Domingo, 05 de Maio de 2024

Ponta Grossa registrou nove apagões nos primeiros três meses de 2024

2024-04-25 às 10:38
Foto: Shutterstock

Informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), compiladas pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR) e pelo Apagômetro, mostram que a cidade de Ponta Grossa registrou nove apagões desde o começo de 2024, sendo cinco deles no mês de janeiro, um em fevereiro e outros três em março. Dessa maneira, o município se junta a outros 389 que já foram atingidos por quedas de energia no Paraná – de acordo com o Apagômetro, apenas nove cidades do estado não foram afetadas.

Hoje empresa privada, a Copel tem enfrentado críticas pelos serviços prestados e pela demora no restabelecimento de energia – críticas estas que partem de moradores de centros urbanos e produtores rurais. Dados elencados pelo Senge-PR mostram que entre setembro e dezembro de 2022, quando a companhia ainda era pública, e 2023, após a privatização, os serviços apresentaram piora. Entre as pioras está o Número de Ocorrências Emergenciais com Interrupção de Energia Elétrica (NIE). Informações presentes no site da Aneel mostram que usando como comparativo os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2022 e 2023, a Copel registrou um aumento no NIE – a única exceção sendo no nono mês na região de sul de Ponta Grossa, quando o número caiu de 205 para 109.

O deputado estadual Arilson Chiorato (PT), um dos principais críticos da privatização da Copel e idealizador do Apagômetro, mostra preocupação com o cenário. “O desmonte se intensificou com a venda da Copel. O tempo de espera para reestabelecimento do serviço também aumentou. Em dezembro de 2022, a média era de 175 minutos. Em dezembro do ano seguinte saltou para 306 minutos. Ou seja, mais de cinco horas”, afirma.

“Nós temos percebido que o problema dos apagões e da demora no restabelecimento de energia tem crescido, principalmente após a privatização. É um problema que atinge todo estado. Aumentaram em 41% as ocorrências e em 55% o tempo de reparo. Antes levava 4 horas. Agora subiu para 6h36min. E 56% das unidades consumidoras que sofreram quedas acontecem na área rural. 176 unidades consumidoras ficaram mais de sete dias sem luz. Nós temos que cobrar isso da Copel, que passou a ter energia como um negócio”, aponta o engenheiro eletricista Leandro Grassmann, presidente do Senge-PR.

A afirmação vai de encontro ao posicionamento de Chiorato. “Os números não deixam mentir. Além disso, com os dados da última assembleia que ocorreu na segunda-feira (22) em que aumentaram substancialmente a remuneração da diretoria, em 429% no período de um ano, e, com isso, o diretor-presidente vai passar a receber todos os meses R$ 380 mil, diante dessas informações não restam dúvidas quais são as prioridades da Copel privatizada: enriquecer um pequeno grupo de pessoas enquanto o serviço padece”, aponta.

Confira abaixo os dados refererentes ao NIE comparando os quatro últimos meses de 2022 e 2023:

Ponta Grossa Norte

Setembro de 2022: 205
Setembro de 2023: 221

Outubro de 2022: 218
Outubro de 2023: 316

Novembro de 2022: 165
Novembro de 2023: 282

Dezembro de 2022: 228
Dezembro de 2023: 265

Ponta Grossa Sul

Setembro de 2022: 205
Setembro de 2023: 109

Outubro de 2022: 120
Outubro de 2023: 183

Novembro de 2022: 91
Novembro de 2023: 160

Dezembro de 2022: 80
Dezembro de 2023: 160

Copel

Procurada pela reportagem do D’Ponta News, a empresa afirma que o aumento no número de desligamentos aconteceu devido às tempestades. Confira abaixo:

“A Copel informa que os desligamentos que atingiram o município de Ponta Grossa desde o último trimestre do ano passado foram causados majoritariamente por tempestades, com ventos fortes e alta incidência de raios.

Em janeiro e fevereiro de 2024, foram registrados quatro grandes temporais na região, com mais de 40 situações de rajadas de vento com velocidade superior a 40 km/h (número três vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado), além de duas mil descargas atmosféricas“.

Sobre o aumento no NIE, a empresa alega novamente que o principal motivo foi o clima. “Entre outubro e dezembro de 2023, as condições climáticas apresentaram nível de severidade muito superior em relação ao mesmo período de 2022. As equipes da Copel trabalharam no conserto de estragos na rede causados por 15 grandes temporais em todo o Paraná. Somente em Ponta Grossa a incidência de descargas atmosféricas neste período foi 2,5 vezes maior do que no mesmo período de 2022, mesma proporção de aumento das rajadas de vento superiores a 40 km/h, com registro de 170 episódios apenas no último trimestres de 2023”, afirma.

Para Arilson Chiorato, apontar intempéries como os únicos responsáveis pelas quedas e interrupções do serviço é “brincar com a inteligência da população”. “Partindo do princípio que as chuvas causam estragos, e de vez em quando causam mesmo, quais medidas a Copel têm tomado para reestabelecer os serviços? Aliás, qual é o padrão de atendimento para esses casos? O que temos são dados que demostram a deterioração do serviço com a privatização”, conclui o parlamentar.

Em resposta, a Copel afirma que “para melhorar a qualidade do fornecimento de energia, a está investindo em 2024, em todo o Paraná, R$ 2,1 bilhões em modernização da rede elétrica, o maior montante já aplicado pela companhia em um ano”. “Na região de Ponta Grossa, Campos Gerais, e Centro-Sul do Estado, estão sendo destinados R$ 442 milhões à ampliação e modernização de subestações, linhas, redes e no desenvolvimento dos seus principais programas de melhorias. Somente no município são R$ 102 milhões em obras neste ano. As melhorias no município incluem a ampliação de subestações, novas linhas de distribuição, construção de redes, além dos programas Rede Elétrica Inteligente e Paraná Trifásico. Paralelamente, no início do ano, a companhia colocou em operação no município a nova subestação Lea Martins, de 138 mil volts, empreendimento que recebeu R$ 50 milhões em investimentos e contribui para reforçar a qualidade do fornecimento de energia aos ponta-grossenses”, finaliza a nota.

Apagômetro

Lançada em março, a plataforma permite que os usuários relatem quedas de energia. No site, o cidadão pode ainda preencher um formulário e registrar sua própria reclamação sobre falhas nos serviços da Copel. Clique aqui para acessar.