Domingo, 13 de Outubro de 2024

Urologista explica por que a incidência de pedras nos rins é maior no verão

2024-01-22 às 16:45
Foto: Moisés Kuhn/D’Ponta News

A incidência de pedras nos rins tem aumento de 30% no verão, em comparação com outras épocas do ano, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda-feira (22), o urologista Dr. Tiago Ruani, explica qual a causa deste aumento e quais as formas de tratamento.

De acordo com o médico, nesta época do ano, existem algumas alterações na rotina das pessoas, devido ao período de festas e férias, por exemplo. Isso provoca mudanças na rotina alimentar e na ingestão de líquidos de cada indivíduo. “A temperatura vai fazer uma alteração na questão da ingesta hídrica, de hidratação, então é mais calor, mais atividade, pode ocorrer uma sudorese maior e acabar perdendo água de outra forma, que não na urina. A urina acaba ficando mais concentrada e vai ficando mais facilitadora de formar cálculos”, explica o urologista.

Segundo Ruani, além do estilo de vida de cada pessoa, as bebidas que contêm muitos conservantes, concentração de sódio e açúcar também se tornam facilitadores neste processo de formação de pedras nos rins. “Alimentos que possuem cálcio, como derivados de leite, muito sal, muito condimento nas comidas, alimentos industrializados também têm substâncias que podem favorecer. Carne vermelha tem um facilitador, então proteína também pode causar alguns tipos de cálculo”, diz. Ele ainda exemplifica que o churrasco é o principal fator que causa cálculos renais. “Tem carne, bastante sal, bebida que acaba desidratando mais, então churrasco é o causador de cálculos, não que não possa uma vez ou outra ter, toma um pouco mais de água naquele dia, mas basicamente tudo o que tem no churrasco, tem que olhar praquilo e dizer que tem que ser excessão”, ressalta.

O médico faz um alerta para o caso de bebidas alcoólicas. “Pela questão de ser mais diurético, favorece a produção de hormônio, vai ter uma maior micção [ato de expelir urina]. Se estiver eliminando um cálculo, talvez até ajude, porque vai acabar urinando, mas como acaba urinando mais, não ingere outras formas de líquido às vezes, acaba tendo uma desidratação maior ainda. Se for considerar a famosa ressaca posterior à ingesta de álcool, é basicamente sintomas de desidratação”, alerta.

Para prevenir este tipo de situação, a solução é investir em uma alimentação balanceada, com mais ingestão de frutas e legumes, ou seja, mais alimentos naturais e menos industrializados.

Tratamento

As formas de tratamento para pacientes que tenham pedras nos rins depende do local e do tamanho do cálculo renal. “Alguns cálculos pequenos podem ser expelidos pela via urinária, estamos falando de 2 a 4 milímetros. Se não tiver nenhuma complicação, podemos fazer um tratamento com medicação para que expulse esse cálculo. Se for cálculos maiores, dependendo do local, se estiver muito próximo do rim, a chance que ele saia é muito pequena. […] O tratamento cirúrgico fazemos de forma minimamente invasiva, na maioria dos casos, 99% dos casos, de cálculos pequenos. Procedimento sem corte, sem nada, quebramos a pedra, tiramos os fragmentos”, explica Dr. Tiago Ruani.

Outra alternativa é a cirurgia por endoscopia. “É o procedimento de entrar com uma câmera, vai lá e quebra [o cálculo], e tem a forma de ou quebrar com laser, ou coisas que utilizavam-se antes, que é uma forma de fragmentação com pressão de ar, vai uma haste de ferro com pressão de ar e fragmenta a pedra. Hoje em dia tem laser que basicamente faz bolhas de água dentro da pedra e faz com que aquilo estoure, pedras com mais água até estouram mais fácil”, diz.

Além disso, também existe a litotripsia, técnica que faz ‘ondas de choque’ para quebrar a pedra. “Isso cada vez que o tempo passa é menos utilizado, ainda tem os casos em que recomendamos, mas com a evolução da tecnologia minimamente invasiva, a gente vê preferência com aquele tratamento é melhor, porque nas possibilidades de melhora, ou de alguma complicação, vem se superando com mais benefícios do que malefícios perante extracorpórea, que precisa de mais sessões para quebrar a pedra, coisa que na minimamente invasiva às vezes fazemos em um procedimento, zera as quantidades de pedras e isso já se resolve. Tudo depende do tamanho, local e onde parou a pedra”, destaca.

Tratamento natural funciona?

O médico Dr. Tiago Ruani afirma que não costuma desestimular o uso de produtos naturais, utilizados a partir da crença popular, como chá de quebra pedra. “Consumo de chás, por exemplo, é difícil trazer algum malefício. Mas às vezes os tratamentos ‘alternativos’ podem causar atraso no tramento. Enquanto a pessoa vai tentado soluções caseiras, poderia estar fazendo algo mais resolutivo desde o começo”, alerta.

Confira a entrevista completa: