Segunda-feira, 26 de Maio de 2025

“Existem casos de adolescentes que chegam aos 17 anos com problemas cognitivos, após passar a infância em frente a uma tela”, ressalta Patrícia Dijkstra

2023-07-17 às 16:42

A educadora parental, Patrícia Dijkstra, comentou sobre o uso excessivo de telas, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,3 para Ponta Grossa e região e 92,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda-feira (17).

Uso excessivo de telas

A educação parental consiste no auxílio aos pais e filhos para que exista uma convivência harmônica e saudável. O uso excessivo de aparelhos como o celular fazem parte da vida de muitas pessoas, e isso muitas vezes pode ser prejudicial para as relações interpessoais que as pessoas possuem no dia a dia.

“Hoje, as crianças destinam muito tempo ao uso do celular, e eu oriento a não proibir, porém saber usar. Então eu realizo um trabalho através das redes sociais e palestras para fazer estas orientações de como utilizar a tecnologia de uma forma saudável”, destaca Patrícia.

A educadora ressalta que é importante realizar um alerta e os adultos também darem este exemplo às próximas gerações, porque as pessoas acabam dedicando, muitas vezes, um longo período do dia ao computador durante o trabalho e ao celular durante os momentos livres.

“A gente tem que plantar essa sementinha de que estamos passando a nossa vida em frente a uma tela, e a vida não para. Quantas coisas estamos deixando de lado na nossa vida, enquanto estamos ‘perdendo tempo’ assistindo vídeos sobre a vida dos outros”, reflexiona.

Quando vira um problema

Patrícia afirma que o problema não está na exceção, mas na repetição de certos hábitos que acabam se tornando rotina. “Se a pessoa utiliza o aparelho celular durante longo período em um dia, esse não é um problema. Começa a virar problema quando aquilo vira rotina e a pessoa deixa de realizar outras atividades para dedicar aquele tempo a isso”, afirma. “Existem casos de pessoas que passam nove horas do dia em frente à tela”, acrescenta.

A educadora também ressalta os problemas físicos que o uso excessivo das telas pode acarretar nas pessoas. “Depois da pandemia, os oftalmologistas registraram o aumento dos casos de miopia, por conta do uso excessivo de telas”, aponta.

Ela cita o livro ‘Demência Digital’, do escritor alemão Manfred Spitzer, que aborda questões como perda de atenção, concentração, memória e capacidade de resolução de problemas, em decorrência deste uso excessivo de telas. “Está acontecendo de adolescentes que chegam aos 17 anos, após passar a infância inteira em frente a uma tela, esquecendo de fala e com problemas cognitivos em decorrência disso”, relata Patrícia.

Prevenção

O trabalho realizado por ela é uma forma de prevenir que esses problemas cognitivos futuros aconteçam. “Esses são problemas que não aparecem de um dia para o outro, mas que no futuro serão muito prejudiciais para a formação daquela pessoa. Então todo o trabalho que realizo é como uma prevenção para que situações como essa sejam evitadas”, destaca.

A educadora também ressalta que existe um projeto na Holanda, que proíbe o uso de celular dentro da sala de aula. Ela acredita que isso é importante, devido à falta de concentração do estudante após o uso do aparelho. “Quando o estudante está prestando a atenção na aula e o celular vibra com sinal de uma mensagem ou algo do gênero, ele perde o foco e leva cerca de 20 a 25 minutos para conseguir retomar a concentração”, afirma Patrícia, ressaltando o quanto os aparelhos atrapalham o desempenho escolar dos estudantes, quando utilizados de forma equivocada.

Além da questão da sala de aula, ela também destaca que o momento do recreio é muito importante para as crianças e não deveria ser substituído pelo uso do celular. “Aquele é o único momento que a criança tem para correr, brincar e ficar exposta ao Sol, e o uso do celular está substituindo estes momentos”, finaliza.

Serviço

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Confira a entrevista completa: