O médico e oncologista Pedro Buiar, especialista na área, concedeu uma entrevista ao programa ‘Manhã Total’, do D’Ponta News, nesta quinta-feira (20), onde falou sobre os complexos mecanismos do câncer, os avanços no tratamento e a importância da detecção precoce. Buiar, que recentemente publicou um artigo sobre o funcionamento celular do câncer, explicou de forma clara e acessível os desafios enfrentados pela medicina no combate a essa doença.
Edu Vaz/D’Ponta News
O câncer, segundo Buiar, é o resultado de mutações nas células do próprio paciente. “O câncer que a pessoa tem, começou com uma célula da própria pessoa. O câncer é como se fosse um clone da pessoa, e que foi modificado. São células feias, alteradas, com mutações que crescem diferente, se multiplicam e não respeitam limites”, afirmou. Para o médico, a principal dificuldade do tratamento é que as células cancerígenas se originam do próprio organismo, o que torna o processo de eliminação mais complexo. “A célula do câncer é agressiva, quer crescer e se multiplicar e ela não respeita o limite. É aí que entra a dificuldade porque ela é uma célula que nasceu da própria pessoa”, reforça.
Ele compara o câncer com infecções bacterianas, ressaltando a diferença essencial: “Quando temos uma infecção, uma bactéria, aquilo é um ser unicelular que tem um mecanismo celular mais simplificado. A gente consegue combater ele com tudo o que temos no corpo”, explicou. Já no caso do câncer, trata-se de uma célula do próprio corpo que se comporta de maneira descontrolada.
O médico explicou que, embora o câncer seja uma doença multifatorial, com mecanismos complexos que tornam sua cura desafiadora, a medicina já avançou muito. “A gente já tem um histórico largo na medicina de estudos. O câncer entra nas doenças que chamamos de multifatoriais. Uma célula tumoral, para ela nascer, sobreviver e conseguir se multiplicar, ela tem que criar vários mecanismos”, afirmou.
Buiar ressaltou que, apesar de a cura do câncer ser possível, é fundamental a remoção completa do tumor. “O princípio que norteia isso, quando falamos de tumores sólidos como o de mama, próstata e estômago, por exemplo, é descobrir o tumor no início para poder operar. Se não tiramos aquele tumor, não existe tratamento que consiga eliminar ele de uma forma garantida.”
Ele reforçou que a cirurgia precoce é uma maneira eficaz de tratar muitos tipos de câncer. “O único jeito eficaz de curar o tumor é operando ele no início”, disse. Além disso, destacou que, após a cirurgia, é necessário acompanhamento rigoroso, e o paciente pode ser considerado curado após cinco anos sem recorrência do tumor.
Prevenção e fatores de risco
Na entrevista, Buiar também abordou formas de prevenção e os principais fatores de risco para o câncer. “A primeira coisa que precisamos avaliar é a idade que a pessoa está, porque dependendo da idade a gente vai incluir ela nos programas de rastreio.” Para mulheres, o ideal é começar os exames preventivos com a mamografia aos 40 anos, enquanto homens e mulheres devem fazer a colonoscopia a partir dos 45 anos. Além disso, Buiar alertou sobre os principais fatores de risco, entre eles o tabagismo, que continua sendo a principal causa de câncer evitável no mundo, seguido pela obesidade e o consumo excessivo de álcool.
Tumores benignos x malignos
Buiar também explicou a diferença entre tumores benignos e malignos. “Quando falamos em tumor benigno, ele é uma proliferação celular que não consegue invadir em outros órgãos e nem se espalhar. Já o maligno não respeita os limites e vai crescendo e invadindo outros órgãos, ele cai no sangue e se espalha”, esclareceu.
Confira a entrevista completa na íntegra