Quinta-feira, 08 de Maio de 2025

Especialistas debatem os caminhos para destravar o trânsito de PG

Com frota crescente e ruas congestionadas, cidade enfrenta desafios e busca alternativas para melhorar a circulação de veículos e pessoas
2025-05-06 às 14:50

REVISTA D’PONTA—Ponta Grossa convive diariamente com congestionamentos e disputas por espaço nas ruas centrais. Com mais de 243 mil veículos registrados, a cidade possui a quinta maior frota do Paraná, atrás apenas de Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. O aumento de 47,5% no número de automóveis, camionetes e motocicletas entre 2014 e 2024 reflete o crescimento econômico, mas também evidencia os desafios para a mobilidade urbana local.

Descentralização de serviços

João Ney Marçal Júnior, engenheiro civil e ex-secretário de Planejamento de Ponta Grossa

O engenheiro civil João Ney Marçal Júnior destaca que a concentração de serviços no Centro, aliado ao traçado antigo e limitado das vias, sobrecarrega o trânsito. Ele defende a descentralização dos serviços, a ampliação de ligações interbairros e a implantação de um transporte coletivo eficiente, com sistemas BRT e tarifação temporal, para reduzir o fluxo de veículos e atrair mais usuários ao transporte público.

Transporte coletivo defasado

Renato van Wilpe Bach, médico, professor e escritor

O médico e professor Renato van Wilpe Bach aponta que o transporte coletivo não acompanhou o crescimento da cidade, com poucas linhas e grandes intervalos, o que incentiva o uso do carro particular. Ele sugere linhas circulares, ônibus dedicados e até alternativas inovadoras, como bondes turísticos, para diversificar e modernizar a mobilidade.

Sinalização deficiente

Anderson Martins, motorista de aplicativo

O motorista de aplicativo Anderson Martins ressalta que a sinalização inadequada, placas desgastadas e semáforos dessincronizados comprometem a segurança e fluidez do trânsito. Ele também menciona a redução de vagas de estacionamento e o impacto negativo sobre o comércio e o tráfego, defendendo melhorias urgentes na sinalização e no sistema viário.

Falta de vias alternativas

Nisiane Madalozzo, professora do departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Ponta Grossa

A professora Nisiane Madalozzo, da UEPG, explica que a topografia e a origem histórica da cidade resultaram em um modelo mononucleado, onde quase todas as rotas convergem para o Centro. Ela defende a criação de vias alternativas que permitam cruzar a cidade sem passar pelo Centro, desafogando o tráfego central e melhorando a mobilidade para todos.

As opiniões convergem na necessidade de planejamento integrado, descentralização, transporte coletivo eficiente e investimentos em infraestrutura, visando garantir rapidez, segurança e qualidade de vida para quem circula por Ponta Grossa.

Por Michele de Geus
Texto publicado originalmente na edição 306 da revista D’Ponta