Domingo, 05 de Maio de 2024

Revista D’Ponta: Especial Gestores – Marcio Pauliki

2023-04-17 às 10:27

MARCIO PAULIKI

Novo CEO do Grupo MM

De office boy a CEO, Marcio Pauliki cresceu junto com a empresa fundada pelo pai, Jeroslau Pauliki, em 1978. Na época, ele tinha apenas seis anos e desejava ser motorista de caminhão. Alcançou o topo da hierarquia empresarial aos 50 anos, após 15 anos na cadeira da superintendência e da vice-presidência comercial do grupo, que completa 45 anos de fundação. Administrador formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Pauliki se especializou em Marketing em Londres (Inglaterra); em Administração pela Berkeley (EUA); e em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele foi um dos responsáveis pela implementação do primeiro planejamento estratégico da rede varejista, nos anos 2000, quando teve início a expansão das filiais e a empresa passou a investir em outros segmentos, além do mobiliário e do eletro.

 

Qual será a prioridade da nova gestão?

A prioridade é crescer sem perder as nossas raízes. Planejamos implementar estratégias inovadoras e aproveitar as oportunidades para que, quando a MM chegar a cinco décadas de história, em 2028, esteja consolidada entre os dez maiores canais de venda do país e consiga triplicar o seu faturamento. Afinal de contas, mesmo buscando um faturamento expressivo, o nosso foco sempre será a geração de caixa e a rentabilização do negócio. Isso é fundamental para a perpetuidade de qualquer empresa.

Outra questão importantíssima é que a nossa empresa tem toda uma função social de arrecadação de impostos e geração de emprego; então nós sabemos que podemos estender ainda mais a nossa responsabilidade social. Nós entendemos que uma empresa jamais terá sucesso em uma sociedade de insucessos. Por isso temos um trabalho muito forte junto à sociedade. Entendemos que um dos legados da nossa empresa é esse: contribuir com um mundo melhor para as pessoas que vivem na nossa comunidade.

A nossa empresa não se restringe apenas à questão comercial, mas faz um trabalho social muito forte baseado nos pilares de ESG (Environmental, Social and Governance), com a capacitação dos jovens através do Instituto Mundo Melhor; iniciativas em prol do meio ambiente, como o investimento em energia solar para abastecimento das lojas; e também com a doação de ração para ONGs e outros trabalhos em prol do bem-estar animal. Enfim, nós sabemos que um dos legados da empresa é tornar a nossa comunidade mais bem sucedida em todos os aspectos.

 

Qual é o principal desafio que o cargo apresenta?

O CEO é o responsável por liderar uma organização e tomar decisões importantes para garantir o sucesso de médio e longo prazo. Para tomar essas decisões estratégicas, a principal característica do CEO é estar antenado nas tendências de mercado e entender o jogo do varejo. Isso não vem apenas da informação que você busca, mas da experiência adquirida no mercado, afinal de contas, o varejo está numa revolução silenciosa e numa transformação radical muito grande.

E uma empresa do varejo, como a MM, muitas vezes é reconhecida pelo número de lojas físicas que possui, mas hoje isso é apenas um detalhe. O desafio atual é a multicanalidade, também conhecida como o “omnichannel”, que veio para ficar. Então essa adaptação, esse novo mercado, sem perder o foco no interior, mas com a capacidade de poder atuar nos grandes centros, talvez seja o nosso grande desafio. O nosso segredo é avançar fronteiras, sem esquecer as nossas raízes.

 

Que legado pretende construir no exercício da função?

O nosso maior objetivo é estar entre os dez maiores canais de venda do Brasil, mas sem perder três grandes características que fazem ser o que somos. A primeira é a simplicidade – na forma de conduzir a empresa, na forma de nos relacionar com todos, não só apenas com o mercado, mas também entre nós e os colaboradores. A segunda é não perder o ritmo do nosso planejamento estratégico muito bem executado, que hoje é referência no mercado. E a terceira é aumentar o sentimento de pertencimento dos nossos colaboradores, que têm o direito de saber de onde viemos, onde estamos e para onde vamos.

 

O Grupo MM consolidou uma marca que torna praticamente impossível dissociar a pessoa física da pessoa jurídica. Numa sucessão vista como natural, qual é o peso da responsabilidade de assumir o cargo mais alto da empresa?

Essa função é natural justamente porque quando eu estava na função de vice-presidente, junto com os demais diretores, conseguimos atingir as nossas metas dos últimos quatro anos, principalmente em relação à pandemia. Na pandemia, os dois anos, quase três anos, fizeram com que as empresas tivessem que ter uma velocidade de adaptação muito rápida e essa velocidade de adaptação foi feita na MM; por isso conseguimos concluir os nossos objetivos econômicos e sociais também. Mas o que aumenta a responsabilidade desse cargo é o fato de que agora, mediante os resultados apresentados, temos um desafio ainda maior para os próximos seis anos, que são extremamente desafiadores, pelo que temos visto desse novo varejo mundial. Mas, ao mesmo tempo que são desafiadores, são motivadores, justamente pelo fato de que, se todos nós aqui seguirmos o nosso planejamento, trabalhando com as diretrizes de simplicidade, promovendo as conquistas para as pessoas, sejam elas internas e externas, temos certeza de que vamos alcançar esse objetivo e essa responsabilidade depositada será retribuída com muitos resultados interessantes para a empresa.

 

Dentro do objetivo de entrar para o grupo dos 10 maiores varejistas do Brasil, há planos de expandir a presença física da marca para outras regiões ou vai se restringir ao comércio on-line? Como garantir que o público consumidor crie uma identificação tão forte com a empresa quanto o ponta-grossense possui?

Pretendemos, sim, expandir as nossas lojas físicas. Temos a pretensão de, até 2028, inaugurar mais 100 lojas; então são, em média, de dez a 15 novas lojas por ano, principalmente em cidades do interior. Queremos avançar fronteiras em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, em algumas cidades que nos faltam no Paraná e também, se tudo correr bem, no interior de São Paulo. O on-line continuará muito forte, com os nossos novos canais, com o “marketplace” e o atacado. Para que possamos ser bem representativos e ter a mesma força das lojas físicas nesse “omnichannel”, nós vamos precisar de inovação e tecnologia, mas também da cultura de aproximação e de pertencimento dos nossos colaboradores e também das comunidades onde nós vivemos. Então, nós temos, sim, um trabalho para que, não apenas nas lojas físicas, mas nas comunidades onde vamos atuar de forma on-line, também possamos estar lá presentes – não apenas comercialmente, mas socialmente, participando dos eventos da comunidade e dentro daquele legado que eu comentei antes, com a questão da responsabilidade social. Hoje, para se ter uma ideia, já fazemos isso, com o nosso trabalho do Instituto Mundo Melhor, em 17 estados onde atuamos on-line. Esse é o sentimento de proximidade que queremos ter, para avançar em todo o país, sendo uma empresa tão querida Brasil afora quanto na região onde já atuamos.

 

A perspectiva de triplicar o faturamento em apenas cinco anos é uma meta ousada e ambiciosa, um desejo otimista ou reflexo realista de uma gestão bem articulada?

Com certeza, triplicar o faturamento no momento que estamos vivendo na economia é uma meta extremamente ambiciosa, mas ela é factível pelo fato de que nós sabemos o potencial que temos, sabemos por conta do fato de algumas redes nacionais estarem passando por dificuldades, inclusive havendo uma migração dos clientes para as empresas regionais – não só dos clientes, mas também de fornecedores, que não querem ficar com toda a sua produção concentrada em apenas duas ou três grandes redes de varejo nacional. Eles querem concentrar em mais redes regionais. Então, nós estamos sentindo uma valorização maior dos fornecedores e uma procura maior dos nossos clientes. Isso fará com que possamos triplicar os nossos resultados e, mais do que o faturamento, termos resultados, com uma geração de caixa melhor, que é o que realmente interessa para o Grupo MM.

 

conteúdo publicado originalmente na edição #295 da Revista D’Ponta