O empresário Álvaro Scheffer esclarece que quem doou o prédio à Santa Casa foi a Sociedade Evangélica Beneficente de Ponta Grossa, entidade fundada em 1970. Conforme Scheffer, seu pai, Ferdinando Scheffer, coordenou por muitos anos o Hospital Evangélico, junto do saudoso César Finger e de Carlos Madureira e de Toninho Moro, além de outras pessoas que contribuíram e auxiliaram para manter o prédio. Esse grupo viabilizou a doação e manteve esforços para permitir que permanecesse em bom estado, apesar da inatividade desde que foi fechado, em 2016. Scheffer destacou ainda a atuação do pastor Diego Ernani Biehl, responsável pela Comunidade Luterana Bom Pastor, que se dedicou para que isso pudesse acontecer. Convênio entre o Estado do Paraná e a Santa Casa vão transformar o antigo Hospital Evangélico de Ponta Grossa num ambulatório oncológico.
Comunidade Luterana Bom Pastor, em Ponta Grossa
De acordo com o último presidente da Sociedade Evangélica Beneficente de Ponta Grossa (SEB-PG), Carlos Roberto Justus Madureira, o Hospital Evangélico basicamente atendia como Maternidade, mas o hospital também atendia a casos ginecológicos de baixa complexidade. Filantrópico, o Evangélico foi construído sob o objetivo de atender, primordialmente, aos pacientes do SUS e iniciou com os trabalhos de diversas instituições evangélicas, como a Igreja Luterana, a Igreja Batista, as Samaritanas, a Igreja Quadrangular, a Presbiteriana, a Assembleia de Deus e a Adventista.
Ainda segundo Madureira, foram necessários 35 anos até que o hospital ficasse completamente pronto, custeado por donativos, rifas, almoços comunitários e o trabalho voluntário de muitas pessoas. “A SEB, portanto, era a mantenedora, instituição filantrópica, sem fins lucrativos, administrada por seus diretores e colaboradores”, acrescenta.
Foi a Sociedade Evangélica Beneficente a responsável pela manutenção do prédio ao longo dos anos em que o antigo Hospital Evangélico permaneceu fechado. “A ideia da doação surgiu após a constatação de que a entidade não tinha mais condições de continuar este trabalho, por falta de recursos e de pessoal especializado para retomar este processo”, justifica Madureira.
Entretanto, a destinação do patrimônio do Hospital Evangélico devia respeitar ao Estatuto da entidade, que previa exclusivamente atender ao setor de Saúde da população. “Após contato com a Provedoria da Santa Casa, iniciou-se o processo de doação, com assembleias, reuniões e tratativas dos termos da doação. Basicamente, a Santa Casa assume o total do patrimônio (terreno e construção) e também o passivo da entidade (documentos oficiais e os parcelamentos já contratados)”, esclarece o último presidente da SEB. Segundo ele, todo o processo de doação foi concluído já em novembro de 2024.
No momento, a SEB finaliza a baixa do CNPJ da entidade, para o encerramento das atividades.
A Santa Casa de Misericórdia conta com um Setor de Oncologia desde 2013 e realiza cerca de 600 sessões de quimioterapia, mais de 100 cirurgias e cerca de 1,7 mil consultas oncológicas a cada mês. Com a nova estrutura, a capacidade será ampliada para 7,2 mil consultas e 2,1 mil procedimentos por mês, atendendo de forma mais ampla e eficiente à população que depende do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na sexta (24), a Santa Casa de Misericórdia de Ponta Grossa e o Governo do Estado assinaram um convênio para melhorar a estrutura do atendimento ambulatorial oncológico na região dos Campos Gerais, num investimento que soma R$ 9,7 milhões – R$ 9 milhões de recursos estaduais e R$ 700 mil de contrapartida do município.
O projeto prevê a construção do novo Ambulatório de Especialidades em Oncologia e Quimioterapia, que será vinculado à Santa Casa e localizado no antigo Hospital Evangélico, na área central da cidade. Com 2.485,19 m² e prazo de construção de um ano, o novo espaço contará com 42 leitos para quimioterapia e 14 consultórios para atendimento especializado.
Por Edilson Kernicki, com informações da SESA
