A investigação sobre a morte de um bebê de dois meses, ocorrida em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, avançou de maneira decisiva após a divulgação do laudo da necropsia. O documento, revelado nesta quarta-feira (23), conclui que a causa da morte foi traumatismo cranioencefálico provocado por ação contundente, ou seja, resultado de agressão física. Segundo o delegado Luís Gustavo Timossi, responsável pelo caso, as provas apontam diretamente para o pai da criança, Lucas Rodrigues Soares, de 37 anos.
O laudo detalha a existência de múltiplas lesões no rosto e cabeça do bebê. Ainda assim, os peritos informaram que “não há elementos suficientes para afirmar ou negar tortura, ou meio insidioso ou cruel”. A investigação descarta engasgo acidental, alegação apresentada pelo suspeito no interrogatório. Lucas, que permanece preso, declarou “não se lembrar” de qualquer agressão ou outro episódio que pudesse causar os ferimentos fatais.
Segundo o G1, Lucas Rodrigues Soares foi preso em flagrante no próprio quarto, após a mãe da criança buscar socorro. O histórico do suspeito inclui outros casos de violência: ele já havia sido investigado anteriormente por agressão contra crianças e por violência doméstica. Em 2021, há registro de boletim de ocorrência por fratura no fêmur de outro bebê de dois meses, seu enteado, além de suspeitas de agressão física contra uma criança de três anos em 2016. Em janeiro deste ano, Lucas foi denunciado por agredir a esposa, à época grávida do bebê que veio a falecer.
Segundo o relatório da Guarda Civil Municipal, a mãe, de 32 anos, chegou do trabalho por volta das 23h e foi informada pelo companheiro que a criança já havia sido alimentada. Às 3h da madrugada, ao acordar para amamentar, encontrou o filho sem vida, com sinais visíveis de ferimento no rosto. Ao tentar ligar para o serviço médico, foi impedida pelo companheiro, que também a agrediu com uma facada na perna. Ela conseguiu fugir carregando o corpo do filho, procurou socorro na base da Guarda Municipal, mas a equipe médica apenas confirmou o óbito.
A Polícia Civil aguarda novos resultados periciais realizados na residência e outras diligências para concluir o inquérito, mas já antecipa que o pai deve ser formalmente indiciado por homicídio doloso, caracterizado pela intenção de matar. Até agora, Lucas Rodrigues Soares não constituiu defesa.