Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024

Geólogo destaca os principais fatores que contribuem para a formação de crateras nas cidades

2023-12-15 às 11:20
Foto: Reprodução

O geólogo, Nestor Renato de Oliveira Filho, esteve no programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,3 para Ponta Grossa e região e 92,9 para Telêmaco Borba), nesta sexta-feira (15), falando sobre as crateras que apareceram em algumas regiões da cidade nas últimas semanas.

O afundamento de solo virou pauta nacional após o solo da Mina 18 da petroquímica Braskem no bairro do Mutange, em Maceió, ter afundado mais de 2 metros no último mês.

Liquefação de solo 

Em Ponta Grossa, alguns episódios também têm chamado a atenção da população devido a algumas crateras que romperam o solo em 2023. Além de ter aparecido uma cratera na Rua Afonso Celso, região central da cidade, os bairros Los Angeles e Uvaranas também enfrentaram problemas similares recentemente.

A liquefação de solo é um fenômeno que ocorre através da diminuição da resistência efetiva e da rigidez dos solos. Esse processo acontece sob ação de forças externas cíclicas ou monotônicas. “Esse é um processo de fragilização do solo, e em cidades como Ponta Grossa ele é heterogêneo, então ele possui alternância de camadas de argila com areia. Essa diferença faz com que as camadas de areia, principalmente, tenham um grau de fragilidade maior do que as camadas de argila”, explica o geólogo.

Ele também aponta que a partir do momento que se entra com alguma estrutura urbana, principalmente galerias, o solo deve estar preparado para receber essa estrutura. “Quando aquele determinado solo não comporta o crescimento da cidade ou se existir alguma avaria e rompimento de solo, a água da chuva vai entrando nele e fazendo o processo de liquefação transformando-o em lama”, pontua. “A partir disso, ele perde sustentação e acabam se formando essas crateras”, completa.

Manilhas embaixo do solo

Nestor afirma que as manilhas que ficam embaixo do solo também possuem relação com essas crateras que acabam aparecendo em algumas regiões. “As manilhas são instaladas com vários objetivos. Em Ponta Grossa, elas são principalmente utilizadas para escoamento da água da chuva e também para canalização de algum córrego ou afim”, assegura.

O geólogo também pondera que antigamente as leis ambientais, de uso e ocupação eram mais brandas. Segundo ele, isso gera um impacto até hoje em relação a esses ocorridos. “A cidade foi crescendo e a partir de um certo momento essas canalizações foram realizadas sem muito critério técnico, ocasionando no momento essas consequências que a população vem observando na cidade”, ressalta.

Efeito das chuvas no solo

Ele também acrescenta que as chuvas trazem alguns impactos no solo que contribuem para a formação dessas crateras. “A água entra no solo com uma energia e calculamos a vazão dependendo da declividade, que é o desnível topográfico do terreno. Se a galeria possui um diâmetro que não comporta a vazão da chuva, acontecem esses episódios”, explica.

Nestor pontua que nos últimos anos cada vez mais existe um acumulado de chuvas em determinadas épocas do ano, que são superiores às que ocorriam antigamente. “Nós observamos que quando acontece esse tipo de desmoronamento interno, a água tem um papel preponderante. Isso acontece porque a galeria não comporta e a água entra com alta energia, fazendo com que se perca a sustentação e ocasionando na abertura dessas crateras”, conclui.

Confira a entrevista completa: