Quinta-feira, 09 de Maio de 2024

Neo-catecúmenos renovam promessas batismais durante a Vigília Pascal

2024-04-01 às 18:37
Foto: AssCom Diocese de Ponta Grossa

Comunidade da Paróquia da Saúde é a primeira da Diocese a viver o rito

E durante a Vigília Pascal, no último sábado (30), o bispo Dom Sergio Arthur Braschi renovou as promessas batismais de um grupo de 12 pessoas, integrantes do Caminho Neo-Catecumenal da Paróquia Nossa Senhora da Saúde. É a primeira comunidade da Diocese a renovar solenemente as promessas que, como nos tempos da Igreja Primitiva, precisa se dar no Sábado Santo. Padre Carlo César Neri, catequista do Caminho no Paraná Leste e em Santa Catarina, concelebrou com o bispo na Catedral, ao lado de padre Antonio Ivan de Campos e diáconos Dyego Quadros e Pedro Diniz.

O coordenador da comunidade, Norton Batista Rosas, afirma que não há tempo definido para o processo. “São etapas que a comunidade vai atravessando, desde o primeiro anúncio, o querigma, o amor de Jesus Cristo. As pessoas aderem a esse anúncio e formam uma comunidade heterogênea: jovens, velhos, ricos, pobres, pais e filhos. Experimentam, a partir desse anúncio, o amor de Jesus, o amor entre os irmãos. Vivenciam o amor na comunidade. O processo vai amadurecendo até chegar nesse encontro de renovação das promessas batismais. Dura conforme a comunidade vai avançando. A comunidade começou na (Paróquia Nossa Senhora da) Saúde em 1993. Estão juntos desde então”, detalha o coordenador.

De acordo com Norton Rosas, na paróquia há outras comunidades, mas em outros estágios. “Com o passar dos anos vão vencendo etapas, os escrutínios… A fé que nasce pequena, vai amadurecendo aos poucos até chegar à renovação das promessas do batismo. Temos um padre catequista, junto com uma senhora e um jovem que integram a equipe da região Sul do Paraná. Na nossa comunidade, temos três catequistas, que catequizam os mais novos. As reuniões são semanais, na paróquia. Acontece a celebração da Palavra, geralmente na quarta-feira, e, aos sábados, celebramos a Eucaristia sob duas espécies”, acrescenta.

Padre Carlo César Neri, padre diocesano itinerante, é o catequista no Paraná Leste, que inclui as dioceses de União da Vitória, Ponta Grossa, Paranaguá, São José dos Pinhais e Arquidiocese de Curitiba, e em Santa Catarina, dioceses de Joinville e de Criciúma, e Arquidiocese de Florianópolis. “Quando uma paróquia pede para iniciar essa experiência, começa período de catequização durante dois meses, que se encerra com um retiro de três dias. Convidamos, então, os irmãos a continuar. Os que querem começam a fazer o neo-catecumenato, processo de renovação do batismo. É ‘neo’ porque já são batizados. Eles vão vivendo o batismo por etapas. Todos os ritos que temos no batismo, que nos são dados de uma só vez, quando crianças, eles farão por etapas, como era na Igreja Primitiva. Havia o pré-catecumenato para descobrir se realmente a pessoa quer renovar o seu batismo; depois, o primeiro escrutínio, onde são ministrados os primeiros sinais – imposição da cruz, a unção com o óleo dos catecúmenos – o segundo escrutínio, tempo de descobrir as virtudes, incentivar para que cresçam mais e os defeitos, para que sejam curados. Há ainda a iniciação à oração, quando recebem a liturgia das horas. A partir desse momento, todos os dias vão rezar”, esclarece padre Carlo. Os irmãos passam também a rezar o rosário, fazem peregrinação à Nunciatura Apostólica para professar a fé e estudam de Mariologia, complementa Jorge Munhoz, integrante de uma comunidade na Paróquia São Pedro Apóstolo.

Em seguida, vivem o tempo de eleição para se preparar para a renovação solene das promessas batismais, que o encerra o caminho. Esse tempo é subdividido em três momentos. “No terceiro deles, é realizado um escrutínio onde a experiência dos irmãos é ouvida e, se a comunidade estiver pronta, passar a ser considerada uma ‘comunidade de neófitos’, ou, ‘batizados’. Esse rito acontece ao longo da Quaresma, em uma convivência de três dias. Ocorre ainda o escrutínio individual, e, ao final, a equipe que faz o acompanhamento, divulga se a comunidade pode ser inscrita como neófita. Participam, então, da Vigília Pascal, junto com o bispo, vestindo túnicas brancas, sinal dos eleitos”, adiciona Munhoz.

Catecumenato

Segundo padre Carlo, o tempo depende da conversão de cada comunidade. “É muito difícil você evangelizar uma pessoa que já tem uma religiosidade natural, que tem consciência de Deus, de doutrina. O Caminho é um processo de descida. Todo o mistério de Jesus Cristo que desceu, se fez homem, se humilhou até a morte e morte de cruz. É esse o processo. Tem que descer, conhecer a si mesmo, conhecer a sua própria realidade, realidade concreta pela qual Jesus veio ao nosso encontro, na nossa realidade de pecado, de morte. O homem é aquele que se encontra escravo do demônio pelo medo que tem da morte, não da morte física, mas da morte mitológica: da incapacidade de ele amar, de aceitar a sua realidade, suas debilidades, suas precariedades… realidade de morte, que faz com que o mundo hoje caminhe para onde está caminhando, um abismo total”, enfatiza o catequista.

A intenção, ressalta, é educar na fé. “Fazer passar da religiosidade natural para um processo de fé adulta, onde possa dar testemunho do amor de Jesus. É preciso uma comunidade que dê o sinal do amor e da unidade para que o mundo, vendo a fé dessas pessoas, a unidade entre eles, percebam a fé. É preciso que se visualize hoje os sinais que chamam as pessoas à fé. Necessitamos atrair os que estão afastados”, argumenta, citando que, a partir de agora, os integrantes da comunidade vão ficar no tempo chamado ‘educação permanente na fé’. “Porque é um processo. Necessitamos nos converter todo o santo dia. (a conversão) Somente cessa com a morte física, quando estaremos desfrutando da eternidade”. Em Ponta Grossa, há comunidades do neo-catecumenato nas paróquias da Saúde e na São Pedro Apóstolo, onde a primeira delas fará esse mesmo rito – renovar as promessas batismais – ano que vem.

O bispo Dom Sergio agradeceu os novos catecúmenos. “Após muitos anos de preparo, como os catecúmenos de antigamente, que anos e anos se preparavam para entrar na comunidade dos cristãos e eram batizados na noite de Vigília, vestindo branco, como hoje, vivenciamos essa bela experiência com nossos irmãos, nos alegramos com vocês. Isso pode acontecer com cada um de nós. Revivamos nossas promessas batismais. Agradecemos aos irmãos da Paróquia da Saúde: os primeiros a chegar ao fim do processo para a renovação solene do batismo”, enalteceu o bispo.

da assessoria