por Michelle de Geus

Há quase 30 anos, Laurival Pontarollo, sócio-proprietário da Feijão Pontarollo, acreditou no sonho de se tornar um grande empresário no ramo de cereais. Ele nasceu na pequena comunidade de Boa Vista, no interior de Guamiranga, e desde os 14 anos já trabalhava comercializando produtos plantados pelos pais, como melancia, laranja, alho, cebola e fumo. Com esforço e dedicação, começou o fazer empacotamento de feijão no pequeno galpão do sítio onde morava com a família. “Eu era pequeno produtor e sempre tive o sonho de fazer a minha própria marca. Eu tinha aquela vontade de sair do interior e ir para a cidade grande para começar o meu próprio negócio”, relata.

Inspirado por esse sonho, em 1996 Pontarollo juntou todas as suas economias e se mudou para Ponta Grossa. Ele alugou um pequeno depósito na avenida Visconde de Mauá, contratou um funcionário e comprou uma antiga máquina empacotadora e um caminhão. Nascia ali a Feijão Pontarollo, referência no comércio do grão em todo o Brasil. “Quando eu cheguei a Ponta Grossa, eu me inspirei muito nos empresários João Cosmoski, Lúcio Miranda e Cyro Tozetto”, cita.

Inclusive foi Cosmoski quem incentivou Pontarollo a não desistir de tudo em um momento de indecisão e saudade da família, que continuava morando em Guamiranga. “Ele me chamou e falou que eu tinha de ficar na cidade, porque aqui era no centro do comércio. Isso foi há 25 anos, mas me marcou muito e eu não me esqueço. Junto a isso, eu tinha muita vontade de vencer e o sonho de trazer os meus filhos para estudarem na cidade”, recorda.

Hoje a Feijão Pontarollo atua no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, comercializando 50 mil sacas por mês, o equivalente a 30 toneladas do grão. A sede da empresa conta com mais de 4 mil m2 de área construída, frota de 24 caminhões e 100 funcionários. Em 2019, foi incorporada uma nova unidade em Castro, com área total de 35 mil m2, para facilitar a logística de distribuição.

Filhos que inspiram

Após dois anos afastado da família e muito trabalho, Pontarollo conseguiu realizar o sonho de trazer os filhos para estudarem em Ponta Grossa, e hoje eles são a sua principal fonte de inspiração para continuar trabalhando. “Os meus filhos trabalham comigo. Isso me motiva muito e me dá ainda mais vontade de crescer e expandir os negócios”, aponta, revelando que o próximo passo da empresa é iniciar a exportação de feijão para países como México, Cuba e Venezuela. “A minha filha mais nova, de 19 anos, começou a faculdade de Administração e trabalha certinho na empresa. Não tinha necessidade, mas, como ela vê os irmãos e o pai trabalhando, ela está junto e já pensa em fazer Comércio Exterior no futuro. Isso inspira nos muito a continuar trabalhando.”

O sabor da conquista

O empresário destaca que, se existe algum aspecto de sua história que possa inspirar outras pessoas, certamente são a força de vontade e o desejo de dar um futuro melhor para os filhos. “E foi tudo sem ajuda, sem nada, apenas com os próprios recursos e trabalhando muito”, afirma, ressaltando que o começo foi difícil e que teve de batalhar para chegar onde chegou. No início da Feijão Pontarollo, os grãos eram comprados de agricultores de Cândido de Abreu, a 250 quilômetros daqui. “Eu pegava o caminhão e buscava entre 150 e 200 quilos de feijão para beneficiar. Eu mesmo empacotava e fazia a venda, a entrega e o recebimento”, relata.

Todo esse esforço valeu a pena, e ver o crescimento da empresa tem um sabor especial. “Eu sempre eu ensinei aos meus filhos que as coisas que você trabalha para conquistar têm muito mais valor. O que você conquista sem trabalho às vezes não perdura muito tempo. Vem fácil, vai fácil”, conclui. Para aqueles que estão começando o próprio negócio e se inspiram nele, Pontarollo destaca que o segredo do sucesso é trabalhar com humildade, justiça e correção.