Em 2024, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) completou 80 anos de fundação. Nessas oito décadas de atuação na defesa dos interesses do setor, o estado assistiu a um expressivo crescimento e uma grande diversificação de sua produção industrial, com vários segmentos ganhando relevância no cenário econômico paranaense, nacional e até internacional, especialmente a partir do fim dos anos 1970.
Mais recentemente, esse processo de industrialização, até então bastante concentrado na Região Metropolitana de Curitiba, chegou também ao interior do estado. Para efeito de comparação, entre 2011 e 2021, o PIB Industrial do Paraná como um todo, considerando o valor adicionado na produção, cresceu 110%. Uma expansão puxada principalmente pelas regiões oeste, que teve alta de 179% em seu PIB Industrial, e dos Campos Gerais, com 158%.
Muito dessa evolução está diretamente ligada a relevantes investimentos que estão sendo feitos em todo o interior paranaense para industrializar aquilo que é gerado no campo. Na região de Ponta Grossa, um exemplo recente desse movimento é a Maltaria Campos Gerais, fruto da união de seis cooperativas, que investiram R$ 1,6 bilhão para ampliar a fabricação de malte no estado.
A indústria do agro, aliás, mostra claramente que o setor industrial paranaense tem um enorme potencial para se desenvolver ainda mais. Somente as cooperativas do Paraná, que fecharam 2023 com um faturamento total de R$ 200 bilhões, têm a estimativa de chegar a R$ 500 bilhões anuais até 2030. Isso só é projetado porque essas organizações entenderam a importância de agregar valor à produção de seus cooperados por meio de investimentos em plantas industriais.
Todo esse histórico faz com que o Paraná, atualmente, ocupe posição de destaque na economia paranaense e no cenário da indústria nacional. Hoje, o setor responde por 27,4% do PIB do estado e é o quatro principal parque fabril do Brasil, atrás somente de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – os dois últimos com expressivas participações da indústria extrativa. Quando se considera apenas a indústria de transformação, que agrega mais valor à produção, o Paraná já é a terceira principal força do país.
Ao longo de 2024, a indústria paranaense seguiu em crescimento. Segundo o IBGE, de janeiro a setembro o aumento acumulado na produção física do setor foi de 3,3%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Um cenário que, aliado ao volume expressivo de novos investimentos industriais que o Paraná vem atraindo, indica que a indústria do estado deve seguir com resultados positivos em 2025.
Mas, para o Sistema Fiep, mais relevante do que projetar o futuro próximo é enxergar o potencial de evolução em longo prazo. Nossa atual diretoria tem convicção de que o setor industrial pode ser ainda mais decisivo para o desenvolvimento econômico e social do estado. Por isso definimos um propósito claro para a atuação da entidade: transformar o Paraná no melhor lugar para a indústria no Brasil.
Entendemos que isso pode ser feito com a formulação de uma política industrial que busque solucionar uma série de desafios e gargalos que atualmente, mesmo com números já expressivos, comprometem o pleno crescimento da indústria paranaense. Uma política que crie um ambiente efetivamente favorável para a atividade industrial, superando deficiências ainda enfrentadas em áreas como infraestrutura, energia, empregabilidade, produtividade e inovação, entre outras.
Para envolver o setor industrial de todo o estado na construção dessa política, a Fiep realizou, ao longo de 2024, os Fóruns Regionais da Indústria, seguidos por ciclos de oficinas que debateram temas específicos. Essa mobilização tem servido para conhecer as necessidades e levantar as demandas prioritárias de cada uma das regiões do estado. Uma ação que seguirá em 2025 para que, ao final desse processo, seja apresentada uma proposta de política de estado efetiva para a indústria do Paraná, um plano de longo prazo que extrapole o período de um governo.
Temos certeza de que, pelo poder que a indústria tem para impulsionar a geração de empregos, renda e riquezas nas localidades onde ela está instalada, o Paraná ocupará posições ainda mais destacadas no cenário nacional, garantindo um futuro promissor para toda a sua sociedade.
Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #304