O Grupo de Evangelização Romeiros de Maria em conjunto com leigos das paróquias Sant’Ana e Nossa Senhora do Rosário, de Castro, supervisionados pelo padre Sandro Brandt estão retomando uma bela iniciativa interrompida há 11 anos: a visita de missionários católicos à Cadeia Pública. O primeiro contato com os ressocializandos aconteceu na última sexta-feira (14), quando três integrantes do grupo rezaram, cantaram e meditaram a Palavra de Deus com os 23 reeducandos que quiseram participar. Eles não são obrigados. Participam se quiserem. Na galeria 600, onde esse encontro inicial foi realizado, estão 24 apenados. Com o desenrolar do projeto, a ideia é celebrar missas na cadeia e levar sacerdotes para atender à confissão.
A retomada das visitas foi planejada e teve o apoio incondicional do diretor da Cadeia Pública, Elerson Lima, que orientou que os encontros contem com apenas três missionários por vez. Os dez integrantes do grupo deverão se revezar, quinzenalmente, sempre com a presença do coordenador do ‘Romeiros de Maria’, Marcos Jurandir Moreira. Além de Moreira, participaram as missionárias Vanderléia Aparecida Tysrkowski e Rosa Carneiro, que contaram com a ajuda de monitores. “O grupo de evangelização existe há mais de 30 anos. Sua missão é visitar lares, asilos, presídios…Aos poucos, (o grupo) foi criando mais estrutura e ganhando apoio dos padres, do bispo…Vou falar com o bispo (Dom Sergio Arthur Braschi) uma vez por ano. Somos um grupo de leigos, supervisionado por mim, com a ajuda de padres, que fazemos o trabalho de levar o Evangelho, (levar) um pouco de amor a tantas pessoas, que necessitam. No mundo em que a gente vive hoje, as pessoas estão desacreditadas no amor”, comentou o coordenador.
Segundo Moreira, durante esses 30 anos, o grupo tem realizado muitos encontros. “Onde chamam, estamos presentes. No presidio, demos início semana passada e fomos bem aceitos pela direção, que deu abertura para estarmos trabalhando. Como Igreja em Saída o importante é estar levando o Cristo a tantos que precisam”, acrescentou, explicando que as visitas iniciam com orações, têm cânticos, meditação, palavras de ânimo, que estimulem a buscar a fé. Duram de uma hora a uma hora e meia, no máximo. Alternadamente, devem rezar o Santo Terço. “Também temos projeto de levar sacerdotes para atender confissões, à medida que o projeto for caminhando, se aperfeiçoando”, detalhou o coordenador. Ao todo, de 12 a 13 pessoas envolvidas. Foram todas cadastradas junto à direção da cadeia e devem apresentar documentos a cada entrada. “Foi feito um apelo para ver quem gostaria de participar (do projeto). Nossa intenção é levar amor aos que estão à margem e pedir a Deus que abençoe poderosamente a vida de cada um deles. O objetivo é ajudar que, quando saírem de lá, possam se comportar, porque, se Deus estiver no comando, se Deus for o centro da vida deles, vão conseguir essa ressoacialização. Com essa proximidade, esse envolvimento com a fé, terão segurança aqui fora”, justificou.
Rosa Carneiro é assistente social em Jaguariaíva, onde trabalha há quase 13 anos. Sua família é de Castro, para onde vai toda a semana. É paroquiana da matriz Sant’Ana. Não participa, por conta do trabalho, diretamente do Grupo de Evangelização Romeiros de Maria. “Antigamente, por volta de 2010, 2012, havia um grupo católico que visitava os presos mensalmente…E, atualmente somente a Igreja Universal estava presente. Como tínhamos um desejo de retomar (as visitas), procuramos o diretor, que nos acolheu de imediato. O Grupo Romeiros de Maria aceitou o desafio e nos unimos, com o apoio do padre Sandro”, contou.
De acordo com padre Sandro Brandt, administrador paroquial da Paróquia Sant’Ana, um grupo de leigos da comunidade, vendo a necessidade de um trabalho evangelizador, da parte da Igreja Católica, assumiu a missão de ajudar a uma catequese de adultos junto a alguns detentos. “É um trabalho evangelizador e voluntário, uma bela iniciativa dos leigos da paróquia, que auxiliados pela Palavra de Deus, podem iluminar na reintegração dos detentos e reestruturação das integridades destas pessoas. Creio que os primeiros passos foram dados. Serão necessários muitos outros para que este trabalho amadureça e frutifique. É claro que sempre contamos com a graça de Deus e os dons do discernimento e sabedoria e fé para podermos fazermos o melhor, especialmente por estes filhos de Deus, que às vezes, estão excluídos e esquecidos de nossa ação pastoral”, destacou o padre.
Para o diretor da cadeia, Elerson de Lima, o processo de ressocialização só tem início se o próprio reeducando mudar sua forma de pensar. “E não tem nada melhor para isso do que a Palavra de Deus. Alegria imensa em ter conseguido trazer uma equipe de orações da Igreja Católica para dentro da unidade. Estou à frente da cadeia há dois anos e meio e já conto com a participação da igreja evangélica. Isso é muito gratificante em minha vida. Me sinto muito bem por tudo que está acontecendo neste lugar. O trabalho realizado é de vital importância para a ressocialização”, garantiu o diretor.
da assessoria