O governo federal publicou recentemente um decreto regulamentando a Lei nº 15.100/2025, que proíbe o uso de celulares nas escolas. O novo regulamento, que afeta alunos, escolas e redes de ensino, gerou debates sobre os impactos dessa medida no cotidiano das instituições educacionais. No programa ‘Manhã Total’ desta quinta-feira (20), as convidadas Sonia Mongruel, Professora e Coordenadora Pedagógica do Colégio Sepam de Ponta Grossa, e Simone Brustolin, Psicopedagoga e Neuropsicopedagoga, falaram sobre os desafios e as reações dos estudantes à nova legislação.
Eduardo Vaz/ D’Ponta News
Sonia Mongruel, relatou a imediata repercussão da Lei no início do ano letivo. “Isso imediatamente repercutiu já no primeiro dia de aula. As crianças e adolescentes tinham a sensação de que não ia dar em nada, chegaram e já tiveram que guardar os celulares. Nós do colégio, tomamos esse cuidado, recolhemos os aparelhos e as crianças guardam os celulares desligados. Nós já estamos sem celular”, afirmou. Sonia observou que, embora alguns alunos demonstrassem incômodos iniciais, a medida tem gerado um ambiente mais tranquilo em sala de aula. “Antes da Lei, eles usavam o celular de forma moderada lá no colégio. O aparelho estava ali, colocavam embaixo da carteira, mas os adolescentes, principalmente, tinham estratégias que nós adultos não conhecíamos para usar os aparelhos”, contou.
Ela também mencionou que, embora o celular estivesse guardado, ele ainda provocava a sensação de conexão com o mundo externo, o que não ocorre mais. “Hoje o cenário é diferente, e isso está fazendo falta para eles”, disse. Porém, no contexto escolar, ela acredita que o foco no professor e na aprendizagem tem sido mais efetivo. “Eu penso que para nós, enquanto escola, essa nova medida está sendo positiva”, concluiu.
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Questionada sobre a interação entre os jovens durante os intervalos de aulas, Sonia destacou que há uma melhora nesse aspecto. “Percebemos uma melhora sim. Mas vale lembrar que no nosso jeito de ensino, o uso do celular no intervalo já não era liberado”, revelou. Para ela, o uso controlado do celular é essencial tanto para a segurança dos estudantes quanto para o seu desenvolvimento saudável.
Sonia também destacou a importância da conscientização dos pais. “A escola tem limites. Lá no colégio há uma área que delimita a parte interna da escola com o externo. A partir desse limite, eles estão livres para usar o celular. Mas a gente sempre orienta que o uso de celular na rua é perigoso e deve ter cuidado, pois coloca em risco a vida das crianças”, afirmou. Ela reforçou que a colaboração da família é fundamental para o sucesso da nova medida.
ESTÍMULO PARA O CÉREBRO
Já Simone Brustolin, explicou como a abstinência do celular pode afetar o cérebro dos jovens. “Quando a gente oferta um estímulo muito forte para o nosso cérebro, ele sempre vai em busca daquilo. O celular é um grande estímulo porque ele lida com informações do mundo todo. Se você está acostumado a esse estímulo tão forte e potente, que estudos já mostram que tem o mesmo efeito no cérebro que o uso de drogas, quando você retira isso, o seu organismo reage a aquilo”, destacou. Simone também sugeriu que o impacto dessa mudança depende de como se é conduzida em casa. “Existem famílias que já conscientes dessa nova regra, foram fazendo o desmame em casa e isso tem ajudado mais esses jovens”, afirmou.
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RECOMENDAÇÕES
Ela também fez recomendações aos pais, alertando para a necessidade de acordos claros sobre o uso do celular, a fim de evitar conflitos familiares. “É necessário os pais fazerem um acordo com os filhos, combinar períodos em que não devem mais mexer no celular”, disse. Segundo Simone, esse tipo de acordo ajuda a estabelecer limites e, ao mesmo tempo, evita a procrastinação e o impacto na criatividade dos jovens. “Sempre que uma criança ou adolescente precisa fazer algo que não gosta, mas que precisa, como estudar, é necessário que essa atividade seja feita antes do estímulo com telas”, explicou.