Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2025

De Ponta A Ponta: Privacidade sob risco

2024-05-12 às 14:35
Foto: Reprodução

Será que tem câmeras escondidas no seu quarto de hotel? Especialista da empresa de segurança Inviolável dá dicas e orientações para se precaver

por Edilson Kernicki

Ganhou repercussão, em janeiro, o fato de um casal de turistas ter encontrado uma câmera escondida numa tomada virada para a cama em um “flat” de locação, na praia de Muro Alto, em Porto de Galinhas (PE). Detectar essas câmeras não é uma tarefa tão difícil, segundo o empresário Claudio Alberto Pogere, gestor da empresa de segurança Inviolável Ponta Grossa. “Sugiro observar rádio-relógio, vaso de planta, objetos de decoração, tomadas e interruptores de energia, e lâmpadas. Tem de fazer uma varredura. Sempre levo comigo uma fita crepe na mochila. Qualquer coisa, coloco fita crepe em tudo”, afirma.

Ao chegar ao quarto, Pogere orienta que se observe estações de trabalho e tomadas, portas USB, luminárias e abajures. Outro local onde se costuma ocultar câmeras é onde passa a fiação para a iluminação de espelhos embutidos em móvel planejado de banheiro. Por precaução, ele sugere cobrir até “leds” de televisões com fita crepe. Apagar as luzes do quarto e percorrer o ambiente com a lanterna do celular ajuda a identificar câmeras espiãs. “Caso tenha uma camerazinha, um ledzinho ou a própria lente da câmera, vai refletir no celular, vai fazer uma lanterna reversa”, explica.

Hotéis de rede não vão querer arriscar as suas reputações, acredita Pogere, que adverte para redobrar o cuidado com hotéis exclusivos para Airbnb e casas para veraneio e férias. “No Brasil, legalmente, não se fabrica esse tipo de câmera espiã, que é fabricada somente no mercado clandestino e fora do país”, destaca. Essas câmeras podem armazenar imagens em um micro SD, mas também podem estar conectadas a um cabo de rede e transferir as imagens para monitoramento remoto e serem gravadas em outro dispositivo. Desligar o roteador, solicitar a troca da senha ou usar o seu 4G pode ajudar, mas não resolve totalmente a questão, pois há câmeras com “slots” para nano chip para acesso à internet sem depender da rede do quarto.

Voyeurismo

Páginas voltadas ao voyeurismo vendem, ilegalmente, acesso a canais de Telegram que divulgam vídeos captados por essas câmeras em ambientes privativos, como suítes de hotel e imóveis de locação para curta temporada. Para se precaver, Pogere instrui o hóspede a solicitar um termo de compromisso e confidencialidade dos dados, mencionando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a fim de evitar eventual chantagem ou sequestro virtual, quando o criminoso encaminha “prints” ou “frames” captados pelas câmeras e pede dinheiro em troca de não vazar o conteúdo.

“Caso você encontre uma câmera espiã, fotografe, filme, registre tudo, bata no quarto da frente e pegue uma pessoa de testemunha. Filme tudo isso e vá até o Procon e a uma delegacia imediatamente”, conclui Pogere.

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #300