Quarta-feira, 02 de Outubro de 2024

Voluntário ponta-grossense que esteve no RS conta detalhes sobre a experiência vivida

2024-05-16 às 16:02
Foto: Reprodução/Eduardo Lirani

As enchentes, que até o momento deixaram 806 feridos, afetam 458 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul. O número de pessoas atingidas também tem aumentado. Ao menos 20,95% da população do estado foi afetada de alguma forma pelas consequências dos temporais. São mais de 2,28 milhões de pessoas dos 10,88 milhões de habitantes do estado.

O número de mortes confirmadas no Rio Grande do Sul decorrentes das fortes chuvas que caem no estado desde o fim de abril subiu para 151, conforme boletim divulgado pela Defesa Civil do estado nesta quinta-feira (16).

A redação do portal D’Ponta News entrou em contato com um ponta-grossense que trabalhou como voluntário nessa tragédia que aconteceu com os gaúchos. O empresário e engenheiro agrônomo, Eduardo Lirani, fez parte do grupo de voluntários da organização não governamental de Curitiba, Águias do Bem.

Confira os principais pontos da entrevista:

Quantos dias você ficou no Rio Grande do Sul como voluntário?

“Nós fomos para o Rio Grande do Sul na terça-feira [7] e ficamos no estado até o sábado [11]. Quando retornamos, eu deixei o meu barco lá com outro grupo de Curitiba para que dessem continuidade aos resgates”, afirma.

Com que objetivo e estrutura vocês foram para lá?

“Nós fomos para lá para auxiliar a população nos resgates, então levamos um barco com motor. Esse grupo atua com ajudas comunitárias e traçamos esse objetivo de auxiliar nossos irmãos gaúchos nessa situação difícil pela qual o estado passa”, explica.

Em qual cidade você atuou e quais funções desempenhou neste período?

“Nós ficamos hospedados na casa de um conhecido nosso, em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A partir disso, atuamos em Eldorado do Sul, São Leopoldo, Canoas e toda aquela região, realizando resgates de pessoas e animais com o barco”, pontua.

Qual foi a história que mais te marcou neste período?

“Muitas histórias vivenciadas me marcaram, porque é uma situação bastante triste pela qual aquelas pessoas e animais estavam passando. Uma situação que foi bastante marcante para a nossa equipe foi quando resgatamos uma idosa de 82 anos, que estava no segundo andar da sua casa. Essa senhora era cadeirante e não tinha muita mobilidade, então precisamos serrar a grade do segundo piso da casa dela, com auxílio dos socorristas, para conseguir efetuar o seu resgate”, relembra. “Também existiram algumas situações em que queríamos resgatar alguns animais, porém eles estavam em locais que não era possível chegar nem com o barco. Apesar disso, conseguimos resgatar um número expressivo de pessoas e animais durante esse período”, pondera.

Como funcionava a logística após os resgates que vocês realizavam?

“Nós chegávamos com o barco no local em que estava o apoio com os voluntários e já vinham pessoas para abastecer o barco, além de resgatar as pessoas e animais. A partir disso, já subíamos no barco para voltar aos locais que estavam com pessoas precisando de resgate”, afirma. “Existia muita demanda de pessoas que não queriam abandonar as suas casas por motivo de segurança, porque durante a noite alguns criminosos estavam entrando nas casas e saqueando os pertences das pessoas. Isso também fazia com que a gente pudesse ficar com o barco na água somente até às 17h30”, assegura.

Você gostaria de deixar alguma mensagem sobre o que vivenciou lá, durante esse período?

“Eu saí de lá com a sensação de muita gratidão em poder ter auxiliado aquelas pessoas naquele momento e poder estar salvando vidas de uma forma direta. Algo que não esqueço é o olhar de gratidão de cada pessoa e animal que resgatamos. Era um momento em que precisávamos também trabalhar com a inteligência emocional para dar apoio àquelas pessoas. Eu cheguei em Ponta Grossa, porém continuo atuando aqui na cidade arrecadando doações e afins para enviar para lá”, finaliza.

Confira o vídeo que o grupo Águias do Bem de Gravataí publicou sobre o trabalho voluntário realizado: