Quarta-feira, 05 de Março de 2025

Mente & Corpo D’P: A dor amenizada pela fé

2024-05-17 às 10:06
Foto: Reprodução

A importância da religião nos ritos fúnebres e na vivência do luto é antiga – tão antiga que já tem cerca de 100 mil anos. Na visão de especialistas, a espiritualidade traz conforto, paz e sentido tanto para quem vai quanto para quem fica

por Michelle de Geus

As primeiras evidências de uma cerimônia fúnebre religiosa entre os seres humanos modernos remontam a um sítio arqueológico em Israel. Ossos do que se acredita serem uma mãe e uma criança, que viveram há cerca de 100 mil anos, foram pintados com ocre vermelho e cuidadosamente enterrados. Os indícios sugerem que, nesse período, já havia uma preocupação com o simbolismo do ritual e até a crença na vida após a morte. De lá para cá, os ritos fúnebres foram se associando cada vez mais às crenças religiosas, que desempenham, entre outros, o papel de ajudar os indivíduos a fazerem a sua “passagem” e de trazer conforto para aqueles que enfrentam o luto.

Na visão da psicóloga Aryane Wosniak, que atende em Ponta Grossa, os rituais de despedida são carregados de significado e marcam o encerramento de uma etapa natural da vida. “Independente das diferenças culturais e religiosas que existem no mundo, em todos os lugares os ritos finais possuem uma função social e emocional muito forte. Eles contribuem para a elaboração do luto, pois proporcionam um momento de partilha da dor, mas também das lembranças e da despedida do ser querido”, destaca.

“Os ritos fúnebres contribuem para a elaboração do luto, pois proporcionam um momento de partilha da dor e também das lembranças e da despedida do ser querido”, Aryane Wosniak, psicóloga

A psicóloga acrescenta que a espiritualidade pode trazer conforto para familiares e amigos, e destaca que as pesquisas indicam que aqueles ligados a alguma religião superam e vivenciam melhor o processo do luto do que aqueles que não professam nenhuma religião. “Isso acontece porque acreditar em um Deus que lhe ampara em momentos de dor, sofrimento e desesperança pode lhe ajudar a ter uma atitude mais amorosa consigo mesmo, a confiar que há uma saída para essa angústia e a ter paciência com o tempo que é necessário para viver o luto e sair dele mais fortalecido”, detalha.

Otimismo e esperança

Empresa especializada em planos assistenciais e serviços funerários, a Princesa Assistência vive essa realidade todos os dias. Prezando pela humanização das relações e pelo respeito fé daqueles que partem, a empresa acredita que a religião ajuda a vivenciar e compreender o luto de forma menos traumática. “Ter fé em Deus ajuda a passar por esse momento complicado, porque as pessoas buscam ali um otimismo ou uma esperança, confiando que haverá uma saída para a dor e a angústia que estão sentindo”, aponta Anderson Murilo Rodrigues, diretor da empresa. “As orações ajudam a curar as feridas, e o apoio de padres, pastores, catequistas e outros pares espirituais fazem com que a pessoa não se sinta sozinha nesses momentos de dor e tristeza”, reforça.

“Ter fé em Deus ajuda a enfrentar o luto, porque as pessoas buscam ali um otimismo ou uma esperança, confiando que haverá uma saída para a dor e a angústia”, Anderson Murilo Rodrigues, diretor da Princesa Assistência

Rodrigues destaca que, levando isso em conta, uma das maiores preocupações da empresa é respeitar a cultura e a religião da família. “A religiosidade, na maioria das vezes, acompanha a pessoa desde o seu nascimento. Então, aquilo que ela praticava em vida é importante também no momento da partida, principalmente para que a família se sinta um pouco mais tranquila”, observa. “Outras vezes a própria pessoa que partiu pode ter deixado em vida, para algum familiar ou amigo, quais seriam os seus desejos, e isso precisa ser respeitado”, comenta.

Total liberdade

O empresário explica que uma das políticas da Princesa Assistência é fazer uma entrevista com os familiares para entender quais são as suas vontades. “Um dos temas que nós abordamos é a religião, e as famílias têm total liberdade para trazerem o seu credo para as cerimônias de despedida. Tanto é que os aparatos usados no velório e no sepultamento são designados conforme a religião da família”, detalha. “Além disso, nós deixamos totalmente aberto para que a família possa trazer pastores, padres, pais de santo ou outros líderes religiosos para fazerem uma oração ou despedida nos momentos finais”, relata, acrescentando que um profissional da empresa acompanha a família naquele momento e a auxilia em todas as necessidades.

Transformar o luto em saudade

Para aqueles que estão vivenciando o luto, Aryane lembra que sentimentos como tristeza, raiva, culpa e insegurança são esperados. “Procure acolher essas emoções sem julgar-se a si mesmo ou evitá-las, pois o luto precisa de um período para ser vivido, é nele que a dor da perda poderá se transformar em saudade e boas lembranças”, explica, ressaltando que é preciso estar atento à saúde e ao autocuidado, pois os impactos da perda podem alterar o sono e a alimentação, e até a saúde mental. “Movimente-se, pois um corpo em movimento libera endorfina, o principal hormônio responsável pelo bem-estar, alegria e satisfação”, sugere.

Apesar do desejo de ficar sozinho, a psicóloga indica que é importante manter contato com pessoas com as quais você se sente acolhido, amado e confortável para conversar. “Não hesite em buscar ajuda. Você não precisa passar por isso sozinho, principalmente se perceber que o seu sofrimento está muito intenso e prolongado, ou mesmo impedindo de seguir com s suas atividades cotidianas”, orienta, sublinhando que as memórias, os valores e o legado deixado por quem partiu pode ajudar a reconstruir, pouco a pouco, o sentido da vida, agora com aquela pessoa querida dentro de si.

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #300