Terça-feira, 26 de Agosto de 2025

Pendências judiciais e recomendações travam retorno das obras no Aeroporto de PG

Retomada depende de novo acordo com a Infraero e de definições legais sobre contratos suspensos
2025-08-05 às 18:34
Reprodução / Aeroin

As obras no Aeroporto Comandante Antonio Amilton Beraldo, em Ponta Grossa, permanecem indefinidas devido a impasses jurídicos e administrativos que paralisaram os serviços de apoio à fiscalização da Infraero, a empresa estatal responsável pela infraestrutura aeroportuária. Conforme o parecer jurídico nº 1.212/2025, divulgado pela Procuradoria Especializada do município, a suspensão dos trabalhos é resultado de decisões judiciais, especialmente no que se refere ao contrato 144/2022, e de determinações do Tribunal de Contas da União (TCU).

Desde 2023, a Infraero já alertava sobre a necessidade de ajustes contratuais para a retomada dos serviços, que dependiam da resolução dessas pendências judiciais. O órgão destacou que, em caso de paralisação contínua, o contrato deveria ser prolongado oficialmente, o que impossibilitaria ações retroativas para o reinício das atividades. Além disso, qualquer reativação contratual exigiria a atualização dos valores conforme a inflação e as regras do acordo inicial.

A Procuradoria recomenda que o município inicie novas tratativas com a Infraero para um novo contrato, adaptado à nova Lei de Licitações. O parecer aponta dificuldades no cálculo de prazos e na atualização de valores e quantitativos. Também ressaltou as limitações no acesso a processos administrativos sigilosos, como o SEI 02071/2023, o que dificulta a transparência das decisões recentes.

Disputa judicial e falta de voos

A paralisação decorre principalmente do processo de licitação para as obras de ampliação, anunciado em 2019. Uma disputa judicial iniciada em 2021, após o resultado da licitação, gerou diversas decisões conflitantes. O contrato da empresa vencedora chegou a ser anulado, mas o Tribunal de Contas da União (TCU), em 2022, reverteu essa anulação e devolveu a responsabilidade pela obra à empresa original.

Essa sequência de eventos causou aditivos e mudanças nos prazos. Mesmo com a atualização do cronograma para 2025, novas decisões judiciais suspenderam as obras novamente neste ano. O processo tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública de Ponta Grossa. O impasse é um dos principais motivos para a paralisação das obras e a ausência de voos comerciais regulares na cidade desde março de 2025. O TCU também acompanha o caso, com recomendações sobre a legalidade dos contratos e a destinação dos recursos federais, que ultrapassam R$ 35 milhões.

O Aeroporto Comandante Antonio Amilton Beraldo vive um momento delicado desde a saída da Azul Linhas Aéreas, a única companhia que operava na cidade. A Azul justificou a decisão com o aumento de custos operacionais, a crise na cadeia de suprimentos e a falta de aeronaves. A empresa revisou sua malha para equilibrar oferta e demanda. Em 2024, mais de 16 mil passageiros utilizaram o aeroporto.

A falta de conectividade aérea compromete a competitividade de Ponta Grossa, um dos principais polos industriais e agropecuários do Paraná. O isolamento aéreo limita o acesso a mercados, encarece deslocamentos e impacta negócios e o turismo. As autoridades municipais, como a prefeita Elizabeth Schmidt, e entidades de classe buscam agora apoio político e negociam incentivos para tentar convencer a Azul ou outras empresas a voltarem a operar. A expectativa para o rápido retorno dos voos depende da resolução das pendências administrativas e da retomada das obras de modernização.