Terça-feira, 17 de Junho de 2025

Médico do Centro Hospitalar São Camilo fala sobre mudanças hormonais e saúde emocional da mulher

2025-06-17 às 12:07
Edu Vaz/ D’Ponta News

O programa ‘Manhã Total’, da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM), recebeu nesta terça-feira (17) o ginecologista Gilmar Alves do Nascimento, do Centro Hospitalar São Camilo. Durante a entrevista, o médico abordou temas importantes da saúde feminina como menopausa, endometriose, TPM e até a prática de indução da amenorreia em atletas. De forma acessível e descontraída, ele respondeu dúvidas dos ouvintes e trouxe explicações que misturam ciência com experiência clínica.

A menopausa é o período em que a menstruação cessa de forma permanente, geralmente entre os 40 e 55 anos, sendo confirmada após 12 meses consecutivos sem menstruação. “Antes desse tempo ela é precoce e depois disso ela é tardia”, explicou o médico.
Ele destacou que mudanças comportamentais e alterações no ciclo menstrual são os primeiros sinais de que a menopausa está chegando. “Há mudanças no comportamento e o ciclo muda”, disse.

Entre os sintomas comuns, o doutor falou sobre as oscilações de humor que, segundo ele, estão diretamente ligadas ao sistema hormonal. “Uma mulher quando está muito nervosa, tensa ou na menopausa, se tem a condição de histeria”, afirmou, explicando que o termo tem origem na palavra grega hystera, que significa útero.

O especialista usou o termo ‘humoral’ para explicar a relação entre os hormônios e o humor feminino. “Quando a mulher está perto de menstruar, pode ficar mal-humorada e quando ela menstrua, o humor fica melhor. É uma analogia que eles não sabem o porquê mas que cientificamente tem uma lógica”, comentou.
Ele também destacou que os hormônios circulam no corpo por meio dos líquidos e que tudo no organismo depende da alimentação, eletrólitos e hormônios. “Nós somos regidos principalmente por hormônios e eles andam pelo corpo através do líquido do corpo. Tudo o que corre em você é diretamente dependente do que você come, eletrólitos e hormônios que transmite no seu corpo”, explicou.

TPM: compreensão e chocolate como aliados

A tensão pré-menstrual (TPM) é marcada por sintomas físicos e emocionais como irritabilidade, ansiedade, dores de cabeça e alterações no apetite. O médico reforçou que o primeiro passo para lidar com a TPM é a compreensão. “A primeira coisa que se pode fazer para ajudar uma mulher é compreendê-la”, destaca.
Além do uso de medicamentos, ele recomenda a prática de atividades físicas. “A atividade física produz endorfina, então as mulheres que praticam atividades físicas notam que os sintomas da TPM melhoram”, disse. E para quem busca um alívio mais saboroso, o chocolate está liberado. “O carboidrato ele produz uma endorfina que é um calmante e o chocolate tem alta concentração de carboidrato e é gostoso”, indicou.

Endometriose: o que é e como afeta a vida da mulher

Durante o programa, o doutor Gilmar também falou sobre a endometriose que é uma condição em que o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero, geralmente na região pélvica, provocando dores e, em alguns casos, infertilidade. A condição acontece quando as células do endométrio, em vez de serem expelidas durante a menstruação, seguem o caminho contrário e se instalam em locais como os ovários ou cavidade abdominal.

Amenorreia e práticas em atletas

O médico foi questionado sobre pais que tentam retardar a menstruação das filhas para estimular o crescimento, o médico foi enfático. “A gente tem uma idade biológica e para avaliar o crescimento é possível avaliar a idade óssea, isso mostra se a pessoa tem mais tempo de crescimento”. Segundo ele, atrasar o início do ciclo menstrual não muda esse processo.

Gilmar também falou sobre a amenorreia que é a ausência de menstruação e que pode ser causada por fatores naturais ou hormonais. “Tem atletas que fazem a amenorreia por conta da atividade física”, disse, citando maratonistas como exemplo. “Elas não menstruam espontaneamente mas necessitam de cuidado porque o osso pode desenvolver uma osteoporose precoce”, alertou.

No entanto, ele esclarece que, quando bem orientado, esse bloqueio hormonal não compromete a fertilidade. “O fato de uma mulher usar um bloqueio hormonal bem controlado, ajuda na competição e isso não interfere na vida dela porque muitos atletas conseguem até engravidar depois. Quando tudo é bem organizado está tudo bem, o problema é fazer de forma errada, fazer dieta agressiva ao corpo”, alerta.

Cuidar da saúde na menopausa vai além dos remédios

Para o médico, a abordagem do tratamento da menopausa deve ser individualizada. “Uma você explica sobre a prática de exercícios que vai melhorar a qualidade de vida dela. Para outra você recomenda que faça algo que ela goste como frequentar um credo ou sociedade”, exemplificou.

Ele lembra que a busca por apoio médico é uma das ferramentas disponíveis, mas não a única. “Nem sempre na menopausa se usa um terapêutico hormonal”, disse. “Tudo importa, se você não está bem tem que ter alguém para conversar e isso ajuda em muito. Por isso a mulher precisa ser compreendida”, finaliza.

Acompanhe a entrevista na íntegra:


Por Camila Souza.