Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024

Padre Joel Nalepa fala sobre autorização de bênçãos a casais do mesmo sexo na Igreja Católica

2024-01-08 às 17:05
Foto: Moisés Kuhn/D’Ponta News

Uma decisão histórica do Papa Francisco teve grande repercussão desde que foi anunciada, em 18 de dezembro de 2023. A nova orientação é que qualquer casal do mesmo sexo pode receber uma bênção em qualquer igreja católica. O padre Joel Nalepa, pároco na paróquia Santa Teresinha em Ponta Grossa e diretor geral da Rádio Santana, participou do programa Manhã Total desta segunda-feira (8), transmitido pela Rádio Lagoa Dourada FM (105.9 FM para Ponta Grossa e 92.9 FM para Telêmaco Borba), e comentou sobre o tema polêmico.

Nalepa destaca que o Papa Francisco está fazendo aquilo que o próprio evangelho diz: “respeitar e valorizar as pessoas”. “Ninguém está privado do amor de Deus e a prática de Jesus sempre foi essa, de acolher, abençoar e convidar todas as pessoas para que se esforçassem para viver os valores do Evangelho, só que a forma com que se faz, como se diz, como nós compreendemos cada uma das decisões do Papa Francisco, aí a repercussão é grande”, reflete.

O sacerdote explica que a bênção aos casais do mesmo sexo não se trata de um matrimônio, pois para conceder este sacramento é necessário cumprir três fundamentos principais: o primeiro é a manifestação de que o casal concorda com o casamento uno e indissolúvel. “Outra questão é a finalidade do matrimônio, que é a disposição de um viver fazendo o outro feliz, ou seja, não é egoísmo, vou casar porque eu quero ser feliz, os dois que se encontram, fazem o caminho e discernimento e descobrem que um vai ajudar o outro a ser feliz e como consequência vai ser feliz também”, diz. E o terceiro fundamento é a condição natural de geração e educação dos filhos. “Aquilo que está dito no livro de Gênesis: “Crescei e multiplicai-vos”. É imprescindível que quando duas pessoas vão casar, possam ter filhos”, completa.

Segundo o padre, a polêmica está na bênção que parece ser a celebração do matrimônio. “A igreja aceita e acolhe todas as pessoas, porém a bênção que o Papa diz que é possível, e que não se nega a ninguém, ela não é ritual e nem é litúrgica, é uma bênção pastoral, é o acolhimento da pessoa ou das pessoas que pedem uma bênção e que a Igreja nunca vai negar. Abençoar significa dizer para a pessoa, para uma situação, uma realidade que está acontecendo, que Deus nos ilumine, abençoe. A bênção que o Papa diz para não negar é justamente para que a Igreja seja uma Igreja acolhedora e pastoral”, pontua.

Nalepa reconhece a necessidade de a Igreja Católica falar mais sobre temas que são considerados tabus até hoje. “Temos que pensar assim: estamos lidando com uma igreja que é mais liberal e antes era mais conservadora, ou o Papa Francisco está tendo a coragem de mexer em alguns tabus que sempre estiveram presentes na igreja? Há 50 anos atrás um pai não admitia que um filho se manifestasse como homoafetivo, nem por isso deixava de existir, mas as pessoas não falavam sobre isso. Hoje a própria aceitação da sociedade e a própria igreja reconhece algumas questões que sempre existiram”, destaca. Entretanto, ele enfatiza que para o sacramento do matrimônio “é preciso que esses elementos citados existam, para fazer a celebração, para que seja válido. Fora isso, em hipótese alguma, é possível fazer o casamento”, acrescenta.

Confira a entrevista completa: