Segunda-feira, 10 de Março de 2025

Pesquisadores de PG propõem nova abordagem para tratamento de câncer de mama

2025-03-10 às 15:53

Foi publicado recentemente na ecancer, importante periódico internacional, um estudo que propõe uma nova abordagem para o tratamento do câncer de mama HER-2 positivo, uma das formas mais agressivas dessa doença. Utilizando um modelo matemático de rede complexa, também conhecida como teoria dos grafos, os pesquisadores Pedro Grachinski Buiar, oncolologista do Complexo Ispon, José Danilo Szezech Junior, Matheus Rolim Sales e Giovani Marino Favero investigaram as interações moleculares entre fatores tumorais e descobriram que certos elementos, como as metaloproteinases MMP2 e MMP9, desempenham um papel crucial na progressão do câncer.

O câncer de mama HER-2 positivo, que é caracterizado pela produção excessiva do receptor HER-2, tem sido tratado com terapias como o trastuzumabe (Herceptin), que bloqueia o receptor HER-2 e melhora a sobrevivência dos pacientes. No entanto, a progressão da doença pode envolver diferentes processos moleculares. O estudo propôs uma análise inovadora, em que foi construído um modelo de rede para simular como essas moléculas interagem dentro do microambiente tumoral.

“A teoria dos Grafos nos permite abstrair sobre modelos biológicos complexos compostos por múltiplas variáveis, avaliando a interação entre eles. Redes complexas são a regra quando falamos de modelos biológicos de fisiologia e fisiopatologia. É muito interessante a utilização de um modelo matemático para responder questões e investigar tópicos dentro das ciências biológicas”, explica o pesquisador Pedro Buiar.

Resultado

As metaloproteinases são enzimas que quebram proteínas na matriz extracelular e facilitam a invasão e disseminação das células tumorais. Esse estudo revelou que a remoção das metaloproteinases MMP2 e MMP9 da rede causou uma significativa alteração no fluxo de informações através da via HER-2, sugerindo que essas metaloproteinases desempenham um papel central no controle da atividade tumoral.

Os resultados indicaram que a inibição dessas moléculas pode ter um impacto terapêutico importante ao modificar o comportamento da rede de sinais do câncer de mama.

Baseados nesta suposição, os pesquisadores sugerem que uma abordagem terapêutica que combine inibidores de MMP2/MMP9 com terapias direcionadas ao HER-2, poderia ser uma estratégia promissora para combater a doença com menos efeitos colaterais sistêmicos, como explica Pedro Buiar:

“A molécula HER-2 funciona como um alvo terapêutico, um receptor que se liga a um medicamento chamado Trastuzumabe, um anticorpo monoclonal. O Trastuzumabe já é utilizado na oncologia como um míssil teleguiado que se liga ao receptor do tumor e entrega dentro do tumor moléculas de quimioterapia, destruindo assim as células tumorais. Combinar o Trastuzumabe com inibidores de metaloproteases poderia trazer uma forma diferente de atacar este tipo de câncer de mama”, esclarece o médico.

Embora os resultados sejam promissores, mais testes laboratoriais e clínicos são necessários para confirmar essas descobertas e garantir a eficácia dessa estratégia terapêutica.

O estudo inovador mostra como as tecnologias matemáticas podem ser utilizadas para avançar no entendimento do câncer e desenvolver novas possibilidades de tratamento, abrindo caminho para futuras terapias personalizadas no combate ao câncer de mama HER-2 positivo.

A pesquisa está disponível no site do ecancer – clique aqui para acessar.

da assessoria