O Papa Francisco passou por dois momentos críticos de saúde, em que seus médicos consideraram a possibilidade de interromper o tratamento para permitir que ele “morrendo em paz”. A revelação foi feita por Sergio Alfieri, chefe da equipe médica que atendeu o pontífice, em entrevista ao jornal Corriere Della Sera. O Papa foi internado com uma pneumonia grave bilateral, permanecendo no hospital por 38 dias, antes de ser liberado no último domingo, 23 de março.
Segundo Alfieri, o primeiro episódio de risco extremo ocorreu no final de fevereiro, quando a saúde de Francisco se deteriorou consideravelmente. “Foi o pior momento. Pela primeira vez, vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas ao seu redor. Pessoas que, percebi durante esse período de internação, o amam sinceramente, como um pai. Estávamos todos cientes de que a situação havia piorado ainda mais e que havia um risco real de que ele não sobrevivesse”, declarou o médico.
Embora os momentos fossem dramáticos, o Papa se manteve consciente o tempo todo e tinha plena percepção de sua situação. “Mesmo quando sua condição piorou, ele estava totalmente consciente. Aquela noite foi terrível. Ele sabia, assim como nós, que talvez não sobrevivesse àquela noite. Vimos que estava sofrendo. Mas, desde o primeiro dia, ele nos pediu para lhe contar a verdade. Nunca nada foi modificado ou omitido”, contou Alfieri.
Além disso, a equipe médica enfrentou uma difícil decisão: continuar com o tratamento agressivo, com risco de complicações adicionais, ou suspender os esforços para que Francisco tivesse um fim mais tranquilo. O assistente pessoal do Papa, Massimiliano Strappetti, optou por tentar todas as alternativas possíveis, apesar dos perigos. “Tivemos que escolher entre parar e deixá-lo ir, ou forçá-lo e tentar todos os medicamentos e terapias possíveis, correndo o risco muito alto de danificar outros órgãos. E, no final, nós tomamos esse caminho. Massimiliano Strappetti disse: ‘Tente de tudo, não desista’. Foi o que todos nós pensamos também. E ninguém desistiu”, afirmou Alfieri, conforme o Metrópoles.
O pontífice enfrentou outro momento grave durante a internação, quando sofreu uma broncoaspiração ao se alimentar. Segundo Alfieri, “Foi o segundo momento realmente crítico. Posso dizer que por duas vezes a situação foi perdida e, então, aconteceu como um milagre”.
O médico acredita que a recuperação do Papa também foi influenciada por seu espírito resiliente e pelas orações recebidas. “Ele costumava dizer: ‘Ainda estou vivo’. E, imediatamente, acrescentava: ‘Não se esqueça de viver e manter o bom humor’. Ele tem um corpo cansado, mas a mente é a de um homem de 50 anos”, observou Alfieri.
Após sua alta, o Vaticano informou que Francisco continua a receber acompanhamento médico, com terapias farmacológicas e fisioterapia respiratória, com o objetivo de recuperar completamente a capacidade de respiração e fala.