Sexta-feira, 27 de Junho de 2025

Glaucoma é silencioso e pode levar à cegueira, alerta médico oftalmologista

2025-06-27 às 15:31
Edu Vaz/ D’Ponta News

Por Camila Souza

O médico oftalmologista Gianmarco Penteado participou nesta sexta-feira (27) do programa Manhã Total da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM), apresentado por Eduardo Vaz e João Barbiero. Durante a entrevista, o especialista chamou atenção para os riscos do glaucoma e abordou temas como uso de óculos, lentes de contato, exames em óticas e saúde ocular em diferentes fases da vida.

Gianmarco explicou que o glaucoma é uma doença progressiva do nervo óptico, geralmente causada pelo aumento da pressão intraocular. “É uma doença silenciosa, com isso perde o campo de visão e pode levar à cegueira total”, destacou. Entre os sintomas iniciais, o médico citou a presença de um “chuvisco” na visão periférica e a existência de um fator hereditário importante. “Há uma proposição genética onde se o pai, a mãe, avô, avó e tio têm glaucoma, você pode ter também”, contou.

Segundo ele, existem vários tipos de glaucoma. O agudo, por exemplo, pode causar perda de visão em apenas seis horas, se não tratado. “São crises de glaucoma onde ocorre dor forte no olho, aumento de pressão, náuseas, vômitos e borramento de visão que pode levar à cegueira em 6 horas se não tratado”, alertou. A recomendação é visitar o oftalmologista uma vez ao ano. “Prevenir é sempre melhor que remediar”, ressaltou.

O médico explicou ainda que em casos de glaucoma agudo, a reversão pode acontecer em uma ou duas horas com atendimento rápido. “Corre o soro na veia que baixa a pressão no olho, já dá medicamento via oral e já opera, com isso já baixa a pressão do olho e o indivíduo recupera a visão novamente”, contou.

O diagnóstico envolve exames específicos que avaliam a função e a circulação do nervo óptico. “Existe tecnologia o suficiente para detectar o glaucoma”, garantiu. Gianmarco ainda citou que pessoas de baixa estatura, com sobrepeso, apneia do sono, costureiras e usuários frequentes de corticóides estão mais suscetíveis à doença. “Essas gotinhas nasais, e principalmente de corticoide, podem provocar glaucoma. Colírios de corticoide também podem provocar glaucoma”, afirmou.

O tratamento começa com colírios para reduzir a pressão ocular. Em seguida, pode ser necessário o uso de laser. “O procedimento de lazer é feito em Ponta Grossa e serve para o tratamento do glaucoma para que a pressão do olho diminua”. Se necessário, há também a possibilidade de cirurgia. “É feito uma espécie de ‘janelinha’ no olho e quando aumenta a pressão, o líquido interno do olho vaza e baixa a pressão”, explicou. Outra alternativa são os stents, embora sejam mais caros. “Implanta os stents no ângulo do olho e com isso diminui a pressão do olho”, contou.

O glaucoma normalmente afeta os dois olhos, de maneira assimétrica. Ainda assim, Gianmarco alertou para a importância da continuidade no tratamento. “Nós fazemos campanhas para que as pessoas não abandonem o tratamento”, afirmou. Segundo ele, os colírios são caros e muitas vezes os pacientes interrompem o uso antes do necessário. “Ele pode evoluir e quando você abrir os olhos pode ser tarde demais e não é reversível”, conta.

O tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) também está disponível. “Há um programa para o glaucoma. Não há desculpa, através do SUS você pode chegar a um tratamento eficaz para o glaucoma”, reforçou.

Exames proibidos em óticas

Outro ponto abordado foi o perigo de exames oftalmológicos feitos em óticas por profissionais não habilitados. “Se faz um exame de vista de R$20 reais e colocam o indivíduo em um aparelho para ver se ele enxerga ou não”, alertou. Ele frisou que essa prática é ilegal desde 1932. “Em um exame desse pode passar despercebido ou não detectar um glaucoma. A pessoa só recebe o diagnóstico para usar um óculos e está com pressão alta no olho e continua com o problema”, explicou.

A compra de óculos em locais inadequados também pode trazer riscos. “Pode acarretar em problemas de acomodação onde o indivíduo pode apresentar dores de cabeça forte após o uso desses óculos, pode apresentar estrabismo mesmo que temporário e também apresentar um vício de refração onde acostuma com um grau errado e é necessário fazer acostumar com o grau adequado”, relatou. O médico lembrou que oftalmologistas não podem atuar em óticas. “É regra, não pode”, reforçou.

Outro tema abordado na entrevista foi a catarata. Gianmarco destacou que é uma condição que todos terão em algum momento da vida, especialmente com o uso constante de telas. “A catarata é a opacidade do cristalino, ela envelhece e fica opaca. Com isso deixa a visão fosca, embaçada e perda de nitidez”. O tratamento é simples e eficaz. “Corrige completamente a catarata”, afirmou. A cirurgia leva de 15 a 20 minutos. “Pode sair sem curativo ou ficar 1 dia de curativo e 3 dias depois já estar dirigindo”, finaliza.

Cuidados oculares

Com a chegada do inverno, ele alertou para o aumento de casos de olho seco e lacrimejamento por causa das variações de temperatura. “É contornável com o uso de colírios lubrificantes”. Gianmarco advertiu que os colírios que “deixam o olho branquinho” podem ter efeitos colaterais. “Ele tem efeitos colaterais como o aumento da pressão arterial”, disse. O uso prolongado pode provocar hipertensão arterial e secura crônica nos olhos. “Deve-se usar umas 3 vezes ao dia, principalmente quem fica o dia todo em frente da tela ou no ar condicionado”, recomenda.

Ele também destacou a importância de consultas oftalmológicas desde o primeiro ano de vida da criança. “O primeiro ano de vida é primordial para detectar se a criança já nasceu com alguma doença oftalmológica e iniciar o tratamento”. Gianmarco afirmou que crianças com até 7 anos ainda podem recuperar a visão com exercícios. “Temos exercícios que fazemos que a visão pode voltar”, conta.

Sobre lentes de contato, ele alertou para o uso prolongado além da validade. “A lente é para 15 dias de validade, o indivíduo usa 6 meses”, disse. Isso pode causar perda de nitidez, vermelhidão, colonização por bactérias e até úlcera de córnea. Dormir com lentes também é arriscado. “Isso pode provocar baixa oxigenação do olho e pode provocar úlceras que levam à cegueira”, alerta.

Por fim, o médico comentou sobre as lentes dos óculos e suas variações. Ele destacou a importância da indicação correta. “Óticas sérias conseguem indicar a melhor lente para o indivíduo usar”. Lentes antirreflexo, por exemplo, são eficazes, mas exigem cuidados. “Só riscam porque costumam limpar ela na roupa. Mas essa lente é muito boa para quem tem astigmatismo e vai dirigir durante a noite, por exemplo”, finalizou.

 

Veja a entrevista na íntegra: