Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024

Rangel diz que cloroquina já foi usada “com sucesso” em PG, mas ressalta que testes científicos são inconclusivos

2020-05-19 às 10:14

Na manhã desta terça-feira (19), o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, defendeu o uso da cloroquina com prescrição médica e em doses adequadas durante o programa ‘Nilson de Oliveira’, transmitido pela rádio Mundi FM

A cloroquina é um medicamento já amplamente utilizado no tratamento de malária, lúpus e artrite reumatoide, e que vinha se mostrando promissor no combate à COVID-19. “A cloroquina é um medicamento simples, comum e bastante conhecido. O problema é que qualquer medicamento em doses altas tem efeito colateral. Tudo que é demasiado faz mal”, afirmou Rangel.

O prefeito lembra que a cloroquina pode ser tóxica para o organismo quando não é usada da forma adequada. Entre os efeitos colaterais da droga, estão problemas cardiovasculares e lesões na retina. “O medicamento precisa ser ministrado da forma correta. Se a cloroquina acelera o coração, é preciso tomar cuidado com as pessoas que têm problemas cardíacos”, exemplifica.

Em Ponta Grossa

Durante o programa, Rangel revelou ainda que a cloroquina já teria sido utilizada no tratamento de pacientes com Covid-19 em Ponta Grossa. “O estado do Paraná já liberou o uso da cloroquina, mas com prescrição médica. O nosso Hospital Universitário está, sim, autorizado a usar a cloroquina, e o medicamento já foi ministrado com sucesso em ao menos um paciente”, relata.

Resultados inconclusivos

Desde o início da pandemia de coronavírus, dezena de estudos investigam os efeitos da cloroquina contra a doença. Seguindo a opinião de muitos médicos e pesquisadores, o prefeito considera os resultados inconclusivos. “A cloroquina iniciou bem os testes, mas não tem ainda um estudo mais aprofundado. Pararam de falar do medicamento lá nos Estados Unidos, então me parece que o resultado não é assim tão bom”, avalia.

Rangel observa que as pesquisas continuam avançando e que a cloroquina é o único medicamento que está à disposição hoje contra o coronavírus. “Se não tem medicamento e a cloroquina pode ser utilizada, por que não usar?”, questiona. “Se você tem a Covid-19, você não sabe exatamente se o medicamento vai funcionar, porque ainda não existem estudos conclusivos sobre o assunto, mas, em doses corretas, que não afetam a sua saúde, ministrada por um médico da sua confiança, você tomaria o medicamento?”

Automedicação

Devido aos efeitos colaterais e à toxidade da cloroquina, Rangel frisa que as pessoas não devem tomar o medicamento por conta própria. “É importante deixar bem claro que a automedicação não é recomendada. Não é ir na farmácia e comprar o medicamento. O uso indiscriminado pode causar intoxicação e levar à morte”, alerta.

Ideologia

O prefeito ressalta que defender o uso da cloroquina não é um posicionamento ideológico. “Isso não tem nada a ver com política. As pessoas acham que, se a gente defender a cloroquina, a gente está defendendo um político ou um partido. Não. Esqueçam isso”, afirma. 

Ele acrescenta que o debate político-ideológico é o que está “atrapalhando” o Brasil. “Não precisava disso. Vida não tem cor partidária. Nós temos que defender a vida, então é todo mundo junto. Por causa da discussão política nada avança, a gente precisa é de união”, declara.

Anvisa

No Brasil, o uso da cloroquina para tratamentos de pacientes com coronavírus em estado grave foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no final de março. Atualmente, avalia-se a possibilidade de ampliar a liberação.

Afinal, o que é a cloroquina?

A cloroquina existe há mais de 80 anos e foi desenvolvida como um medicamento antimalárico. A droga é obtida por meio do princípio ativo de uma árvore que os povos indígenas utilizavam para tratamento de febres relacionadas a algum tipo de doença. A partir dessa observação e da modificação química da molécula é que se chegou na cloroquina. Desde 1955, também é produzido um derivado menos tóxico, a hidroxicloroquina.

Por Michelle de Geus | Foto: Reprodução Facebook