REVISTA—Entre inúmeros competidores de variadas categorias do NPC Worldwide Musclecontest Ponta Grossa, primeira competição de fisiculturismo oficial da Federação Internacional de Fisiculturismo & Fitness realizada no município, em março, destacou-se Barbara Cristina da Silva, que venceu a categoria feminina aberto peso leve (Women’s Bodybuilding – Open Lightweight). A atleta de 40 anos começou a treinar aos 32. “Comecei a treinar por gostar de esportes, tanto que o meu objetivo é ser professora de academia. Meu ex-namorado era fisiculturista e, quando terminei, o pessoal começou a me incentivar a competir. Acabei tomando como um desafio para mim”, relata Barbara.
Em meio a uma rotina puxada, a fisiculturista encontrava tempo para treinar no intervalo entre dois empregos. “Na época do campeonato, ela trabalhava numa padaria. Acordava às 5h da manhã, ralava até umas 14h. Das 14h às 16h30 treinávamos e, depois das 17h até meia-noite, trabalhava numa lanchonete como chapeira”, conta o treinador Irineu Scheirner, conhecido no meio como Irineu Father.
Com tão pouco tempo para descansar, “manter o foco” é o segredo para garantir o pique, segundo a fisiculturista. Barbara combina dois tipos de treinos: musculação de segunda a sábado, e boxe, nas terças e sextas, com o professor Marcelo Martins, da Upper Boxe. O foco é também parte crucial na preparação para as competições, quando elas se aproximam. “Três meses antes da competição, já intensifica os treinos. Uma semana antes, já pegamos mais leve. A dieta também mantenho. Porém, na semana da competição, ela se intensifica: na semana final, corto totalmente os carboidratos”, diz.
Conhecida por valorizar o volume, a definição muscular e a proporção do corpo, a categoria Women’s Bodybuilding tinha Barbara como única competidora no Musclecontest Ponta Grossa. Outras mulheres competiram nas categorias Figure – com menos ênfase em volume – e Fit Model – padrão mais suave e equilibrado, mais “natural” e menos muscular. “É difícil ter mulheres na minha categoria por ser uma categoria grande, mas hoje em dia as mulheres estão abrindo mais a cabeça sobre esse assunto, deixando o preconceito de lado”, comenta. O grande adversário, porém, foi a timidez. “Sou uma pessoa muito insegura referente ao meu corpo. Então, ter subido no palco de biquíni, na frente de muitas pessoas, foi o meu maior desafio”, revela.
Para a fisiculturista, vencer o Overall como Woman Bodybuilder em Ponta Grossa representa um incentivo para outros campeonatos que virão. “As competições que eu tiver oportunidade de competir, em outras cidades, vou tentar, e continuar na musculação e fazendo dietas”, frisa. Contudo, a participação nas competições exige alguns custos, como inscrições, deslocamento, hospedagem e alimentação. Para arcar com essas despesas, Barbara ainda não possui nenhum patrocínio, mas se mantém aberta a propostas.
Depois de deixar o emprego como padeira, Barbara nutre ambições profissionais em relação ao fisiculturismo. “Meu objetivo é ganhar mais algumas competições, para ajudar no meu currículo, e me tornar professora de academia”, relat. Enquanto não vem o ProCard de fisiculturismo, a atleta afirma que pretende investir num curso de vigilante.
Texto publicado originalmente na edição 307 da Revista D’Ponta.