Moradores e proprietários de chácaras e atrativos turísticos na região do Alagados, em Ponta Grossa, estão reivindicando a manutenção e a liberação da estrada rural que liga a região ao bairro San Martin, e que foi interditada na quinta-feira (2), por conta dos estragos causados pelas fortes chuvas que atingiram o município. O grande volume de água danificou o solo e tornou a estrada intrafegável. Somente pedestres conseguem percorrer o trajeto.

O trecho interditado tem aproximadamente 400 metros de distância e fica entre a Fazenda dos Sonhos até as proximidades do Rancho Capão do Meio. No sentido de ida à Represa do Alagados, a estrada está livre somente até os dois primeiros quilômetros.

O trajeto percorrido do bairro até a região do Alagados é de aproximadamente 7 quilômetros e normalmente resulta em 10 minutos de carro. Com a interdição, os moradores precisam ‘dar a volta’ por Carambeí, em um trajeto de cerca de 58 quilômetros.

Interdição complica rotina dos moradores

Em contato com o D’Ponta News, os moradores da região relatam que um proprietário rural está com a plantação de trigo apodrecendo, porque não há como escoar a produção.

Além disso, os problemas com a locomoção também estão interferindo na rotina das famílias. Ijo Santiago da Silva, de 38 anos, possui uma propriedade na região e conta que administra uma empresa em Ponta Grossa. Com a interdição, acabou ficando impedido de ir até o estabelecimento e de levar a filha para a escola. “Não cheguei a ficar preso na estrada, mas quando vim para cá, tive que vir por Carambeí, onde a estrada também está ruim e o tempo é de quase duas horas de estrada”, diz.

O morador Everaldo Ribeiro de Oliveira, de 51 anos, que reside em um condomínio de chácaras na região, reforça que o trajeto por Carambeí, passando pela Ponte Preta, é o único caminho para chegar até a área urbana. “Eu tenho bichos lá, eu tenho cavalos, galinhas, cachorros, então eu não consigo ficar na cidade e tenho que dar essa volta de 58 quilômetros”, diz.

Oliveira ainda conta que os moradores pediram para que a Prefeitura realizasse uma manutenção preventiva no local, na quarta-feira (1º), um dia antes da interdição. “Se eles fossem lá com uma ‘viagem’ de pedra, com o cascalho, já resolvia a situação. Como ficou um trator trabalhando lá praticamente o dia inteiro, só foi complicando a estrada, só foi estragando cada vez mais”, diz. Segundo ele, são mais de 5 mil moradores ‘ilhados’ na região.

Ijo Santiago ainda faz um apelo para que as autoridades políticas do município zelem pela manutenção das estradas que ligam a cidade aos principais atrativos turísticos da região. “É muito prejuízo para o pessoal que tem comércio aqui, estão sofrendo muito”, afirma Santiago e finaliza questionando quando a tão esperada obra de pavimentação da Estrada do Alagados vai sair do papel. “Quando irá começar a obra de pavimentação da Estrada do Alagados prometida todos os anos, mas que nunca sai do ‘vai sair logo logo?'”, finaliza.

José Francisco Sanches, 46 anos, possui uma propriedade onde tem criação de animais e precisa se deslocar até lá todos os dias. Ele conta que, na última quarta-feira (1º), chegou a ficar quatro horas na estrada esperando para passar pelo trecho comprometido pela chuva. “Ainda não calculei [o prejuízo], mas o trajeto de 7 km agora dando a volta aumentou para 50 km. Espero que resolva logo e façam um serviço bem feito”, completa.

Turismo comprometido

Entre os atrativos turísticos da região, a histórica Capela Santa Bárbara e a Cachoeira do Rio São Jorge estão sendo prejudicados pela interdição da estrada, já que é o único caminho para chegar até estes  locais. Teresinha Carraro, 57 anos, possui uma propriedade onde fica localizada a Capela, que é datada de 1729, tombada pelo patrimônio histórico do Paraná, e também o Santa Café. “Estamos sem acesso à propriedade, tínhamos grupos de turistas que viriam este final de semana para conhecer a Capela e desfrutar do café colonial e acabaram cancelando por causa desse contratempo. Temos o caseiro que está isolado lá, conseguiu vir ontem para a cidade, mas a pé”, diz.

Mara Regina Ruth Zapotoczny, proprietária da Cachoeira do Rio São Jorge, conta que está desde quarta-feira (1º) sem receber os visitantes no local. “Gostaria de dizer que eu pedi para eles cuidarem mais da estrada. Se é considerado um ponto turístico bom, então tem que dar assistência na estrada pelo menos”, afirma.

Posicionamento da Prefeitura de PG

A reportagem do D’Ponta News entrou em contato com a Prefeitura de Ponta Grossa e questionou qual o prazo para que as obras de manutenção sejam realizadas no local, para que a via possa ser liberada.

“A grande quantidade de água danificou o solo e tornou o trecho intrafegável. Para evitar acidentes, decidimos fechar a estrada temporariamente. Ainda na quinta-feira observou-se que não havia condições técnicas para execução dos trabalhos”, explica o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Bruno Costa.

O secretário comenta também que as fortes chuvas registradas na última sexta-feira (03) dificultaram o início dos trabalhos. Com a melhora do tempo, as obras de recuperação foram iniciadas na manhã de segunda-feira (06).

“Já estamos trabalhando no local, com máquinas e cascalho para resolver a situação. A previsão é que já nesta terça-feira (07) a estrada esteja parcialmente trafegável, com a conclusão dos serviços até quarta-feira (08)”, destaca Bruno.

Durante esta semana será elaborada uma programação para que novas regiões sejam atendidas pelo Programa Caminhos do Agro, segundo a Prefeitura.

Pavimentação da Estrada do Alagados

Em 2022, a Prefeitura de Ponta Grossa anunciou o investimento de R$ 7,3 milhões para a pavimentação da Estrada do Alagados. A obra deve ser executada através de convênio com o Governo do Paraná e faz parte de um pacote de ações previstas pelo Município no intuito de ampliar a infraestrutura e o fomento destinado ao turismo na cidade e que inclui a região do Alagados-Itaiacoca como um dos grandes eixos turísticos de Ponta Grossa. Porém, até o momento as obras ainda não iniciaram. Clique aqui e relembre.