Um protesto inusitado marcou os bastidores da Câmara Municipal de Ponta Grossa nesta semana. O vereador Florenal Silva (Podemos) utilizou uma tornozeleira eletrônica falsa, feita por ele com um carregador de celular, como forma de manifestação contra as restrições judiciais impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A cena ocorreu no plenário, após o término da sessão ordinária, enquanto os vereadores aguardavam o início de uma audiência pública sobre o Plano de Ajuste Fiscal do município. Com a galeria já esvaziada, Florenal Silva exibiu o objeto improvisado ao colega Ricardo Zampieri (PL).
Em entrevista, o parlamentar confirmou que o ato foi uma “brincadeira” com o objetivo de protestar. “Que situação que nós chegamos nesse país, né? O nosso ex-presidente Bolsonaro, uma carreira política com mais de 40 anos de exercício de mandato, com nenhum processo, nenhuma condenação, usando tornozeleira eletrônica. Isto é um absurdo”, declarou Florenal. O vereador, que já havia promovido uma oração pela saúde do ex-presidente em sessão plenária em abril, explicou que esperava ser questionado por outros parlamentares sobre o objeto durante a sessão, o que não ocorreu. “Eu coloquei ela hoje, só pra vir na sessão, mas ninguém me provocou, não falaram nada, eu fiquei quieto”, afirmou.
A situação jurídica e política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se intensificou nas últimas semanas, marcada por uma série de decisões judiciais que restringem sua atuação pública e consolidam seu cenário de inelegibilidade. Réu em processos no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro agora cumpre medidas cautelares que impactam diretamente seu cotidiano e sua comunicação com apoiadores.
No dia 18 de julho de 2025, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que o ex-presidente passasse a usar tornozeleira eletrônica. A decisão incluiu outras restrições, como o recolhimento domiciliar noturno e aos finais de semana, a proibição de se comunicar com outros investigados e de utilizar suas redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros.
A medida foi justificada no âmbito de investigações que apuram uma suposta tentativa de golpe de Estado e obstrução de Justiça. A defesa de Bolsonaro classificou as medidas como “severas” e recebidas com “indignação”, afirmando que o ex-presidente sempre cumpriu as determinações judiciais. Desde então, Bolsonaro tem evitado contato com a imprensa, afirmando estar proibido de dar declarações. Sua defesa chegou a pedir esclarecimentos a Moraes sobre os limites da proibição,