Sábado, 11 de Janeiro de 2025

D’P Pessoas: Vanessa Knorr

2024-12-19 às 15:46

por Edilson Kernicki

Apaixonada por arte popular e formada em Artes Visuais pela UEPG, a castrense Vanessa Knorr, de 36 anos, mora em Ponta Grossa há dez anos. Hoje ela trabalha com alunos do Ensino Médio no Colégio Estadual Regente Feijó, ministrando a disciplina de Arte. Legítima “millennial”, durante a pandemia começou a produzir vídeos de humor com a rotina da sala de aula como pano de fundo. Com a viralização de seu conteúdo, já alcançou mais de 427 mil seguidores no TikTok (@vaneknorr) e 136 mil no Instagram (@vanessaknorr). Na entrevista a seguir, ela fala sobre a vida de professora e de influenciadora.

Somando TikTok e Instagram, você tem mais de 500 mil seguidores. Qual é o lado bom e o lado ruim de toda essa exposição?

O lado bom é o reconhecimento pela minha profissão, é fazer uma atividade diferente e ser elogiada, é perceber que meu trabalho está influenciando a ponto de outros professores copiarem minhas atividades ou me pedirem sugestões. O lado ruim é receber “hate” [ódio]. É muito difícil aceitar que sempre haverá alguém te atacando.

Muitos professores são avessos a terem perfis abertos nas redes sociais. Como você lida com a exposição?

Exponho muito pouco da minha vida pessoal. Meus perfis são nichados, posto pouca coisa que não tenha a ver com a vida escolar.

Como seus alunos encaram o fato de terem uma professora famosa no TikTok?

Eles se divertem. Leem os comentários, respondem alguns, dão risadas dos meus haters.

Uma categoria de vídeos que repercute bastante é os das releituras de obras de arte que seus alunos fazem. Qual é a recepção desse conteúdo entre os professores que te seguem?

Muitos pedem para copiar a atividade ou até mesmo mostram os desenhos dos alunos em redes sociais também. E eu acho o máximo. Ser influenciadora é influenciar comportamentos. Se estão me copiando é porque estou no caminho certo.

Você já declarou que pede autorização dos pais para postar vídeos em que os alunos aparecem. Mesmo assim, já teve algum problema com essas postagens e precisou tirar algum conteúdo do ar?

Já tive problema por não mostrar o aluno e ele ficar chateado [risos], mas nunca o contrário. Sempre pergunto se posso mostrar a atividade, e, se for mostrar o rosto, peço autorização do responsável, mas muitos não me entregam e mesmo assim querem aparecer. Lembro de uma mãe que falou que gostava de me seguir porque via o que o filho estava fazendo na escola [risos].

Você tem talento para retratar com humor o cotidiano da sala de aula, que é um ambiente que rende muitas histórias. Já pensou em fazer stand-up?

As pessoas me falam muito sobre isso, mas o máximo que fiz até agora foi participar de um “open mic” [microfone aberto]. Peguei o microfone num barzinho e contei umas piadas por cinco minutos. As pessoas riram, acho que gostaram. Não descarto a ideia de stand-up no futuro, mas não tenho nada programado.

O que o algoritmo te entrega na aba “For You” (para você) do TikTok atualmente? Existe algum influenciador em quem você se inspire?

Gosto de ver vídeos de comédia, crianças engraçadas, divulgadores científicos, esteticistas, entre outros. Minha “For You” é bem diversa. Inclusive já estou como os adolescentes: quando quero saber de algo, vejo se não tem algum vídeo explicando no TikTok. O algoritmo de busca dele é muito inteligente. Sobre inspiração, eu me inspiro em vários tiktokers, não em um especificamente. Assisto a muitas pessoas.

Você ainda encontra tempo para lidar com as artes plásticas ou as aulas e a produção de conteúdo digital dominaram sua rotina?

Não, quase nunca tenho tempo para isso, mas está nos meus planos voltar a pintar. Desde criança eu desenho, mas parei porque aparentemente as pessoas gostam mais das minhas piadas do que dos meus desenhos e pinturas [risos]. Então escolhi me dedicar para as redes sociais e, claro, para a sala de aula também.

Há certa vilanização das redes sociais e da tecnologia no que se refere à educação. Como torná-las uma ferramenta aliada?

O celular atrapalha, mas não tem como mudar: ele vai continuar presente em nossas vidas. Procurei maneiras de me adaptar e facilitar a minha vida como professora. Descobri que os alunos gostam de mostrar os trabalhos e de saber o que as pessoas pensam, só que expondo no corredor da escola eles não têm retorno de muitas pessoas. Eu uso as redes sociais como incentivo para que façam os meus trabalhos. Exponho as atividades em vídeos, e depois eles ficam lendo os comentários. Eles até se empenham mais quando eu falo que vou expor no Instagram ou no TikTok.

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #304