Sábado, 07 de Setembro de 2024

Enfoque D’P: A vida ao redor do lago

2024-07-07 às 16:13

Quatro anos após a inauguração do Parque Lago de Olarias, o seu entorno vive um nova realidade, com aquecimento imobiliário e comercial. Antes desprestigiada pelos ponta-grossenses, a região hoje é muito atrativa para quem quer investir, comercializar ou morar

por Edilson Kernicki

Pouco mais de quatro anos desde que foi entregue à população, o primeiro lago do Parque de Olarias já ocasionou algumas transformações em seu entorno. Aguardado pela população por 23 anos – a primeira licitação ocorreu em 1997 –, o parque foi inaugurado na segunda quinzena de 2020, em plena pandemia do novo Coronavírus. Foram necessários alguns meses até que a população, aos poucos, tivesse condições de aproveitar o novo espaço de lazer, ainda mantendo distância segura e mediante o uso de máscaras.

Superadas as restrições da pandemia, o Parque Lago de Olarias se consolidou como novo cartão-postal de Ponta Grossa e acolheu uma série de eventos esportivos, culturais e de serviço à comunidade. Até mesmo o réveillon, que costumava ocorrer no Parque Ambiental Manoel Ribas, foi transferido para lá a partir da virada 2023/2024.

Valorização constante

O aumento da circulação de pessoas na região e o incremento na qualidade de vida que as atrações do Parque de Olarias proporcionam ao público atrai cada vez mais a atenção do setor imobiliário. “Todo investimento público voltado ao bem-estar do cidadão traz valorização imobiliária ao redor, e com um projeto da envergadura desse não poderia ser diferente. A valorização do entorno é constante desde que o lago se tornou realidade”, afirma Carlos Ribas Tavarnaro, diretor da Consultoria Imobiliária Tavarnaro.

“Todo investimento público voltado ao bem-estar do cidadão traz valorização imobiliária ao redor, e com o Parque Lago de Olarias não poderia ser diferente”, Carlos Ribas Tavarnaro, diretor da Consultoria Imobiliária Tavarnaro

A busca por terrenos para construir ao redor do espaço aqueceu o mercado, que tem feito investimentos não só nos terrenos que margeiam o Lago de Olarias, mas também em quadras acima. “Atualmente, o preço dos terrenos está próximo de R$ 1,5 mil/m² para os lotes mais próximos, diminuindo proporcionalmente conforme se distanciam do lago. Sem dúvida, a região, antes desprestigiada pelos ponta-grossenses, hoje é bastante atrativa”, avalia Tavarnaro.

Grande polo

A região do entorno do Lago de Olarias se tornou atrativa depois da execução do primeiro Lago, aponta o secretário municipal de Infraestrutura e Planejamento (SMIP), Luiz Henrique de Souza Honesko, para quem, anteriormente, “a área era um lugar esquecido, um pântano, que não tinha valor nenhum”. De acordo com Honesko, a região não deve se firmar como um “novo centro” da cidade, como acreditam alguns, mas, sim, como um grande polo. “Atualmente, os terrenos passaram a ganhar uma grande valorização. Hoje, Ponta Grossa conta com diversos alvarás de construções concedidos para edificações comerciais e residenciais. Dessa forma, é previsto que a região seja um grande polo de utilização das pessoas. No entanto, o centro da cidade deverá continuar onde é hoje, pois já está consolidado”, afirma.

“Temos diversos alvarás de construções concedidos para edificações comerciais e residenciais. Então é previsto que a região do Parque Lago de Olarias seja um grande polo de utilização das pessoas”. Luiz Henrique de Souza Honesko, secretário municipal de Infraestrutura e Planejamento

Imóveis comerciais e residenciais

Segundo Tavarnaro, o perfil de quem tem buscado imóveis naquela região mudou. “O público que busca imóveis nessa região atualmente tem poder aquisitivo maior, justificado pelo aumento nos preços”, explica, acrescentando que investir na região ao redor do segundo lago, ainda em construção, talvez seja interessante a médio prazo. “Lá ainda encontramos imóveis com preços ancorados no passado. No entanto, a valorização dos imóveis ao redor do ‘Lago 1’ será constante”, observa.

Já para quem planeja realizar um investimento comercial, o consultor recomenda analisar criteriosamente o projeto e o público, e buscar orientação com profissionais atuantes naquela região. “Fazer pesquisa de mercado para entender as variações de preço também é muito importante. O lago é um forte gerador de fluxo, durante todo o ano, e o setor de alimentos é o que mais se beneficia disso”, indica.

É o caso do empresário Alisson José Martins Fernandes, de 37 anos, que abriu uma franquia de açaí nos arredores do Lago de Olarias em julho de 2022, a segunda unidade em Ponta Grossa, três anos e meio depois de abrir a primeira, na rua Balduíno Taques. “Era uma área em que nós víamos potencial para nosso segmento. A cada dia, vem aumentando o público, que cresceu e é bem diversificado, com pessoas de todas as classes e idades. É um público mais ‘família’ que frequenta o local”, relata.

“A cada dia, vem aumentando o público, que cresceu e é bem diversificado, com pessoas de todas as classes e idades. É um público mais ‘família’ que frequenta o local”, Alisson José Martins Fernandes, proprietário de uma franquia de açaí na região do parque

Estacionamentos em falta

Bares, sorveterias e pizzarias que se instalaram às margens do Lago de Olarias ampliaram a circulação de veículos naquela região. No entanto, a quantidade de vagas para estacionar não acompanhou esse crescimento, gerando queixas de frequentadores e empresários. O Parque de Olarias, em si, tem áreas de estacionamento, para compensar o fato de que as ruas que o contornam são de estacionamento proibido. Mesmo assim, a quantidade é percebida pelos comerciantes como insuficiente. “Eu estive na Autarquia [Superintendência de Trânsito e Segurança Viária] pedindo que fizessem uma alteração e colocassem estacionamento 45°, pegando até parte da calçada, e eles não liberaram. É um item que hoje vem causando muito transtorno e atrapalhando os negócios em volta do lago, para todo tipo de comércio”, lamenta Fernandes.

Conforme o empresário, o Trânsito começou a multar clientes por estacionamento irregular a partir deste ano. Há uma calçada lateral no comércio, que fica numa esquina, e a clientela, segundo ele, tem sido impedida de parar os carros ali. “Não estão tolerando ninguém parar em cima da calçada, mas não há estacionamento o suficiente no parque para comportar todo mundo. Deveriam, talvez, liberar para final de semana e colocar aquelas placas de ‘proibido estacionar’ em determinados horários”, sugere.

O comerciante observa que no feriado do Dia do Trabalho (1º de maio), por exemplo, havia três veículos com agentes de trânsito multando clientes. “Todo feriado e fim de semana com sol nós temos essa dor de cabeça. E aí o cliente vai para o Lago para se divertir, para tomar um açaí com a família na nossa loja e ter um momento prazeroso, e quando sai tem um momento de desgosto. É um passeio que acaba saindo caro”, aponta.

Conforme o Município, serão ofertadas mais vagas de estacionamento com a construção do segundo lago.

Estrutura e segurança

Em relação à estrutura do parque, o empresário lamenta ainda a falta banheiros, afirmando que muitas pessoas frequentam o seu estabelecimento só para usar o banheiro, acarretando mais custos de manutenção para acolher bem a todos em um ambiente limpo e organizado. “Falta essa estrutura no parque, e agora, com o Lago 2, é uma coisa que preocupa. Se não tiver uma instalação adequada para receber as pessoas, o setor privado terá de arcar com isso”, aponta.

Outra dificuldade apontada pelo comerciante é a falta de ônibus para o entorno do lago. “Queria poder ficar aberto até mais tarde, mas não posso, porque os ônibus têm horários reduzidos à noite. No Lago, o último ônibus é 22h20. Então, eu tenho de fechar às 22h para o funcionário poder pegar o ônibus às 22h20, porque, se ele perder, o custo para ir embora é maior”, queixa-se Fernandes. “Aos finais de semana, eu queria ficar aberto até mais tarde, porque tem mais movimento”, reforça.

Segundo a Prefeitura, o Departamento de Transportes, da SMIP, monitora diariamente as demandas de passageiros na região do Lago, mas afirma que a busca por transporte coletivo atualmente é baixa. A Prefeitura estuda expandir o atendimento caso a procura cresça.
Quanto à segurança, o empresário avalia que a segurança do local varia conforme o dia da semana, com patrulhamento ostensivo aos finais de semana, em contraste com a escassez dos dias úteis, quando, segundo ele, o movimento no Parque é menor. “Já tivemos duas tentativas de assalto. Em uma, a Guarda Municipal conseguiu conter. Na outra, o cara entrou, só que o alarme disparou e ele fugiu. Mas isso mostra a fragilidade em dias de semana. É muito desértico ali”, aponta.

De acordo com a Secretaria Municipal de Cidadania e Segurança Pública (SMCSP), no Lago de Olarias está instalada uma base da Guarda Municipal, em que há guardas 24 horas por dia, sete dias por semana. Além disso, a Prefeitura conta com sistema de videomonitoramento em diversos pontos do parque.

Manutenção

Para manter o Parque de Olarias confortável e atraente, a Secretaria do Meio Ambiente (SMMA) mantém lá uma sede para que os servidores cuidem continuamente da manutenção da estrutura – pistas, bancos, quadras esportivas, gramado e o próprio lago. São realizadas limpezas periódicas de resíduos de dentro do lago, além da manutenção da grama e jardins. Resíduos com destinação correta são recolhidos diariamente.

A SMMA aloca no parque o Centro de Educação Ambiental (CEA), que atende estudantes e a comunidade com orientações educativas sobre diversos temas ambientais, além de receber e dar apoio a eventos. Comerciantes que ficam em área particular nas cercanias do parque são orientados quanto à destinação correta de resíduos. Há um contêiner para coleta de resíduos orgânicos e inservíveis e um Ponto de Entrega Voluntária (PEV), no estacionamento anexo ao CEA, para destinar recicláveis.

Foram distribuídas lixeiras e foi ampliada a quantidade de bancos por todo o parque, que também recebeu plantio de árvores. A Prefeitura mantém ainda a academia ao ar livre e os parques infantis, com a inclusão recente de novos equipamentos.

Segundo Lago

Conforme a SMIP, o Lago II vai praticamente dobrar a área útil para a utilização das pessoas que frequentam o Parque de Olarias. “Basicamente, o Lago II é bem parecido com o Lago I, pois em ambos os casos se trata de uma obra de macrodrenagem de água pluvial, sendo a praça ao entorno um acessório”, explica Honesko, titular da SMIP. “A diferença é que vai aumentar a quantidade de áreas disponíveis, contendo pista de caminhada, pista de ciclismo, áreas de lazer e convivência, quadra poliesportiva e campo de futebol society”, complementa.

Segundo lago do Parque de Olarias deve aumentar a quantidade de áreas disponíveis, contendo pista de caminhada, pista de ciclismo, áreas de lazer e convivência, quadra poliesportiva e campo de futebol society

Se o Lago I foi beneficiado por uma ótima localização, que permitiu o desenvolvimento do comércio ao redor, Honesko ressalta que as condições oferecidas no Lago II são iguais. “Dentro da estrutura do parque, no Lago I, não existe nada de estrutura comercial. Porém, há comerciantes ambulantes, devido ao público que costuma frequentar o local. O que podemos adiantar é que já existem alvarás de construções concedidas de estruturas comerciais no entorno da região, que fará do local, além de uma área de lazer, um espaço de comércio forte”, conclui.

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #301