Quinta-feira, 11 de Setembro de 2025

Padronização do CimSamu modifica exclusividade de ambulâncias em PG; entenda

2025-09-11 às 16:28
Foto: Camila Souza / D’Ponta News

Por Camila Souza

O atendimento de urgência pelo Samu em Ponta Grossa passa por mudanças após a decisão do Consórcio Intermunicipal do SAMU dos Campos Gerais (CimSamu) de padronizar o serviço em todos os 28 municípios consorciados. A medida foi aprovada em Assembleia Geral realizada em 25 de julho e detalhada em reunião extraordinária nesta quinta-feira (11), no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com presença de prefeitos, representantes do consórcio e da prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt. A base do Samu regional conta hoje com cinco ambulâncias de suporte básico (Bravo) e duas de suporte avançado (Alfa).

Com a padronização dos serviços, Ponta Grossa passa a adotar o mesmo modelo dos demais municípios do consórcio, com equipes e viaturas totalmente terceirizadas. Antes da mudança, Ponta Grossa mantinha de forma exclusiva duas ambulâncias bravo e uma Alfa, o restante eram deslocadas para outras cidades quando necessário. Além disso, parte da equipe era cedida ao Consórcio.

Com o novo formato, continuam duas Bravos para atender a cidade. A mudança está na Alfa que era exclusiva e agora passa a operar em sistema de alternância, podendo ser acionada em ocorrências nos demais municípios do Consórcio em caso de extrema necessidade.

A diretora-geral do CimSamu, Emanuelle de Matos, explicou que Ponta Grossa era a única cidade com viaturas próprias. “O Samu é de formato regional nos 28 municípios que nós abrangemos e fazemos a administração do serviço. Ponta Grossa possuía um formato diferente com duas viaturas que ficavam exclusivamente na cidade”, afirma.

Com a mudança, todas as unidades passam a funcionar sob a mesma lógica administrativa. “Os prefeitos e gestores votaram pela terceirização integral das viaturas de Ponta Grossa porque todos os demais municípios já fornecem um serviço de formato terceirizado. Era apenas Ponta Grossa que tinha duas viaturas que eram coincididos, os demais profissionais já são terceirizados”, completa.

Segundo Emanuelle, a cidade não ficará desassistida mesmo com o novo modelo. “Logicamente que a Central de Regulação manterá uma no município pra que assim tenha disponibilidade quando necessitar no município. Em alguma eventualidade e uma necessidade maior de suporte ela também poderá auxiliar. Mas não ficará sem viaturas”, garante.

Uma das mudanças operacionais destacadas pela diretora é a alternância entre as duas viaturas de suporte avançado, que antes não ocorria. “Antes não havia alternância e apenas uma realizava viagens e hoje as duas poderão fazer”, explica.

Segundo ela, isso amplia a capacidade de atendimento sem comprometer a resposta dentro da cidade. “A necessidade de Ponta Grossa pelo número de ocorrências se identifica sendo maior e então sempre fica uma no município para dar o suporte”.

Ela ainda explicou como a cidade poderá contar com o apoio médico mesmo diante de limitações operacionais. “Os médicos que estão na Central de Regulação, são médicos intervencionistas. Caso não tenha viatura e exija um profissional médico em uma viatura, ele pode tripular outra viatura bravo e colocando os equipamentos necessários e poderá fazer o atendimento também”.

Sobre a adaptação da viatura para atendimento avançado, ela explicou que “ela já tem o suporte básico, o que elas não têm são os equipamentos. Esses equipamentos têm na reserva da Central de Regulação, talvez não vai ter todos os equipamentos mas tem o profissional médico para dar esse primeiro atendimento e dar sequência caso necessário”.

O que diz a Prefeita?

A prefeita de Ponta Grossa também comentou a padronização. Segundo ela, a cidade terá atendimento garantido com as ambulâncias alocadas. “Temos duas bravos e uma alfa que são exclusivas para Ponta Grossa. A segunda alfa vai atender Ponta Grossa e também em casos esporádicos como os grandes acidentes, vai atender toda a região. Nós teremos atendimentos e suporte na nossa cidade”, afirma.

Ela também mencionou que está em análise a situação dos servidores municipais cedidos anteriormente ao consórcio. “O CimSamu apresentou uma proposta para Ponta Grossa em relação aos servidores que estavam cedidos para o Consórcio e que são de Ponta Grossa, isso vai se transformar em uma outra questão que nós ainda estamos analisando”.

“Vai ser uma tragédia”

Apesar das garantias oferecidas pelo consórcio, há preocupação entre os profissionais que atuam no serviço. Um colaborador ouvido pela reportagem avalia que o novo modelo pode comprometer a agilidade no atendimento. “Esse formato que eles já tinham apresentado, eles só estão falando de uma outra forma agora, mas vai ser uma tragédia, a gente já havia comentado com outras equipes”, disse.

Para ele, o fato de as ambulâncias poderem sair para atendimentos em outros municípios pode gerar lacunas no serviço em Ponta Grossa. “Essa ambulância que ficava exclusiva para atender Ponta Grossa, quando for necessário, agora ela vai estar atendendo outros municípios, que são todos longe. Por exemplo, Carambeí, que é o município mais próximo, mínimo em uma ocorrência de ida e volta é uma hora e meia, dependendo de onde for levar o paciente. Isso se não for transferir esse paciente para outro município. Ponta Grossa vai ficar sem a ambulância”, avalia.

CimSamu

O CimSamu é o responsável pelo gerenciamento do atendimento móvel de urgência nos Campos Gerais, atuando desde 2019. O consórcio é composto por 28 cidades das 3ª, 4ª e 21ª Regionais de Saúde e tem sede em Ponta Grossa. A estrutura administrativa atual inclui prefeitos da região, com presidência de Juca Sloboda, de Jaguariaíva.