O reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, o escritor Miguel Sanches Neto, publicou, nesta segunda (21), o “Falso soneto invertido para o Papa Francisco”, em que homenageia o pontífice, falecido na manhã de hoje. “Levanto muito de madrugada – entre 4h e 4h30 – e, assim que abri a Internet, fiquei sabendo da morte do Papa. Lógico, fiquei muito comovido com essa morte, numa data tão simbólica”, comenta Sanches Neto ao D’Ponta News.
“O escritor escreve quando está ferido, por uma coisa que o alegra demais ou que o entristece. Com essa notícia, que me feriu muito, me entristeceu muito, resolvi escrever esse soneto”, acrescenta. Sobre a estrutura do texto, Miguel Sanches Neto explica que ele é, formalmente, invertido, porque os sonetos são compostos de dois quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (estrofes de três versos).
“Fiz dois tercetos e dois quartetos, até para mostrar como a eleição do Papa Francisco e os anos dele de papado inverteram toda a lógica do Vaticano e colocou o Vaticano a serviço dos que mais precisam, a serviço dos pobres. A força dessa última visita que ele faz ao presídio, para visitar as pessoas que estavam presas, pouco antes de morrer, mostra esse papel invertido do Papa: o Papa ao lado do povo, não acima do povo”, destaca.
Se quando morre um grande Papa
perdemos novamente nosso pai,
com Francisco foi muito mais.
Ele também era nosso vizinho,
não somente por sua origem,
Oh bendito religioso argentino!
E sim por defender nossas crenças
naqueles que, sendo tão excluídos,
não tinham mais ninguém por eles,
numa humanidade sem humanismo.
Agora que se foi o Papa Francisco,
em quem doerá nossas feridas?
Quem negará o menor sorriso
aos chefes de estado nazistas?
Miguel Sanches Neto
