Terça-feira, 16 de Setembro de 2025

Projeto do HU-UEPG previne amputação de pernas e pés de pacientes com doenças vasculares

2025-09-16 às 14:34
Foto: Jéssica Natal

A pesquisa e a extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) se uniram na busca pela saúde e bem-estar de pacientes do Hospital Universitário (HU). Alunos, professores e profissionais atuam no atendimento a pessoas com doenças vasculares e previnem a amputação de membros inferiores, como pernas e pés. Intitulado ‘Confiabilidade da Avaliação Remota das Úlceras de pé diabético através de imagens de dispositivos móveis e classificação WIfI’, o projeto oferece orientações e atendimentos em saúde à população. Os dados coletados, futuramente, irão contribuir para o desenvolvimento de ferramentas de telemedicina.

O principal objetivo do projeto, segundo o coordenador, professor Ricardo Zanetti, é salvar pernas e pés dos pacientes. O foco do atendimento são pessoas com patologias vasculares crônicas, como diabetes, colesterol, doença arterial obstrutiva e pacientes tabagistas. “Trabalhamos, seja na orientação desses pacientes, seja na prescrição de cuidados com a dieta, exercícios físicos ou terapia medicamentosa”, ressalta o docente. Ele complementa que este trabalho acontece antes ou depois da consulta – até mesmo no local de espera, antes da entrada no consultório.

“Queremos desenvolver a autonomia do paciente, levar conhecimento, para que ele tenha a escolha de fumar ou não fumar, de escolher o alimento que vai consumir e entender o porquê de tomar determinado medicamento”, salienta Zanetti. O trabalho de orientação acontece de forma multiprofissional, com estudantes e profissionais das áreas de Medicina, Enfermagem, Psicologia e Serviço Social. Os alunos participantes são desde o segundo ano da graduação, pós-graduação lato e stricto sensu, até o pós-doutorado.

Jessica Fernanda Moreira da Costa, aluna do segundo ano de Medicina, iniciou o aprendizado prático no HU, por meio do projeto. “É muito diferente você ler na teoria e depois vir aqui aprender na prática, pois a gente consegue entender a necessidade dos pacientes e praticar tudo aquilo que a gente aprendeu em sala de aula”, conta. Os atendimentos acontecem nos ambulatórios do Hospital – os alunos avaliam os pacientes, analisam as comorbidades, anotam os dados e tiram fotografias das pernas e pés. Todos os dados compõem a pesquisa dos alunos da pós-graduação. “Aqui no HU, a gente aprende muita coisa prática, que vai além da teoria, o que solidifica o conhecimento, além de ser muito importante o contato com o paciente”, salienta o aluno de Medicina, Thomás Garcia Miranda Santos, que também participa do projeto.

Cuidados e ciência

O atendimento também abrange cuidados com pacientes que não puderam prevenir as doenças vasculares e que estão com as pernas e pés com feridas. “Simultaneamente com tudo isso, a gente coleta dados, para que essas ações sejam transformadas em resultado de pesquisa”, adiciona Zanetti. É a partir desse passo que entram os pesquisadores de Mestrado, como Mariana Emanuela Borges, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. A pesquisa dela busca analisar características preditivas de risco de amputação, a partir de fotografias de pernas e pés de pacientes.

“Nosso trabalho de pesquisa busca integrar a telemedicina nos atendimentos dos pacientes que são diabéticos. Nessa fase do estudo, estamos vendo se é compatível a avaliação que a gente faz presencialmente no paciente para uma avaliação realizada de forma remota, com informações que são transmitidas pelo paciente, juntamente com a fotografia tirada pelo celular”, explica Mariana. O objetivo é que no futuro seja possível avaliar as pernas e pés de pacientes com doenças vasculares, que enviarem as fotografias de casa. “Assim, a gente consegue otimizar esse tratamento do paciente a distância, direcionando ele para o atendimento mais adequado”, complementa.

A coleta de dados para a pesquisa começou em maio de 2025, e o planejamento inclui a criação de aplicativos de telemedicina e sistemas de Inteligência Artificial, que auxiliem na análise de dados enviados pelo paciente. “É uma pesquisa rica, pra gente pensar também em outras possibilidades acerca do mesmo quadro de saúde”, finaliza Mariana.

Retrospecto

Com a chegada de bolsistas da pós-graduação, o projeto, que já tem 13 anos de história, se solidifica com auxílio da pesquisa. Para Ricardo Zanetti, a equipe evoluiu do ponto de entender o que significava trabalhar a extensão juntamente com o ensino e a pesquisa. “Então, nosso trabalho é exercer o nosso olhar para a comunidade, para o indivíduo que tem um problema. Inicialmente, nossa visão era muito voltada para o trabalho do médico, e agora com uma equipe multidisciplinar, há um ganho muito grande também para os alunos”.

da UEPG