Segunda-feira, 12 de Maio de 2025

Ex-testemunha de Jeová afirma que religião a orientou a abandonar a própria filha

2025-05-12 às 13:44
Foto: Divulgação/ Movimento de Ajuda Às Vítimas das Testemunhas de Jeová

Um grupo de mulheres ex-integrantes de uma organização religiosa realizou, neste domingo (11), um protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, para denunciar o que classificam como pressão para romper vínculos familiares após o desligamento da instituição. O ato, com adesão modesta, foi organizado por um movimento independente que presta apoio a pessoas que afirmam ter enfrentado dificuldades após deixar a congregação.

Entre as participantes, estava uma mulher que relatou ter sido aconselhada a cortar relações com a filha, após ela passar por uma separação conjugal. “Minha filha foi abandonada pelo marido e os anciãos queriam que eu a abandonasse. Falei que jamais iria abandonar minha filha, pelo que ela estava passando”, disse. Segundo ela, esse tipo de orientação pesou em sua decisão de deixar a religião após quatro décadas de participação.

Outra manifestante contou que, ao se desligar da organização, perdeu o contato com o sobrinho que criou como filho. “Não podemos mais estar com os nossos filhos. Não porque pecamos ou fizemos algo errado, mas pelo simples motivo de não querer mais fazer parte da organização”, declarou, em um depoimento compartilhado nas redes sociais do movimento.

As críticas feitas pelo grupo têm como base publicações oficiais da organização, em que se orienta os fiéis a limitarem ou interromperem o convívio com ex-membros. Um dos artigos, citado pelos manifestantes, defende que essa prática “ajuda a manter a congregação pura” e pode incentivar o retorno dos que deixaram a fé.

O movimento afirma que pretende continuar promovendo atos públicos e pressionando por uma revisão dessa doutrina. “Vivemos um dia de cada vez, aguardando o momento em que a liderança irá revogar essa doutrina nas revistas e no site”, disse uma das participantes.

A organização religiosa citada foi procurada pelo Metrópoles, mas não se manifestou até a publicação da matéria.