Com mais de 40 anos de carreira, o advogado ponta-grossense Luiz Rodrigues Wambier se destaca pela ética, seriedade e profissionalismo. Um dos sócios-fundadores do prestigiado escritório Wambier, Yamasaki, Bevervanço & Lobo, ele tem acompanhado desde pequenos conflitos até questões de repercussão nacional, como a defesa do art. 68 do Código Florestal junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Por duas décadas professor do curso de Direito da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), onde também se formou, Wambier ainda atua como professor nos programas de mestrado e doutorado em Direito do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e é autor de diversos livros sobre Direito Processual Civil. “Se me fosse permitido rebobinar a vida, eu faria tudo de novo”, garante. Na entrevista a seguir, ele coloca a fita de sua vida para rodar e fala sobre carreira e vida pessoal.
O senhor se formou em Direito em 1977, pela UEPG. Como era o Luiz estudante de Direito?
Eu tive uma grande facilidade na compreensão de muitas coisas que envolvem os fenômenos jurídicos pelo fato de trabalhar num escritório de dois grandes advogados e professores: Ewaldo Podolan e Edmar Luiz Costa. Eu era muito estudioso, digo sem modéstia, e tenho até hoje os cadernos cheios de anotações.
Na sua opinião, o que é preciso para ser um bom advogado?
Gosto, dedicação ao estudo, constante atualização e, de certo modo, vocação.
De quais valores o profissional dessa área não pode abrir mão?
Pode parecer meio ridículo falar em valores em um país onde tirar proveito, dar jeitinho e ganhar sem esforço parecem ser a regra para boa parte da nossa gente. Arrisco dizer que o compromisso com a correção na conduta profissional, com foco na busca de soluções éticas e legítimas, é o melhor caminho.
O senhor é um dos sócios-fundadores de um escritório de advocacia muito respeitado, com sete unidades no país. Qual é o segredo desse sucesso?
Não há milagre. Fiz parte de sociedades anteriores, igualmente bem-sucedidas. A que atribuo? À qualidade e à grandeza dos meus sócios, do presente e do passado. E, mais uma vez, a essa mistura fantástica que consiste em estudar trabalhando e trabalhar estudando.
O senhor também é professor no programa de mestrado e doutorado em Direito do Instituto Brasiliense de Direito Público. De onde veio esse interesse em compartilhar conhecimento?
Tenho orgulho de ter lecionado por mais de duas décadas no curso de Direito da UEPG. O fato de ter tido contato, ao longo da vida, com ótimos professores, que marcaram firmemente as opções que tomei, talvez tenha sido determinante para que eu ensinasse. Mas, lá no início, foi para a sobrevivência mesmo.
Que conselhos o senhor daria a quem está entrando na faculdade de Direito agora?
Não sou ninguém para dar conselhos a quem quer que seja, mas replicaria o que ouvi do mestre Edmar Luiz, quando disse a ele que queria estudar Direito, mas que tinha medo de “morrer de fome”. Embaixo da marquise da Rádio Clube, ele me disse: “Estude, estude e estude: esses são os meus três conselhos.” E me deixou falando sozinho.
Quando não está trabalhando, quais são os seus hobbies?
O trabalho é também um hobby, não tenho dúvidas. Mas gosto de leitura, de meus eventuais charutos e de caminhar.
O que aprendeu com a vida?
Essa pergunta eu não consigo responder nem na terapia, mas eu posso lhe garantir que a grande e definitiva busca é a felicidade, ainda que a gente sequer saiba exatamente o que isso seja.
Um escritor: João Guimarães Rosa
Um livro: Grande Sertão: Veredas
Uma frase: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem” (Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas)
Um ídolo: dois, meu pai, Daily Luiz Wambier, e o grande Winston Churchill
Um filme: Muito além do jardim, com o inesquecível Peter Sellers.
Um restaurante: qualquer um, desde que com boa e honesta comida e bom serviço
Um prato: churrasco
Um alimento que lembra a infância: bife batido com aquele martelo usado para “amolecer” a carne
Por Michelle de Geus | Foto: Roberta Ling / Comunicação OAB-PR