Neto de João Albino Marques de Jesus, que morreu neste domingo (24), aos 69 anos, na ala de Covid-19 do Hospital Universitário (HU) de Ponta Grossa, Charles Ribeiro (foto) usou o seu perfil no Facebook para questionar o internamento do avô na ala e para criticar o protocolo de sepultamento adotado no caso.

Em sua postagem, publicada por volta das 19h desta segunda, Charles diz que um teste para Covid-19 do avô, realizado na quinta-feira (21) em Imbituva, onde morava o paciente, já havia dado negativo. Em entrevista ao portal D’Ponta News, ele acrescenta que o exame foi realizado em um laboratório vinculado ao Laboratório Central do Estado do Paraná (LACEN), órgão oficial para a testagem e divulgação de resultados a nível estadual. “O meu avô não tinha sintoma gripal. Foi feito, por protocolo, em Imbituva, um exame que deu negativo, e ele foi transferido para o Regional e internado em uma ala de pacientes com Covid-19”, afirma.

Internamento

Charles observa ainda que o avô tinha problemas cardíacos há 13 anos e que sofria de uma doença do pulmão, chamada por ele de “água no pulmão”. “Há um bom tempo ele vinha se tratando. Agora até o pulmão dele já estava bom, com pouca água. O problema era o coração dele, que estava fraco. E no início da última semana ele começou a passar mal e foi levado para o Pronto Atendimento, aqui em Imbituva. O pessoal lá fez o teste do Covid-19 e o encaminhou para o Hospital Regional, em Ponta Grossa”, detalha.

O resultado do teste, segundo o neto, só saiu no sábado (23), depois de o avô já ter sido internado na quinta. De acordo com ele, foi transferida uma mensagem para uma assistente social do HU informando que o teste havia dado negativo, mas o avô já estava internado na ala de Covid-19. “Eu creio que foi por causa desse problema cardíaco e talvez até por causa do problema do pulmão. Agora, em nenhum momento ele estava com gripe, em nenhum momento ele estava com febre, com nenhum sintoma [da Covid-19]”, completa.

Revolta

Na visão de Charles, há ainda outro “problema”. Ele ressalta que, agora, um eventual segundo exame realizado no avô pode dar positivo para a Covid-19, já que João Albino ficou internado na ala especial da doença e, na opinião dele, pode ter contraído o vírus. “Isso é o que mais revolta a gente. Isso representa que eles fizeram de propósito, para depois colocarem na DO [declaração de óbito] que ele morreu de Covid-19. Mas não foi de Covid-19. Foi de problema pulmonar, cardíaco… Tanto que na casa lá está toda a família. Ele morava com a minha avó, com os netos, com a minha tia, e ninguém está com sintoma gripal, nada, nada nada”, alega.

Despedida

Como João Albino morreu na ala de Covid-19, foi adotado o protocolo de sepultamento específico para esse tipo de caso, no qual o defunto é velado com o caixão fechado. Por conta disso, Charles lamenta que a família não pôde dar o último adeus ao avô. “Por essa atitude, não pudemos olhar pela última vez para o seu rosto, pois o caixão precisou ficar fechado”, aponta.

Charles diz que os familiares não descartam entrar com uma ação judicial contra o HU, caso um novo teste dê positivo para Covid-19.

Hospital

Em conversa com o portal D’Ponta News, a assessoria do HU reitera que os pacientes que chegam com suspeita da doença são encaminhados para a ala de Covid-19. Nesse local, segundo a assessoria, os pacientes ficam isolados e não têm contato entre si nem com outras áreas do hospital. Até o fim da elaboração desta matéria, a assessoria não confirmou se o hospital estava ciente do resultado negativo do teste realizado em Imbituva.

Confira a postagem de Charles no Facebook:

Por Rafael Guedes | Foto: Arquivo pessoal