Domingo, 15 de Dezembro de 2024

“Nós trazemos características de todas gerações anteriores”, destaca o professor João Gonçalves

2023-06-21 às 14:59

O especialista em constelação familiar e sistêmica, professor João Douglas Gonçalves, trouxe informações para resolução de conflitos e reconciliação, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quarta-feira (21).

O professor faz uma analogia que na nossa vida carregamos uma mala, que traz aquilo que usamos e também aquilo que já não cabe mais usar. “É um conjunto de malas que carregamos, em que às vezes é leve ou pesada. Quando ela é leve, a vida flui em todos os sentidos. Mas quando ela é pesada, associada a diversos tipos de crenças que nossos antepassados nos deixaram, carregamos traços de todas essas características que nos foram passadas para a construção da nossa identidade”, explica.

Constelação familiar

Essas características genéticas e de crenças são passados de diversas gerações. “O que chama atenção não é as gerações mais próximas. O Bert Hellinger é considerado o mentor de todo o sistema das constelações familiares”, afirma. “Ele destaca que se você voltar 11 gerações são um pouco mais de 4 mil pessoas para que você pudesse existir hoje. Se nós voltarmos 30 gerações, estaremos mais ou menos em 1500, ou seja, significa ter mais gente atrás de você do que na terra neste ano. Nós vamos trazendo características de todas essas gerações carregando na nossa mala”, complementa.

Para João Douglas, a mala pode trazer ganhos para a vida pessoal se equilibrada, mas pode ser insustentável caso carregue peso demais. “Nós vamos fazendo com que a mala seja muito leve, com poucos objetos mas com muitos ganhos. Mas pode ser uma mala gigantesca, que se torna quase que insuportável”, ressalta. “Quando nós abrimos a mala, tomando consciência do que nos pertence, podemos tomar a decisão certa. Mas se ficamos com a mala fechada, tentando descobrir o que está dentro, oculto em cada um de nós a mala se torna muito pesada”, complementa.

Desafio da sociedade com essa bagagem

O professor acredita que o grande desafio da humanidade é saber a bagagem que cada pessoa carrega na sua mala. “Atrás de uma pessoa muito danosa à sociedade, existe um destino que está dentro dessa mala que ela carrega e que ela não pôde abrir”, afirma. “Essa pessoa não conseguiu contextualizar e perceber os efeitos dessa mala, para perceber o quanto ela era pesada”, completa.

Na prática, este movimento de parar e pensar nessa bagagem que cada pessoa carrega e o que pode agregar a ela não é feito por falta tempo ou até mesmo pelo movimento da sociedade. “Muitas vezes estamos no movimento [modelar] da sociedade, colocados a produzir, trabalhar, constituir família e ter filhos. Tudo aquilo que nós pré-recebemos das crenças dos nossos antepassados”, explica.

Esses processos de mudança de comportamento, que acontecem de geração em geração, não passam somente por uma constelação familiar, mas por uma abordagem fenomenológica sistêmica, segundo João. “Essa abordagem parte de percebermos aquilo que nos afeta no dia-a-dia, que nos causa prejuízos e danos, e se repetem como padrões como se fossem pequenos movimentos sutis semelhantes que vivenciaram gerações anteriores”, finaliza.

Serviço

Você pode acompanhar o trabalho de João Douglas Gonçalves pelo instagram ou pelo da sua esposa Mariza Fagundes Gonçalves.

Confira a entrevista completa: