O médico neurologista, Dr. Marcelo Rezende Young Blood, esteve no programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,3 para Ponta Grossa e região e 92,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta-feira (08) falando sobre a Medicina do Estilo de Vida.

Neurologia

O neurologista é um especialista que trata doenças no cérebro e medula espinhal, nervos periféricos e músculos. “Na prática do consultório, algumas vezes também desempenhamos um pouco a função de psiquiatra. Nós realizamos alguns atendimentos focados na saúde mental, então casos de ansiedade e depressão costumam aparecer também”, explica o Dr. Marcelo.

“De uma forma geral a neurologia é uma especialidade clínica, ou seja, não é cirúrgica. Nós atendemos as doenças do sistema nervoso central e periférico, então atendemos o AVC [Acidente Vascular Cerebral], as dores de cabeça, as doenças autoimunes neurológicas, doenças musculares e epilepsias”, acrescenta.

O especialista também pontua que a neurologia é muito vasta e devido a isso é comum que os neurologistas busquem a subespecialização. “Dentro da neurologia, eles buscam se aprofundar mais em uma determinada área. Eu, por exemplo, me dedico mais à área de dor crônica que é focada nas dores de cabeça”, ressalta.

Quando a pessoa deve procurar o médico neurologista?

O neurologista explica que faz parte da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a qual promove a campanha ‘3 é demais’. “A partir de três crises ao mês, é considerado que existe uma alta chance de cronificação. Se o paciente tiver uma crise por semana, é importante que ele consulte com um profissional da área”, pondera.

Ele pontua que a dor de cabeça mais comum que existe é a cefaleia tensional, que é diferente das crises crônicas que a enxaqueca traz. “Ela é uma dor que exerce uma pressão na cabeça e é a mais comum. A enxaqueca traz uma dor pulsátil só de um lado da cabeça, e o que mais chama a atenção é a náusea e por vezes vômito que acompanham a dor”, explica.

Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)

O Dr. Marcelo aponta que existe o grupo das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que a enxaqueca faz parte. “Ela entra neste grupo de dores de cabeça primária, ou seja, a doença é a própria dor. A enxaqueca pode desaparecer em determinadas fases da vida, mas ela possui um comportamento genético hereditário [80% das pessoas que têm enxaqueca possuem histórico familiar]”, afirma.

Ele também assegura que ela é uma doença que está muito relacionada ao estilo de vida do paciente. “O comportamento alimentar, a falta de prática de exercícios e o estresse crônico são fatores que influenciam as crises de enxaqueca. O estilo de vida do paciente impacta diretamente em relação às crises que essas doenças podem causar”, destaca.

Medicina do Estilo de Vida

A Medicina do Estilo de Vida utiliza a mudança de comportamento para buscar aumentar a saúde das pessoas e, consequentemente, reduzir os índices de doenças. “Esta é uma área nova e no Brasil ainda não é reconhecida como uma especialidade. O Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida busca este reconhecimento junto ao Conselho Federal de Medicina [CFM]”, pontua.

A prevenção e o tratamento de doenças crônicas através do estilo de vida são os principais focos dela, segundo o Dr. Marcelo. “Nós sabemos que 80% dos gastos na área da saúde estão relacionadas às doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e obesidade, além de doenças cardíacas. Então essas doenças possuem um forte ligação com o estilo de vida que as pessoas levam”, pondera.

Ele também aponta a presença de fatores genéticos que podem estar envolvidos na causa dessas doenças, porém em uma porcentagem elevada dos casos é possível realizar um trabalho de prevenção. “Costumamos dar um peso maior ao fator genético do que ele realmente tem. A predisposição genética coloca o histórico familiar como 20% determinante para o adoecimento em relação às doenças cardíacas e diabetes, por exemplo, enquanto 80% tem relação com o ambiente e estilo de vida do paciente”, assegura.

As escolhas que as pessoas fazem para o dia a dia são fundamentais para a prevenção dessas doenças, segundo o neurologista. “Uma característica presente nesta área é que o profissional precisa ser um exemplo de mudança de comportamento, porque para ele trabalhar com isso precisa ter experimentado essas mudanças e os efeitos que elas trazem”, complementa.

O Dr. Marcelo relembra que a obesidade fez parte da sua vida por um período e que esses mudanças comportamentais foram fundamentais para que ele se interessasse pela área. “Foi o momento que comecei a praticar exercícios físicos, mudei a minha alimentação e percebi o bem que estava me fazendo. A partir desse momento, me interessei por essa área e percebi que poderia fazer a diferença também na vida dos meus pacientes”, relembra.

‘O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo‘

O especialista aponta que o Brasil ocupava a quinta posição entre os países mais ansiosos do mundo e passou a ser o primeiro após o período da pandemia. “A ansiedade tem uma relação com o medo, então o medo durante o período da pandemia e a incerteza que ela trouxe tiveram um impacto grande nesses números”, ressalta.

Serviço

O Dr. Marcelo Rezende atende no Ed. Infinity, Sala 805, R. Nestor Guimarães, 77 – Estrela; e o telefone para contato é: (42) 3025-1325.

Confira a entrevista completa: