O Centro Hospitalar São Camilo, presente em Ponta Grossa desde 1986, vem consolidando uma trajetória de quase quatro décadas marcada pela tradição no cuidado em saúde e, ao mesmo tempo, por uma busca constante por inovação. Em entrevista ao programa Manhã Total da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) nesta segunda-feira (14), o administrador da unidade, Tiago Cesco, compartilhou os planos e os investimentos recentes que reforçam o compromisso da instituição com a excelência no atendimento e a sustentabilidade.
Natural de Concórdia, Santa Catarina, Tiago iniciou sua trajetória profissional ainda como estagiário em uma das unidades da rede São Camilo. Com formação em Enfermagem e especializações na área administrativa, ele está há quase 20 anos ligado à instituição, sendo os últimos sete em Ponta Grossa. “Desde a primeira formação, só São Camilo”, relembra, destacando o vínculo construído ao longo dos anos.
A decisão de assumir o desafio em Ponta Grossa veio com mudanças pessoais e profissionais. Com uma filha recém-nascida e outro filho pequeno, Tiago e a esposa se mudaram para a cidade em um momento de transição. “Foi um desafio bacana vir para cá porque o hospital que eu estava era menor e a estrutura de Ponta Grossa tinha um projeto bem interessante”, compartilha.
Inspirado pela história de São Camilo de Lellis, fundador da ordem religiosa que dá nome à instituição, Tiago cita que o hospital busca seguir o mesmo princípio de cuidar do doente com amor e dignidade. “Ele se dedicava a cuidar das pessoas como ele sempre dizia: cuidar do doente como a mãe cuida do único filho enfermo, vendo o Cristo no doente. Esse foi o sentido de vida dele”, comenta.
A fusão entre o antigo Hospital Vicentino, o centro de imagem e o ambulatório da rede deu origem ao Centro Hospitalar São Camilo como é conhecido hoje. “Fizemos a incorporação desses dois serviços para um CNPJ único e, com isso, deu início ao plano diretor, que é aquele prédio novo”, explica Tiago. Com essa reorganização, os serviços de atendimento geral e ambulatorial foram centralizados na nova estrutura, enquanto o prédio do antigo Hospital Vicentino passou a abrigar os atendimentos de saúde mental, voltados à psiquiatria.
Antes da mudança, esses serviços psiquiátricos funcionavam no bairro Jardim Carvalho, na unidade que ficou conhecida por muitos anos como ‘Franco da Rocha’. “Hoje, os três serviços estão concentrados na região de Uvaranas”, destaca o administrador, referindo-se ao Centro Hospitalar, à operadora de saúde e ao hospital voltado à saúde mental.
Atualmente, a instituição atende de 75% a 80% da demanda do SUS, somando os dois hospitais. O Centro Hospitalar realiza atendimentos oftalmológicos pelo SUS e contempla praticamente todos os convênios particulares. “Já os atendimentos no hospital pelo SUS giram em torno de 96% a 98%”, afirma Tiago.
Entre os investimentos estruturais, está em andamento um plano diretor que prevê a construção de sete blocos, com mais de 40 mil metros quadrados previstos. “Vamos construindo conforme a necessidade. Hoje temos aquela torre, mas já há demanda para novas expansões”, diz. A prioridade atual é reorganizar a operação para garantir sustentabilidade e qualidade nos serviços prestados.
A sustentabilidade tem sido outro foco importante. O hospital já consome energia proveniente do Mercado Livre, com selo de energia verde. Projetos em parceria com a Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa) e a Itaipu visam instalar placas fotovoltaicas na estrutura, reforçando o compromisso ambiental da unidade. “A sustentabilidade e esse viés são importantes”, reforça.
Com equipamentos de ponta em áreas como neurologia, cardiologia e cirurgia geral, o hospital tem se mantido como referência regional. “Os equipamentos são novos e bem completos. Hoje não temos áreas deficitárias em estrutura”, observa Tiago, destacando o esforço contínuo para manter a excelência.
Leia também: Centro Hospitalar São Camilo traz inovação no tratamento da próstata em Ponta Grossa
Mesmo sendo uma instituição filantrópica, o Centro Hospitalar busca autossuficiência. Tiago esclarece que cada unidade precisa se manter de forma sustentável. “Não é porque é filantrópico que precisa passar necessidade. Isso é uma visão antiga”, afirma. O único serviço que ainda exige repasse de outras unidades é o hospital psiquiátrico, que opera com déficit mensal. Além disso, o hospital já foi contemplado com emendas parlamentares em outras ocasiões, o que contribuiu para custeios específicos.
Com base na filosofia camiliana, a gestão do hospital segue pautada pela dignidade no cuidado e na valorização da vida. São princípios que guiaram o santo fundador há cinco séculos e que continuam vivos na rotina dos profissionais da unidade. “Ele dizia que gostaria de ter mil braços para atender os doentes”, relembra Tiago, enquanto ajuda a construir um hospital que, com profissionalismo e fé, continua alcançando mais vidas.