Por Camila Souza
Ponta Grossa não registrou nenhum caso de feminicídio entre janeiro e junho de 2025. A informação foi confirmada pela delegada da Delegacia da Mulher, Cláudia Kruger. Para ela, o dado positivo pode estar relacionado à aplicação rigorosa da Lei Maria da Penha e à atuação de campanhas de conscientização junto à comunidade.
“Ainda que seja um crime que envolve as mais diversas circunstâncias, com viés de uma cultura machista, sexista, questões de drogadição, a efetividade na aplicação da Lei Maria da Penha, a qual é bastante severa, e ainda, campanhas de conscientização junto à comunidade, nas escolas e empresas, podem ser considerados como pontos relevantes nesse enfrentamento”, avalia.
Apesar de não ter registrado feminicídios, a Delegacia da Mulher já solicitou 904 medidas protetivas neste ano até esta terça-feira (22), o que demonstra que a violência de gênero ainda é uma preocupação no município.
A cidade também participou das ações do Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, celebrado nesta terça-feira com a 3ª Caminhada do Meio-Dia, realizada na Praça Barão do Rio Branco. A data foi instituída pela Lei nº 19.873/2019, sancionada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, em memória da advogada Tatiane Spitzner, vítima de feminicídio em 2018, em Guarapuava.
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No Paraná, no entanto, a realidade é outra. Segundo dados do Monitor de Feminicídios no Brasil (MFB), vinculado ao Laboratório de Estudos de Feminicídios da Universidade Estadual de Londrina (Lesfem/UEL), 179 casos de feminicídio, consumados ou tentados foram registrados entre janeiro e junho de 2025. Isso representa quase um caso por dia (0,98). Em relação ao mesmo período de 2024, houve uma redução de 7,7%, quando foram registrados 194 casos.
Do total,58,66% foram tentativas e 41,34% resultaram na morte das vítimas. Em 80% dos casos, os agressores eram companheiros ou ex-companheiros. Apenas 9% das vítimas haviam feito denúncia prévia. A média de idade das mulheres mortas ou feridas foi de 31 anos, enquanto a dos autores foi de 32.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP/PR) também divulgou dados que mostram a extensão da violência contra a mulher no Paraná. Entre janeiro e maio de 2025, foram 101.743 casos de violência contra a mulher registrados. Desses, 31.331 se referem à violência doméstica, que se configura quando a agressão ocorre em contexto familiar.
Em casos de violência, a mulher pode registrar boletim de ocorrência pela internet através da Polícia Civil do Paraná (AQUI). Também é possível buscar atendimento presencial em delegacias da Polícia Civil ou Delegacias da Mulher. Em Ponta Grossa, a unidade especializada está localizada na Rua XV de Novembro, nº 909, no Centro, com atendimento pelo telefone (42) 3309-1300, WhatsApp (42) 3309-1303 ou e-mail [email protected]
Nos casos em que o crime estiver ocorrendo no momento, o recomendado é ligar para o 190. Já para denúncias em outras situações, o canal 181 ou o site oficial podem ser utilizados (ACESSE AQUI).
A legislação brasileira considera como violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação baseada em gênero que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, ou ainda dano moral ou patrimonial, dentro de um contexto doméstico, familiar ou de relação íntima de afeto.
As formas de violência classificadas pela Lei Maria da Penha incluem agressões físicas, psicológicas, sexuais, patrimoniais e morais, sendo todas passíveis de denúncia e atendimento especializado.