Sábado, 07 de Setembro de 2024

Mente & Corpo D’P: Luto – No tempo de cada um

2024-07-07 às 14:12
Foto: Reprodução

Enquanto alguns conseguem superar o luto com relativa facilidade e rapidez, outros levam uma eternidade – e às vezes nem assim conseguem. Quais são os fatores que influenciam a superação do luto e qual é a melhor forma de viver esse processo?

por Michelle de Geus

Aprender a viver com a ausência de uma pessoa amada é um processo difícil e doloroso. Para alguns, o luto é apenas uma fase. Para outros, uma eternidade. O tempo que cada um leva para elaborar a dor da perda, reajustar a rotina e transformar a saudade em boas lembranças varia muito, e algumas pessoas conseguem superar o luto mais rápido do que outras. Mas por que isso acontece?

De acordo com a psicóloga clínica Édina Aparecida da Silva, que atende em Ponta Grossa e se dedica ao tema, a forma como ocorre a morte, a idade, a proximidade, as experiências com a pessoa se foi e a forma como cada um enxerga a finitude da vida são alguns dos fatores que influenciam no tempo que uma pessoa leva para superar o luto. “Esse período pode variar de seis meses a um ano. A partir disso, é considerado um luto crônico, difícil e mal elaborado, que acaba virando uma patologia”, explica.

“É preciso viver o luto para não ficar de luto para o resto da vida” (Édina Aparecida da Silva, psicóloga especializada em luto) – Foto: Divulgação

A psicóloga observa que o luto prolongado pode ter consequências significativas para a saúde física e mental. “Existem casos em que o enlutado começa ter pensamentos negativos sobre a vida e crises de pânico ao passar na frente de hospitais. Outros desenvolvem doenças psicossomáticas e fobias sociais, acompanhadas de um profundo medo da morte e ansiedade generalizada”, enumera, ressaltando que esse estado pode levar ao isolamento social, ao impedimento de realizações de projetos e à originação de danos em diversas esferas da vida.

Atravessando o luto

Embora não existam fórmulas prontas, Édina comenta que algumas abordagens podem ajudar a pessoa a atravessar o processo de luto de maneira mais rápida e eficaz. “É preciso viver o luto para não ficar de luto para o resto da vida. Quando amigos e familiares impedem que a pessoa viva esse momento de sofrimento, quando impedem que ela chore e fale sobre a pessoa que se foi, ou quando escondem objetos e fotos com o objetivo de evitar sofrimento, na verdade, estão apenas prolongando o luto”, alerta.

Para a psicóloga, é fundamental respeitar o seu próprio tempo e buscar o apoio necessário durante a fase do luto. “Além disso, agarrar-se aos bons momentos vividos juntos, relembrar o que a pessoa fez em vida e o seu legado e buscar reproduzir aquilo que faziam juntos são estratégias que auxiliam no processo”, indica.

Família e religião são fundamentais

Para o diretor da Princesa Assistência, especializada em planos assistenciais e serviços funerários, Anderson Murilo Rodrigues, a experiência mostra que “as pessoas que têm família próxima e que têm religião conseguem encarar o luto de forma mais rápida”. Segundo pode observar no dia a dia da empresa, Rodrigues comenta que o tempo de luto varia muito, e a forma como a pessoa enxerga a vida influencia bastante no processo. “O mais importante é respeitar o sentimento do próximo, porque cada um tem a sua maneira de encarar a dor e passar pelo processo do luto. Algumas pessoas preferem se dedicar ao trabalho ou fazer uma viagem para mudar a rotina, enquanto outras só querem chorar e deixar sair todo aquele sentimento ruim”, exemplifica.

“O mais importante é respeitar o sentimento do próximo, porque cada um tem a sua maneira de encarar a dor e passar pelo processo do luto” (Anderson Murilo Rodrigues, diretor da Princesa Assistência) – Foto: Divulgação

Importante aliado

Rodrigues ressalta que o atendimento humanizado, com treinamento constante, é um importante aliado na superação das pessoas enlutadas. “O segredo é ter empatia e se colocar no lugar do outro, sabendo que aquela pessoa está enfrentando um processo de luto. Nós, da Princesa Assistência, buscamos um atendimento rápido, prático e eficaz, para que a pessoa resolva tudo rapidamente”, aponta. “Tanto que muitas famílias entram em contato conosco elogiando os nossos colaboradores, porque identificam que a nossa equipe teve um papel importante naquele momento difícil”, complementa.

A humanização no atendimento também pode ser percebida no cerimonial, que atualmente é oferecido com exclusividade pela Princesa Assistência. “Essa cerimônia, por mais que seja um momento difícil, é uma etapa importante para que a pessoa possa internalizar a ausência de quem se foi”, aponta. O cerimonial inclui um orador que conta a história da pessoa que partiu, uma violinista e uma chuva de pétalas, além dos cerimonialistas, que oferecem todo o apoio e acolhimento para a família. “Quem estava chorando começa de repente a sorrir lembrando dos bons momentos e de histórias que viveu com aquela pessoa querida. Isso deixa um sentimento de acolhimento, e as famílias acabam adorando a cerimônia”, relata.

Busque ajuda profissional

Para Rodrigues, a empatia, o acolhimento e o respeito são primordiais para passar pelo período de luto de maneira menos traumática. “É muito difícil lidar com perdas, e a morte é muito impactante e dolorosa para qualquer pessoa. Mesmo quando estamos preparados e a nossa vida está regular, ela causa um desequilíbrio emocional”, observa, destacando que, quando a pessoa não consegue superar a perda, é importante que procure ajuda profissional para conseguir lidar melhor com os próprios sentimentos e com o luto.

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #301