A doula, Ariana Gomes, e a doula e representante da campanha ‘Maio Furta-cor’ em Ponta Grossa, Juliane Gibala Carico, comentaram sobre a violência obstétrica, qual o papel da doula e saúde mental materna, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta-feira (22).
Como começou a hospitalização do parto
A contextualização do cenário de parto é muito importante, para falar sobre violência obstétrica, segundo Ariana. “Antes de 1970, existia o parto caseiro, não existia a hospitalização do parto. E 75% dos partos aconteciam de forma natural, era um evento feminino cercado de mulheres, e tinha aqueles 15, 20% que precisavam de intervenção, que ainda não existia, e acabava morrendo o bebê ou a mãe [ou ambos]”, destaca. “Foi o momento que tivemos o primeiro contato do homem entrando no cenário de parto, para tentar salvar através de uma cesariana, que não existia, e às vezes conseguia se salvar o bebê e na maioria dos casos a mãe não”, complementa.
Violência obstétrica
Após esse período, começou a hospitalização do parto. “Era um ambiente majoritariamente masculino, porque até então eram os homens que tinham acesso à universidade. E quando as mulheres começaram a ganhar os bebês no hospital, os médicos não sabiam o que era o ambiente de parto”, explica Ariana. “Então começaram a aparecer alguns tipos de violência, porque o homem não achava o processo de parto natural e fisiológico. Porque realmente envolve dor, a mulher se expressa através de gritos, se movimenta, então em algum nível ele acreditava que precisava fazer algo para aliviar aquele sofrimento, sendo que na verdade era só deixar o parto acontecer naturalmente”, complementa.
Foi o momento que começaram algumas práticas sem base científica, segundo Ariana. “Naquela época era tudo novo, não existia nada com base científica em evidência. Então o homem começou a deitar essa mulher, impedir que ela se movimentasse durante o trabalho de parto, impedi-la de ter um acompanhante de sua escolha e estar em um ambiente com ou sem vestimenta, que era o que ficava mais confortável para a mulher”, ressalta. “Então tudo isso já se caracteriza como violência obstétrica, você tirar a liberdade dessa mulher. O corpo para parir naturalmente precisa se sentir seguro, confortável e a mulher estar em um ambiente que confia nas pessoas que estão ao seu redor, porque o parto é 80% psicológico e emocional e 20% físico”, aponta.
“Grande responsabilidade da violência nos partos normais não tem ligação com a fisiologia do corpo ou com o processo de parto em si. Ela tem mais a ver com uma má assistência, através de equipes que não estão preparadas para respeitar o protagonismo da pessoa que está parindo e entender que é um processo fisiológico, realizando até mesmo procedimentos que não têm evidência científica”, destaca Juliane. “A partir do momento que se usa esses procedimentos, já está acontecendo a violência obstétrica”, completa.
Sobre a violência obstétrica durante o procedimento de parto, Juliane destaca que ela não acontece somente por parte dos médicos. “Ela não acontece somente da parte dos médicos, mas todo o cenário obstétrico. Ela pode acontecer através do médico, da enfermeira, da técnica de enfermagem e até mesmo de algumas doulas”, afirma.
Doula
O papel da doula durante o processo obstétrico é de dar o suporte emocional, orientar e assistir a mãe no parto e nos cuidados com o bebê. “O ideal seria que todas as doulas trabalhassem com evidência científica”, orienta Juliane.
Parto normal e cesariana
As diferenças entre o parto normal e a cesariana são destacados pelas doulas. “O parto normal respeita a fisiologia do corpo da mulher, ele é o nascimento via vaginal”, explica Juliane. “A cesária é uma cirurgia de médio ou grande porte, que é feito o corte na região abdominal”, complementa.
Maio Furta-cor
Considerado o Mês das Mães, maio ganhou visibilidade com a criação da Campanha ‘Maio Furta-Cor’. O movimento, que aconteceu simultaneamente em todo o Brasil e em outros 17 países, teve como objetivo conscientizar e sensibilizar toda a população sobre o incentivo ao cuidado e promoção da saúde mental materna.
Serviço
Você pode conferir os conteúdos do ‘Maio Furta-cor’ através do site, instragram nacional e instagram de Ponta Grossa. Você também pode ter acesso aos conteúdos e entrar em contato com as doulas através do instagram.
Confira a entrevista completa: