Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024

Miomas uterinos: Ginecologista explica o que são, quais os sintomas e formas de tratamento da doença

2024-01-10 às 16:49
Foto: Moisés Kuhn/D’Ponta News

Em entrevista ao Programa Manhã Total, transmitido pela Rádio Lagoa Dourada FM (105.9 FM para Ponta Grossa e 92.9 FM para Telêmaco Borba), desta quarta-feira (10), a ginecologista Maria Rita Oliveira Vargas explicou o que são os miomas, quais os sintomas e formas de tratamento da doença.

O mioma é um crescimento anormal da musculatura do útero, que afeta a saúde física, mental e até intefere nos relacionamentos amorosos, conforme explica a médica.”O útero é um músculo e existem locais dentro do útero que têm receptores de hormônio, é como se fossem cadeiras vazias, aí o hormônio senta para trabalhar. O mioma vai crescer porque esses receptores vão ser estimulados pelos hormônios produzidos pelos ovários, que são hormônios internos, não tem a ver com pílula, que é um hormônio externo e que vai bloquear os ovários”, enfatiza, acrescentando que na maior parte dos casos os miomas são benignos.

Sintomas

Entre os sintomas da doença estão: dor abdominal, cólica menstrual agravada, aumento do volume menstrual e dor durante a relação sexual.

“Existem miomas que estão na camada que recobre o útero por dentro, que é o endométrio, o que provoca mais sangramento, tem os miomas intramurais que estão bem no meio da musculatura do útero, eles vão fazer um aumento de volume de útero e tem os subserosos que são na camada que recobre o útero por fora, eles partem da musculatura”, diz.

Maria Rita declara que a maior queixa das pacientes em seu consultório é dor na relação e o excesso de sangramento. “O normal é um fluxo de 7 a 8 dias no máximo, usando no máximo um pacote e meio de absorventes, para aquelas que trocam de duas em duas horas”, acrescenta.

Características

O mioma é silencioso e, dependendo da localização no útero, só é possível descobrir com o ultrassom pélvico transvaginal. Além disso, a incidência da doença é uma característica familiar, ou seja, se há histórico de mioma na família, é fundamental que as mulheres fiquem em alerta para os sintomas. Além disso, pacientes de origem afrodescendente também possuem maior tendência de apresentar miomas. A médica também destaca que não existem formas de prevenir a doença.

Tratamento

Segundo a ginecologista, não existe uma medicação para tratar do mioma, exceto um ácido que tem múltiplos usos e um deles é a redução do tamanho de miomas. “Porém essa medicação é cara, com efeitos colaterais, que usamos especificamente nas pacientes que têm uma tendência gigantesca a mioma. Só que infelizmente reduz em torno de 30 a 40% do tamanho do mioma”, pondera,

Porém, cada caso deve ser acompanhado por um profissional, que vai avaliar a necessidade de uma intervenção cirúrgica na paciente. “É complicado dizer para a paciente que vamos tirar o mioma e não vai voltar mais, existe uma característica pessoal e isso vai sempre acontecer. A gente só poupa a parte cirúrgica quando a gente precisa que a paciente use o útero para gravidez. Uma das coisas importantes com relação a miomatose é que não vai te matar se você não tiver sangramento”, explica.

Nas pacientes que têm mioma, mas não têm dor, nem cólica, ou qualquer outro sintoma, a orientação é o acompanhamento médico. “Se o mioma crescer e começar a incomodar, vamos ter que mudar a conduta, agora sempre estamos de olho para ver se aumenta a anemia, por exemplo”, completa.

Mioma pode interferir em uma gravidez?

Dependendo da localização, o mioma pode atrapalhar a mulher a engravidar, conforme explica a ginecologista. “Se o mioma estiver na camada que recobre o útero por dentro, além da paciente ter sangramento inclusive durante a relação sexual, o que torna desagradável e desconfortante para a paciente, ainda por cima se o feto for fixar em cima do mioma, a chance de abortamento é gigantesca”, diz. Se a paciente não teve filho, mas tem o mioma submucoso, por exemplo, o mioma cresceu e está aumentando o volume de sangramento, a orientação é tirar o mioma por histeroscopia, um exame de endoscopia ginecológica.

Orientações gerais

A médica defende que o correto é sempre prestar atenção no volume de sangramento menstrual. “Começou a ter coágulo, liga a luz de alerta, observa no próximo mês, (infelizmente o emocional interfere no volume menstrual, então tem que prestar atenção). Mas a paciente tem o diagnóstico de mioma, o que é feito: nada, se a paciente não tem sintoma. Se o útero aumentar um pouquinho, mas não provocar nenhum outro tipo de sintoma, a orientação é o acompanhamento. Dependendo dos sintomas, pode tomar uma providência. Útero maior do que 180 metros cúbicos, começa a dar problema, aumento de sangramento, e a gente pesquisa, além do ultrassom, exames de sangue para provar isso”, finaliza.

Confira a entrevista completa: