por Edilson Kernicki
A pseudociese, mais popularmente conhecida como como “gravidez psicológica”, desencadeia alterações físicas e comportamentais em cadelas não-grávidas, como se estivessem: inchaço nas mamas; produção de leite; inchaço abdominal; uivos frequentes; falta de apetite; agressividade; depressão; comportamento maternal, como a construção de ninho, como se fosse dar cria; carinho excessivo com o “filhote” e possessividade com o ninho.
“O carro-chefe dessas alterações é hormonal, geralmente causada por um distúrbio dos hormônios reprodutivos, que pode ser de um cisto ovariano ou até uma neoplasia [tumor] nesse mesmo tecido. Alguns tumores de útero podem também produzir hormônios que simulam os hormônios gestacionais, gerando todo o quadro clínico de uma gravidez psicológica”, explica a veterinária Isabelle Mineli, da Clínica Ponto Vet.
Essa condição costuma afetar fêmeas mais velhas, mas pode ocorrer também entre as mais jovens, de um a quatro anos de idade. “O mais comum é encontrarmos entre fêmeas que nunca foram mães e têm o cio silencioso, quando não ocorre sangramento”, acrescenta.
Alguns sinais da gravidez psicológica são mais discretos, como a cachorrinha montar um ninho em um local isolado, com cobertas, onde ela acomoda um bichinho de pelúcia ou brinquedo, que ela fica lambendo constantemente, e ficar ansiosa ao ser afastada desse objeto adotado. “Outros sinais são mais claros, como a produção de leite, agressividade com outras fêmeas e rejeição à proximidade de machos”, detalha.
Tratamento
O tratamento pode ser feito por via hormonal ou com a castração do animal. “Tratamentos hormonais são utilizados em algumas fêmeas que têm objetivo reprodutivo, como matrizes de canis ou famílias que querem que a fêmea engravide pelo menos uma vez, mas são tratamentos pouco eficazes, que aumentam a probabilidade de desenvolvimento de uma neoplasia e até de infecção uterina”, adverte Isabelle. O tratamento definitivo ocorre mediante a castração, com retirada total do tecido ovariano e uterino.
Riscos
A veterinária enfatiza que não existe uma “fórmula mágica” para evitar essa alteração. A única solução é descobrir onde está o “erro” na cascata hormonal e corrigi-lo com o procedimento de castração. “Como todo distúrbio hormonal, precisa de atenção especial. Pode gerar um risco altíssimo de infecção e hemorragia uterina, neoplasias mamárias e, em casos mais graves, uma infecção de todo o abdômen quando um cisto ovariano – se houver – se rompe e inflama. Todos os quadros apresentam um risco vital muito importante”, alerta.
Depois da castração, quadros clínicos evidentes com lactação já não ocorrem mais. “O que pode ocorrer é o fator comportamental: uma fêmea que passou por muitos quadros de gravidez psicológica, ou um quadro só que durou muito tempo, pode manter o hábito de adotar um brinquedo e cuidar dele. Mas, nesse caso, não envolve mais um risco vital”, conclui.