligo é branco e destaca mais na pele morena ou negra”. Em geral, os primeiros sinais aparecem ainda na juventude. “A maioria dos casos se manifesta antes dos 30 anos de idade”, afirma.
Além disso, fatores genéticos e emocionais têm influência. “De 20 a 30% dos pacientes têm histórico familiar. O estresse também pode desencadear ou piorar a doença”, alertou.
A evolução do vitiligo é imprevisível. Em alguns casos, as manchas permanecem estáveis em poucas áreas, enquanto em outros a despigmentação se espalha. “Há casos em que o paciente perde completamente o pigmento”, a médica citou o caso do cantor Michael Jackson que sofria com a condição. Em situações de vitiligo universal, a despigmentação total da pele é uma possibilidade de tratamento, com o objetivo de uniformizar o tom da pele.
Sobre a exposição ao sol, a especialista esclareceu que a área afetada não conta com melanócitos, as células responsáveis pela proteção solar natural, o que a torna mais sensível. “Essas áreas ficam vulneráveis, podem queimar e até favorecer a disseminação da doença”, explicou. No entanto, ela ressaltou que existem tratamentos que utilizam a radiação ultravioleta de forma controlada, com efeito imunomodulador. “Tem que ser bem orientado, em horários específicos”.
Ana Lucia explicou que o tratamento do vitiligo varia conforme o estágio e o quadro de cada paciente. As opções incluem:
Medicamentos tópicos: Pomadas com corticosteroides ou inibidores da calcineurina, que ajudam a reduzir a inflamação e estimular a produção de melanina.
Medicamentos orais: Usados em casos mais extensos, podem incluir corticosteroides ou imunossupressores para modular o sistema imunológico.
Fototerapia: A exposição controlada à luz ultravioleta (UVB ou UVA), feita em clínicas dermatológicas, ajuda na repigmentação da pele.
A dermatologista também compartilhou uma série de orientações para manter a saúde da pele durante o inverno e destacou erros comuns.
Entre os cuidados essenciais, ela destacou evitar banhos muito quentes e demorados. “Resseca a pele. Precisamos controlar a temperatura da água e ficar menos tempo no banho”, alertou. Após o banho, o uso de hidratantes deve ser imediato. “É a principal coisa que podemos fazer neste momento”, cita.
O uso do protetor solar também foi reforçado. Ela reconheceu que há baixa adesão, especialmente em dias nublados ou frios, mas ressaltou que a radiação solar continua presente. “Temos que usar protetor no sol, na chuva e nublado. Às vezes o dia está nublado e a radiação está alta. Entrou luminosidade, tem radiação, nem que seja pela janela”, afirma.
Crianças devem começar a usar protetor solar desde cedo. “A partir dos 6 meses já pode usar o infantil. A partir dos 5 anos, já pode usar o adulto”, recomendou.
Sobre o uso de repelentes, ela explicou que são seguros e recomendados. “Temos uma proporção de 20 a 25% das picadas de mosquitos em cima da roupa”. A ordem correta, segundo a médica, é: primeiro o hidratante, depois o protetor solar e por último o repelente. “O repelente faz como se fosse uma nuvem de proteção em cima de tudo isso”, conta.
Ela também alertou sobre os perigos das frutas cítricas em contato com a pele sob o sol. “Especialmente no verão, as pessoas tomam suco ou caipirinha e depois se expõem ao sol. O limão, por exemplo, pode causar uma mancha muito difícil de tratar. É uma das piores para se tratar na dermatologia”, alerta.
A médica comentou sobre o alto custo dos produtos dermatológicos e como fazer escolhas mais conscientes. “Infelizmente, os produtos dermatológicos são caros. Mas há marcas novas que ajudam”. Ela alertou sobre hidratantes vendidos por catálogo que perfumam, mas hidratam pouco e podem causar alergias.
Para peles normais, os produtos de linha dermatológica básica já são eficazes. “Não são todos os pacientes que precisam usar hidratantes caros. Com os mais simples, já se sente diferença”. Em casos específicos como dermatite atópica ou pele muito seca, produtos mais potentes podem ser necessários.
Quanto aos produtos manipulados, Ana Lucia recomendou cautela. “Depende do tipo de produto, tem que ver com o médico. Já o protetor solar, é melhor comprar pronto. O controle da Anvisa em farmácias é maior do que em produtos manipulados”, finaliza.