O médico neurocirurgião, Dr. Leonardo Welling, abordou aneurisma intracraniano, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,3 para Ponta Grossa e região e 92,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta-feira (10).
Aneurisma intracraniano
Aneurismas intracranianos são dilatações na parede das artérias existentes dentro do crânio, em íntimo contato com o cérebro, semelhantes a uma bolsa com paredes muito finas, que podem romper-se sem aviso prévio, causando inúmeras complicações e eventualmente culminando em óbito.
“As artérias que levam nosso sangue para o cérebro são compostas por camadas, como se fosse um ‘cano’ levando o sangue. Quando uma dessas camadas do revestimento falha forma como se fosse uma ‘bexiga’, e ela possui uma parede frágil”, explica o Dr. Leonardo. “Em algumas situações essa ‘bexiga’ pode romper espontaneamente ou após a pessoa realizar algum esforço físico”, acrescenta.
O especialista também destaca que os pacientes hipertensos e os tabagistas têm um fator de risco muito elevado para que haja uma falha nessa parede. “A partir disso, pode haver uma falha nessa parede e existir um sangramento e crescimento. Em algumas séries a mortalidade pode passar de 50% dos pacientes”, pondera. “Muitas vezes escutamos as pessoas falando sobre uma pessoa que tinha apenas 40 anos e morreu de infarto. Fica o questionamento de que será que foi um infarto ou um aneurisma que rompeu?”, questiona.
Segundo o neurocirurgião, existem mortes que as pessoas acreditam que foram causadas por infarto, mas que a causa real foi um aneurisma. “Então como não temos o hábito de ter um serviço de verificação de óbito, que talvez em breve teremos, acabamos descobrindo que nem sempre a causa morte do paciente foi um infarto, e sim um AVC hemorrágico causado por uma ruptura aneurismática”, afirma.
Quando o aneurisma ‘estoura’
Após o rompimento da ‘bolsa’ do aneurisma, ocorre o espalhamento de sangue e o Dr. Leonardo explica quais são os procedimentos para esses casos. “Quando o aneurisma estoura, ele esparrama sangue no tecido cerebral. Dependendo da gravidade e do tamanho [desse espalhamento de sangue], você pode operar aquilo de ‘maneira aberta’, que falamos que é por microcirurgia, através da craniotomia”, assegura. “Também pode ser realizada por técnica endovascular, que é feita pela virilha e sobe até o local para preencher o aneurisma com ‘molinhas’ ocluindo ele e o tirando da circulação”, complementa.
O especialista destaca que existe uma tendência de que o tratamento seja realizado cada vez mais de uma forma menos invasiva para o paciente. “Existe um apelo de o aneurisma ser tratado por via endovascular e a tendência é que cada vez mais ele seja tratado de uma maneira menos invasiva, porém existem situações em que isso não é possível. Então hoje em dia trabalhamos todos em conjunto na decisão de qual método é melhor realizar para aquele paciente específico”, ressalta.
Formação de aneurisma
Segundo o especialista, geralmente a pessoa não nasce com o aneurisma, porém ele vai se desenvolvendo com o passar do tempo. “Existem casos de pessoas que já nascem com aneurisma, mas á a exceção. Os pacientes hipertensos e os tabagistas tem uma maior facilidade de formá-los, porque geralmente a pessoa não nasce com ele e o aneurisma se desenvolve ao longo da sua vida”, explica. “Pacientes que têm dois ou mais parentes diretos que morreram de aneurisma, temos que investigar a linhagem toda da família”, pondera.
Confira a entrevista completa: