por Enrique Bayer
Fernanda Mattos
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), graduada em Nutrição pelo Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (CESCAGE), pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) na área de cirurgia bariátrica. Esse é o currículo de Fernanda Mattos, profissional que está se destacando como uma das referências em nutrição funcional em Ponta Grossa e região. Atraída pelos alimentos desde criança, Fernanda começou a cozinhar aos dez anos e conheceu a profissão de nutricionista aos 13. “Decidi naquele momento que queria ser nutricionista”, conta ela, que atualmente possui consultório particular no Edifício Infinity e também realiza atendimentos on-line. Na entrevista a seguir, Fernanda fala um pouco mais sobre diversos aspectos da nutrição, alimentação, obesidade e vida pessoal.
Você se descreve como “nutricionista da vida real, para pessoas reais”. O que isso significa?
Que o simples funciona e que, antes de inovar, é importante ter o básico bem feito. A vida das pessoas é muito dinâmica e é preciso simplificar a alimentação, sem deixar de lado a saúde e o prazer de se alimentar.
Você é adepta da chamada Nutrição Funcional. O que caracteriza esse método?
É um tipo de abordagem que avalia de forma integrada o paciente, com um olhar que se estende para muito além da Nutrição. Considero o histórico do paciente, a rotina, fatores ambientais, avaliação física e bioquímica. Além disso, interpreto exames buscando proporcionar um ótimo funcionamento do corpo, com suplementação específica para cada pessoa, conforme a sua necessidade.
No seu site, você fala sobre planejamento e comportamento alimentar. Em que consiste esse planejamento e comportamento?
O planejamento da rotina e das refeições é essencial para que o paciente consiga colocar em prática o plano alimentar. E, quanto ao comportamento alimentar, não só “o que comemos” é importante, mas também “como” e “porquê”.
Você fala também de acolhimento e empatia. Por que isso é importante na nutrição?
Geralmente, o acompanhamento nutricional é de longo prazo. Sendo assim, a criação de vínculo entre profissional e paciente interfere nos resultados. Muitas vezes, a pessoa que me procura está fragilizada, procurando auxílio para as dificuldades com a alimentação. Essa pessoa precisa ser ouvida e acolhida com respeito, jamais julgada e criticada.
Você oferece planos de atendimento sob medida. Como funciona esse serviço?
Elaboro em conjunto com o paciente um plano de acompanhamento, com as fases de tratamento e ferramentas que utilizaremos, conforme a necessidade da pessoa. Para um certo paciente, por exemplo, elaborei uma lista de restaurantes para ele pedir delivery, enquanto que, para outro, trabalhamos estratégias de “mindful eating” [comer com atenção plena].
Um dos seus diferenciais é que você oferece visitas guiadas ao supermercado. Como isso funciona?
É uma visita guiada comigo a um supermercado de escolha do paciente, com duração aproximada de 1h30m. Eu ensino a fazer as melhores escolhas, gastando menos tempo no mercado, comprando melhor e com mais segurança. Além disso, entrego materiais complementares, como lista de compras e lâminas informativas. Atualmente esse serviço é exclusivo para pacientes.
Por que você decidiu trabalhar com emagrecimento e cirurgia bariátrica?
Emagrecimento sempre foi uma área de grande interesse, e o meu tema de mestrado foi sobre qualidade de vida e cirurgia bariátrica. Desde então, eu me apaixonei pela área, na qual tenho me especializado cada vez mais. Inclusive, recentemente, eu me tornei membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e estarei presente no congresso este ano.
Impossível falar com uma nutricionista e não perguntar sobre gastronomia. O que você gosta de comer?
Eu como de tudo, mas sou apaixonada por comida japonesa. Não dispenso um bom café com bolo de cenoura e até alguns drinques de vez em quando. Também sinto muito prazer com frutas e saladas.
Quando não está trabalhando, o que você gosta de fazer? Tem hobbies?
Eu amo viajar. Leitura também está nos meus hobbies, assim como cozinhar e praticar esportes. Já fui piloto de velocross e hoje em dia acompanho assiduamente a Fórmula 1.
A obesidade deve atingir 30% da população até 2030. A pessoa obesa, muitas vezes, é vista como alguém que “não cuidou” da própria alimentação. É isso mesmo ou a questão é mais complexa?
A obesidade é uma doença crônica e multifatorial. Acho que chega a ser cruel reduzir uma doença tão complexa à falta de cuidado ou ao simples “fechar a boca e tomar vergonha na cara”. Sabemos que a obesidade tem relação com as escolhas alimentares, mas também com outros fatores, como os níveis de estresse, intestino e sono, por exemplo.
Um debate que domina as redes sociais é a questão da autoaceitação. Muitos dizem que a obesidade não é uma doença e que as pessoas precisam “se aceitar”. O que você pensa sobre isso?
Aceitar a obesidade é diferente de se acomodar com a doença. Acredito que cada um tem a liberdade de decidir sobre o seu próprio corpo, mas aceitar a obesidade é, sobretudo, não deixar de viver por conta dela e procurar ajuda profissional o mais cedo possível.
Quais são as maiores alegrias e os maiores desafios na rotina de uma nutricionista?
Sem dúvidas, uma das maiores alegrias é fazer parte da história das pessoas, contribuindo para uma transformação que vai muito além da comida. É gratificante ver o paciente melhorar! E, dentre os desafios, está a quebra de paradigmas relacionados à alimentação, como que para emagrecer é preciso passar fome, por exemplo.