Durante entrevista no programa ‘Manhã Total’ da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM), nesta sexta-feira (23), a assistente social Juscelaine Sequinel, da Vara da Infância e Juventude de Ponta Grossa, trouxe reflexões importantes sobre a adoção no Brasil, em especial no contexto da Semana da Adoção e do Dia Nacional da Adoção, celebrado neste domingo (25).

“Pelo Tribunal de Justiça, a abertura da semana da adoção será na segunda-feira. Mas em Ponta Grossa já iniciamos as ações alusivas com vários momentos, entrevistas”, destacou. Entre os eventos programados, está um piquenique especial com famílias formadas por adoção, que acontece no Parque Monteiro Lobato, às 9h, neste domingo (25).

Juscelaine reforçou que adoção vai muito além de um ato legal, é a construção de vínculos afetivos profundos. “Os laços que são formados pelo coração e escolha que fizeram são mais fortes que os laços consanguíneos. Vemos isso todo dia no nosso trabalho na Vara da Infância”, relatou.

Ela também explicou que muitas famílias optam por adotar mais de uma vez. “Tem famílias que fazem a adoção de um e ainda continuam na fila para uma nova adoção”, informou.

Segundo ela, é essencial que a história da criança seja tratada com respeito e verdade. “Sempre orientamos para as famílias contarem para as crianças da outra mãe, não denegrir a imagem da mãe e fazer com que a criança se sinta rejeitada”, disse.

Perfil das crianças e fila de adoção
Atualmente, a fila de pretendentes  para adoção em Ponta Grossa, é grande, são 176 pessoas, entre casais héteros, homoafetivos e adotantes solos. No entanto, apenas 17 crianças estão aptas à adoção. Dentre elas, quatro são adolescentes entre 12 e 17 anos, faixa etária com menos procura. “Temos dois grupos de três irmãos, variando entre 1 e 12 anos. Nesse caso os irmãos não podem ser separados porque há um vínculo entre eles que é muito forte”, informou.

Sobre o tempo de espera, ela esclareceu que “A família pretendente tem o direito de escolher o perfil da criança como a idade e até mesmo o sexo e etnias. Tudo isso vai influenciar no tempo de espera na fila de adoção”, disse.

Entrega consciente
Um dos pontos mais sensíveis abordados foi o programa ‘Entrega Consciente’, que permite à mulher entregar legalmente seu filho para adoção, com apoio e sem julgamentos. “É uma lei. A mulher tem esse direito e deve ser acolhida como ela merece. Livre de julgamentos e encaminhada para a Vara da Infância”, contou a assistente. “A mulher pode ir até a Vara da Infância para saber como é o processo e a gente vai orientar. Ela também pode desistir da entrega e ela será respeitada”, concluiu. Além disso, Juscelaine informou que a mãe pode até mesmo optar entregar a criança na maternidade.

Processo de adoção e cuidados com a criança
Juscelaine explicou que o processo de destituição familiar, necessário para tornar a criança apta à adoção, leva pelo menos 180 dias. E só após esse período, caso não haja recursos, é que a criança será disponibilizada. “Ela só vai ser destituída do lar e ser encaminhada para a adoção após todos os estudos necessários serem feitos e comprovar que não há condições da criança ficar com a família”, informou. Além disso, o segredo de justiça protege todas as partes envolvidas, ou seja, adotantes não recebem nomes ou dados dos pais biológicos e vice-versa.

Convivência e vínculo
Outro ponto abordado na entrevista foi o cuidado realizado por toda a equipe, onde a  preparação para adoção vai além da burocracia. Envolve acolhimento, orientação e, acima de tudo, respeito à história da criança. “Não se retira a criança de uma família e coloca em outra, ela precisa ser trabalhada para aceitar a adoção”, afirmou.

Para aqueles que tem interesse em entender mais sobre a adoção, no domingo (25) como forma de encerramento da programação da Semana, ocorrerá um piquenique no Parque Monteiro Lobato, localizado na Rua João Schaia com a Av. Ernani Batísta Rosas, no Jardim Carvalho, em Ponta Grossa.

Serviço
Vara da Infância e Juventude de Ponta Grossa
Endereço: Fórum da Comarca de Ponta Grossa, na Rua Dr. Leopoldo Guimarães da Cunha, nº 590, em Oficinas.
Telefone: (42) 3309-1791

Veja a entrevista na íntegra: