A Lei 13.798/2019 prevê a realização da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, iniciativa que teve origem em projeto de lei do Senado (PLS 13/2010). Ações da campanha, que deve ocorrer na semana que inclui 1° de fevereiro, são feitas pelo poder público e organizações da sociedade civil.

A ginecologista destaca que essa semana possui uma importância muito grande para disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. “É uma questão multifatorial, porque não existe apenas um elemento determinante para que ocorra a gravidez na adolescência. Se existisse apenas um elemento, as ações poderiam ser mais objetivas para esse público”, ressalta.

Ela pontua que alguns fatores geram impacto na gravidez na adolescência com uma maior frequência. “A ausência de um projeto de vida é um desses fatores. Em alguns trabalhos realizados em maternidades, quando mães adolescentes são atendidas e questionadas se usam algum método contraceptivo alegam que queriam engravidar. Às vezes, a ideia de ser mãe é o que encanta essas jovens”, explica. “O nosso entendimento de que foi uma inocência ou algo do tipo começa a ser desconstruído. Percebemos que em alguns casos é um projeto, mesmo que não de uma forma tão consciente”, complementa.

Pensamento dos adolescentes

Nos casos em que a gravidez é fruto da falta do uso de métodos contraceptivos, também pode acontecer devido ao modo como os adolescentes pensam, segundo a especialista. “Existe todo um estímulo hormonal pelo qual os adolescentes passam, porque estão em uma fase em que possuem a curiosidade e, algumas vezes, a necessidade de se expor a alguns riscos”, aponta. “Esses são aspectos que fazem parte da cabeça do adolescente, e o contraponto disso são ações que chamem esses jovens para o entendimento de que precisam ter uma noção da realidade e uma responsabilidade sobre as suas ações”, acrescenta.

A ginecologista afirma que falar sobre sexualidade com os jovens é algo necessário para que eles tenham consciência sobre a responsabilidade dos seus atos. “Algumas pessoas asseguram que falar sobre sexualidade com adolescentes é um estímulo, porém a realidade é que acontece justamente o contrário. Quanto mais você faz projetos que trazem uma conscientização sobre a realidade do que é ser pai e mãe, o adolescente entende o contexto do que isso significa em todos os aspectos. Um exemplo é dentro das escolas você abordar a gravidez na adolescência na aula de matemática, fazendo com que os alunos façam uma conta com todos os gastos que os pais tem no primeiro ano de vida do bebê”, pondera.